Farmácia da Ufopa vai iniciar produção de fitoterápicos como opção terapêutica para a saúde mental

O Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com a Cáritas da Arquidiocese de Santarém e a Congregação das Irmãs Franciscanas de Maristella, deve iniciar em agosto a produção de medicamentos fitoterápicos na Farmácia Universitária (FarmaUfopa). Em julho deste ano, a FarmaUfopa obteve a licença sanitária municipal necessária para a manipulação de medicamentos, reconhecida dentro do modelo de Farmácia Viva, previsto pela Resolução RDC nº. 18, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Por meio de um acordo de cooperação com a Arquidiocese de Santarém, foram destinados 15.000 euros advindos da Missionszentrale der Fransizkaner – em Bonn, Alemanha, para a execução do projeto, que deve durar até 2023. A motivação surgiu ao se observarem os impactos na saúde mental durante a pandemia de covid-19 nas comunidades de Santarém em situação de vulnerabilidade social que são atendidas pela Arquidiocese.

A ação integra um projeto de produção de fitoterápicos derivados de uma espécie de maracujá (Passiflora spp) para o tratamento de ansiedade e insônia leve junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). A escolha da planta se deve ao fato de já existirem estudos científicos que comprovam o uso para alívio desses sintomas.

Como possível alternativa ao uso de medicamentos psicotrópicos, e ainda considerando o uso indiscriminado de plantas medicinais no momento da pandemia, os pesquisadores do Isco buscaram viabilizar a produção de fitomedicamentos a partir do maracujá, que também é mais acessível e possui menos efeitos colaterais que os medicamentos convencionais. A alternativa pode ser usada, dependendo do estágio do paciente, como tratamento de primeira escolha, antes do uso desses psicoativos.

Na primeira etapa, a meta é produzir mil frascos, com 60 cápsulas cada, a partir do extrato seco da Passiflora, que já foi adquirida. Para dar continuidade e sustentabilidade à produção, a ideia é utilizar a planta cultivada em comunidades ribeirinhas de Santarém, que deve ser colhida a partir de dezembro deste ano. Na FarmaUfopa a planta medicinal irá se transformar em droga vegetal para a devida manipulação, transformação em fitoterápico e dispensação ao paciente.

Cultivo – Quase 1 hectare de mudas já foi plantado nas comunidades de Surucuá e Parauá, localizadas na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, totalizando até o momento 1.350 mudas que devem atender ao projeto. Por meio de parcerias com a Cooperativa Agroextrativista de Surucuá e com a Escola Frei Marcos, localizada na comunidade de Parauá, o cultivo deve atender à FarmaUfopa, que receberá as folhas para serem utilizadas nos fitomedicamentos; aos agricultores, que poderão comercializar os frutos; e à escola, como auxílio à merenda escolar. Essa etapa tem também apoio de um docente do curso de Agronomia e de um aluno de graduação, vinculados ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef).

Fabricação – Ao receber as folhas, a FarmaUfopa fará o processo de transformação de planta medicinal em droga vegetal, o que envolve várias etapas, como secagem, limpeza, esterilização, cominuição (moagem) e tamisação (peneiramento) para manipulação dos medicamentos. A produção passará por controle de qualidade de acordo com o estabelecido pela Farmacopeia Brasileira.

Dispensação – A dispensação, que é um ato privativo do farmacêutico, deve assegurar ao usuário o direito à informação quanto ao uso do medicamento, geralmente, advinda da prescrição, baseada no protocolo seguido por um profissional de saúde. Para devida prescrição e dispensação estão sendo realizados estudos monográficos da Passiflora por graduandos do curso de Farmácia e residentes do Isco. Todo esse processo é realizado em parceria com o sistema de saúde do município de Santarém e deverá contar com a devida dispensação aos usuários por meio de acompanhamento dos profissionais farmacêuticos residentes que atuam em Unidades Básicas de Saúde (UBS). A meta é inicialmente atender às comunidades do Tiningu, na região do Planalto; São Pedro e Arapixuna, no Arapiuns; Surucuá e Parauá, no Tapajós; e Juá, Floresta e Amparo, na área urbana. (com informações da Ufopa)

O Impacto

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