Há risco de escassez de diesel em junho, dizem representantes do setor
O diesel atingiu o maior valor da série histórica iniciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2004. Na segunda-feira (23/5), o governo anunciou nova troca na presidência da Petrobras – 38 dias depois da última.
Um dos motivos para a mudança na direção da estatal é a recusa de segurar o preço do combustível, que chegou a R$ 6,943 entre 15 e 21 de maio. No último dia 10, o óleo diesel teve aumento de 8,87%. Mesmo assim, ainda há reajustes represados, com o valor do produto distante do registrado no mercado externo.
Representantes do setor preveem que haverá desabastecimento caso não haja sinais de que o preço de mercado será mantido. A crise, inclusive, aconteceria durante o momento de maior exportação de grãos, entre junho e julho, o que poderia agravar a dimensão dos problemas que se avizinham.
César Bergo, coordenador da Pós-Graduação em Mercado Financeiro e Capitais da Faculdade Mackenzie Brasília (FPMB) e presidente do Conselho Regional de Economia da 11ª Região, explica que há duas razões para a possibilidade de escassez. A primeira é o aumento no consumo pós-pandemia, que teve como consequência maior demanda pelo combustível.
Ao mesmo tempo, no entanto, houve alta significativa no preço de combustíveis em escala internacional em função da Guerra na Ucrânia. No Brasil, esse valor pesa, uma vez que 30% do diesel é importado.
“A questão da Petrobras atuar na extração, no refino e na distribuição de combustível no país faz com que ela adote uma política de paridade de preços. Então, o preço internacional sobe e esse preço vai para o mercado interno”, explica Bergo. “A Petrobras está sofrendo uma pressão muito grande para não fazer esses reajustes. Mas, não fazendo, ela não vai conseguir pagar aos importadores o preço exato ou o preço justo do combustível importado.”
Fonte: Metrópoles