Artigo – O mundo corre risco de falta de papel higiênico: crise mundial de escassez de container ameaça o mercado global
Por Oswaldo Bezerra
Do mesmo jeito que o coronavírus é global e afeta o mundo todo assim é a logística comercial. Na Europa, um dos produtos que primeiro desapareceu das prateleiras dos supermercados foi o papel higiênico. Nas redes sociais se podiam ver imagens de muita gente enchendo o carrinho com muito papel higiênico.
A Europa não foi o único lugar onde isso aconteceu. Em Hong Kong, nos Estados Unidos, em Cingapura e na Austrália o produto também escasseou. A procura também é grande nos supermercados brasileiros.
Durante toda a pandemia a imensa procura foi devida ao fator psicológico, pois os produtos higiênicos dão uma sensação de segurança. Muita procura acabou esvaziando os estoques. Agora o problema é outro e bem maior.
A escassez global de contêineres marítimos pode começar a criar problemas de abastecimento da matéria-prima para a produção de papel higiênico, alertou um fabricante brasileiro. A maior produtora de celulose que serve de matéria-prima para papel higiênico, a Suzano S/A, de São Paulo, observou que a falta de contêineres ameaça atrasar o embarque de seu produto.
A empresa corre o risco de exportar menos do que esperava em março e ser forçada a adiar alguns embarques para abril. Todos os agentes sul-americanos que exportam a granel também enfrentam este risco.
O Brasil é o principal fornecedor mundial de celulose de papel e a Suzano responde por cerca de um terço do fornecimento mundial de celulose de fibra curta, usada para produzir papel higiênico.
A crise dos contêineres, que já dura vários meses, foi desencadeada por uma grande demanda da China. O tráfego portuário estagnou, os custos do frete aumentaram e as entregas diminuíram.
As interrupções no mercado de frete estão causando estragos no comércio mundial, especialmente em alimentos e produtos agrícolas. O alerta da Suzano é um dos primeiros grandes sinais de contágio para outros mercados que dependem da logística de navegação. Com os custos de frete subindo, também haverá uma grande pressão de aceleração inflacionária.
RG 15 / O Impacto