AINDA SOBRE OS 350 ANOS DE SANTARÉM
Neste dias, estamos encerrando os festejos pelos trezentos e cinqüenta anos de Santarém. Foram dias com muitas festas, muitos gastos, muitos convivas vieram para cá, muitos para serem homenageados (alguns deles sem merecimento) e aqui se regalaram, em almoços, jantares, merendas e lanches, docinhos e canapés.
Os hotéis devem ter adorado, pela “alta temporada” fora de época. Ou, então, estão amargando o “pendura”, dos valores empenhados para receberem daqui a seis meses, após muitas caminhadas para setor de pagamento dessas despesas. Não só do Município como os que vão pagar as despesas da corte do Governador.
Este trouxe uma comitiva de governo que tinha mais gente que a corte de D. João VI, quando em fuga, com medo de Napoleão Bonaparte, fez com que a Família Real aportasse no Brasil em 1808, vindo, mais tarde, provocar a nossa Independência em 1822.
O Governador fez o seu papel, como disse aqui n’O IMPACTO na semana passada. Veio “Calar a boca” de muita gente para desmobilizar o movimento pelo plebiscito para a criação do Estado do Tapajós. Nos três dias que governou daqui foi muito bonachão. Não criou dificuldade para nada. Visitou obras, no papel, paralisada, mandou movimentar tudo, ampliar projetos, inclusive da quadra esportiva ao lado do “Colosso do Tapajós”, (espero que desaproprie as casas que estão no terreno original do estádio, inclusive, a oficina mecânica, e conjunto residencial, de proprietário de um dos membros do atual governo municipal).
Autorizou início de outras obras, as mais diversas, em todos os lugares do Oeste do Pará. Atendeu, prefeitos, vereadores, associação de bairros, cabo eleitoral e demais “puxas”. Também pudera, afinal, o plebiscito é uma eleição em todo o Estado. Então, ele está em campanha. (Campanha de esclarecimento, disse) já é véspera de campanha.
Discreto e sutilmente o Governador fez o seu papel para querer, e, talvez, tenha conseguido “dobrar” os eleitores daqui. É o que dá para entender, pois até as nomeações, para os últimos escalões, ninguém mais reclamou. Cuidado! A sorte está lançada!
Mas um dos pontos, durante os festejos, que me chamou bastante a atenção foi que nas diversas, cerimônias culturais, religiosa e das “medalhagens” entoaram, entusiamasticamente, as belas, saudosas e tradicionais canções santarenas, falando das belezas naturais, da nossa Terra. Estas belezas que, atualmente, só existem na plástica da poesia dos compositores, pois esse pessoal que programou o evento, em grande parte, é responsável pelo descaso, pelo abandono ou destruição, por exemplo: da Vera Paz ( só não destruíram ainda o seu luar, nem o ponteio de um violão), da Maria José, Rocha Negra, Cambuquira, a Praia de São Marcos – já não é tão branquinha (só estaleiros) nem se tem mais a candura da Prainha.
O Mapiri, com as obras do PAC paralisadas, no final da Borges Leal, um crime ambiental. Assim como a obra do Uruará com o aterramento do rio e do óleo combustível jogado ali. Silêncio! Silêncio de morte de peixes, pássaros e vegetações e, principalmente, das autoridades ambientais. Parece até que estas são contra o meio ambiente! É que dá para entender, pelo que se vê, a vista “d’olho”, na imundície acumulada resto da paralisada construção do tal Parque da Vera Paz (até a placa está caindo). Só sujeira e o esgoto jogando os coliformes fecais para o rio Tapajós, em mais um crime ambiental silencioso e silenciado pelas mesmas autoridades ambientais.
E o irurá? Este o mais romântico dos nossos igarapés da zona urbana de Santarém virou personagem das páginas policiais, quase que diariamente. A sua ponte, só até às cinco da tarde. Depois cobra-se pedágio para atravessar e ir para a “Toca da Raposa” (antigo igarapé do seu Calixtro Paixão, tio do nosso cantor Beto Paixão). A praia do Maracanã com lixo de “bubuia”, acenando e dando as “boas vindas” aos visitantes. A de Alter do Chão com os esgotos diretos para as águas do Lago Verde. O Salé e Maracangalha, à noite é um “breu”, escuridão que os estudantes da faculdade ali dos arredores pedem, em manifestos, a iluminação.
Ao invés de muito circo e show mal pagos (mas só aos artistas da terra), o povo santareno, tenho certeza, que gostaria mais que a sua cidade recebesse um tratamento diferenciado a toda ela, não só para a orla, para se ter orgulho de estarmos num Município de tal porte e tanta beleza. Pois não efetuaram nem as obturações das ruas, alguns poucos como os da Muiraquitã e Moaçara, só!
Mas, como os cofres do tesouro municipal estão cheios, a Prefeitura de Santarém vai bancar mais uma Festa da Tradição Nordestina, no novo município de Mojuí dos Campos. Nada contra a colônia nordestina ali instalada, nem contra o evento. Mas veja só, é uma incongruência, pois durante o ano inteiro se requer atendimento para lá como: iluminação pública, limpeza de cemitério, conserto de ponte, limpeza de ramal, melhoria no posto de saúde, recuperação de ambulância quebrada. A Prefeitura do município mãe, que é Santarém, não pode atender.
Mas, para o evento vai ter dinheiro para pagar, artistas e bandas de fora. Vejam só! Só há uma justificativa. É a de que haverá no próximo ano, a eleição para eleger o primeiro Prefeito para lá, então, já vale a pena investir, já estão em campanha eleitoral, assim sendo está explicado! E para encerrar PERGUNTAR NÃO OFENDE: A CPI do PAC, morreu no nascedouro?
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E PARA FESTEJAR O 47º ANIVERSÁRIO DA RÁDIO RURAL, HOJE TEM BAILE DE SAUDADE NO FLUMINENSE, COM A BANDA RAÍZES DA TERRA E MEMBROS DO PROGRAMA “NOSSA SERENATA”, A PARTIR DAS 23 HORAS.
Por: Eduardo Fonseca