Gêmeas de família rica em Manaus ‘furam fila’ de vacina e geram polêmica nas redes sociais
Em Manaus, foi aberta uma investigação para apurar suspeita de desvio de vacinas, após fotos circularem na internet mostrando duas irmãs, da família que comanda uma das maiores universidades privadas da cidade, comemorando o fato de terem sido vacinadas.
As duas são médicas, mas foram nomeadas em cargos comissionados na Prefeitura de Manaus na véspera e no dia do início da vacinação na cidade.
As médicas são Isabelle Kirk Maddy Lins e Gabrielle Kirk Maddy Lins. As duas são filhas de Andrea Kirk Maddy Lima, que é casada com Nilton da Costa Lins Júnior, presidente da mantenedora da Universidade Nilton Lins, uma das maiores de Manaus.
Na terça-feira (19), no dia em que começou a vacinação em Manaus, as duas fizeram postagens no Instagram mostrando o momento em que foram vacinadas. As doses seriam destinadas apenas para profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à Covid-19.
Nas redes sociais, as imagens geraram revolta e questionamentos em relação à suspeita de que as duas poderiam ter “furado a fila” da vacinação. A população de Manaus pediu apuração do caso e transparência no processo de vacinação prioritária.
Em seu perfil uma das médicas, Isabelle Lins se pronunciou: “Eu não posso responder pela ordem que foi dada as vacinas (eu sou profissional da saúde e tive meu direito) agora a ordem que foi dada entre os profissionais EU NÃO POSSO RESPONDER POR ISSO! Então falem qualquer coisa, menos que eu furei a fila por ser “herdeira” e não tirem meu mérito.”
Após toda essa polêmica, a prefeitura de Manaus assinou nesta quarta-feira (20) que vai assinar uma portaria para proibir a divulgação de fotos e vídeos por parte de servidores da saúde que estão recebendo as doses da vacina CoronaVac.
O prefeito David Almeida tentou se explicar dizendo que as profissionais se encaixavam no perfil e para evitar novas polêmicas declarou: “Nós estamos vendo os servidores postando que foram vacinados. A secretaria está neste momento com uma portaria proibindo a divulgação em rede social, (da vacinação) dentro das unidades. Você que se vacinou fique com você, não precisa compartilhar em redes sociais, essa é a orientação”.
A população se manifestou nas redes sociais sobre a atitude do prefeito.
Em ao menos quatro estados foram registradas denúncias, sob investigação dos Ministérios Públicos locais, de pessoas que não pertencem ao grupo prioritário da vacinação e que, mesmo assim, receberam a dose.
Uma delas, também investigada pelo MP, ocorreu na cidade de Itabi (SE). O prefeito Júnior de Amynthas (DEM) recebeu a vacina sendo que tem 46 anos, não fazendo parte do grupo prioritário, que inclui, neste caso, somente idosos. Como justificativa, ele afirmou que o objetivo era “incentivar a população”.
O mesmo fez Reginaldo Martins Prado (PSD), prefeito de Candiba, no sudoeste da Bahia. Aos 60 anos, ele não faz parte do grupo prioritário para receber a dose. A imagem dele sendo vacinado foi divulgada por um perfil oficial da prefeitura nas redes sociais. Em nota, o MP baiano informou que “tomará as medidas cabíveis para apuração do mesmo, que, a princípio, pode se configurar como crime de prevaricação e ato de improbidade administrativa”.
Já na cidade de Jupi (PE), foram vacinados indevidamente, segundo o jornal Folha de S. Paulo, a secretária de Saúde do município, Maria Nadir Ferro, e um fotógrafo da prefeitura. A gestão municipal informou que afastou a titular da pasta e o MP também investiga.
Fonte: O Liberal