Correios têm mais de 180 milhões de correspondências para entregar
Mais de 180 milhões de cartas e encomendas não foram entregues por causa da greve dos Correios. Por determinação da Justiça os funcionários devem voltar a trabalhar nesta quinta-feira (13). Mas muita gente que comprou pela internet o presente do Dia das Crianças, comemorado nesta quarta (12), ficou na mão.
A arquiteta Silvia Thomé tinha preparado uma surpresa para o filho Luiz Antônio, de 5 anos: um videogame de última geração que ele estava louco para ganhar. Ela entrou na internet, pesquisou e comprou. Para não correr risco da entrega não chegar a tempo, fez o pedido quase um mês atrás. Mesmo assim, não adiantou.
“A promoção estava lá, ‘o Dia das Crianças mais feliz e inesquecível’, realmente foi inesquecível porque deu um trabalhão e ainda está dando”, diza Silvia.
Para não deixar o filho sem presente, Silvia correu para um shopping e comprou um videogame mais simples. “O plano B foi tentar um produto mais barato com um número de parcelas a perder de vista pra deixar meu filho feliz e graças a Deus eu consegui”, festeja.
Silvia não está sozinha. Nos 28 dias de paralisação dos Correios, 184 milhões de cartas e encomendas deixaram de ser entregues.
Muita gente que comprou presentes pela internet ainda está de mãos abanando, e mesmo após a Justiça decretar o fim da greve dos Correios, ainda deve demorar alguns dias para que tudo volte ao normal.
Fim da greve
A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) confirmou nesta quarta que os funcionários dos Correios irão cumprir a determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e retornarão ao trabalho nesta quinta.
Segundo o diretor da Fentect, José Gonçalves de Almeida, a orientação passada para os sindicatos estaduais é para que todos retornem já no período da manhã. “Brasiília e Rio de Janeiro já decidiram pelo retorno. Em estados como Paraíba e Piauí, as assembleias só irão ocorrer pela manhã. Mas a orientação é para que todos retornem ainda pela manhã”, afirmou.
De acordo com o diretor, a maioria dos estados já decidiu por encerrar a greve iniciada no dia 14 de setembro. Só nesta quinta, entretanto, a federação terá um balanço sobre o fim das paralisações.
Na terça-feira (11), o TST determinou a volta ao trabalho a partir de quinta-feira, sob pena de multa, e autorizou a empresa a descontar dos funcionários sete dos 28 dias não trabalhados. O tribunal fixou ainda o reajuste salarial da categoria em 6,87%, retroativo a 1º de agosto, além de aumento real de R$ 80 com validade a partir de 1º de outubro.
“Não consideramos que saímos derrotados. Não conseguimos tudo o que queríamos, mas entendemos que a luta foi válida. Conseguimos inclusive um aumento real nos salários”, disse o diretor da federação.
Entregas
A previsão é que, retomado o trabalho na empresa, as entregas sejam normalizadas dentro de uma semana.
Para a federação dos trabalhadores, porém, a entrega só será totalmente normalizada dentro de três semanas. “Antes mesmo da greve já estava ocorrendo atrasos. Temos um déficit de pelo menos 12 mil carteiros no país”, afirma Almeida.
Os Correios avaliam que a greve trouxe um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões à empresa. Já os custos dos benefícios aos trabalhadores decididos pelo TST devem custar cerca de R$ 800 milhões.
Fonte: G1, com informações do Jornal da Globo