Quatro novos sítios arqueológicos são descobertos no município de Anajás, no Marajó
Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) encontraram quatro novos sítios arqueológicos com artefatos de cerâmica indígena no município de Anajás, no arquipélago do Marajó, no Pará.
Os achados foram localizados nas comunidades da Pedra e Laranjal após a recente seca na região do Alto Rio Anajás. As comunidades responsáveis pela região acionaram o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e demais órgãos para que fosse analisado o estado de conservação das peças.
Segundo estudos cientificos sobre a região, essa área já era habitada a cerca de 3.500 anos por grupos que tinham como principais atividades a caça, a pesca, a coleta e o cultivo da mandioca.
Outras pesquisas arqueológicas ainda mostram que essas sociedades foram responsáveis pela produção em cerâmica de uso principalmente doméstico, além do manejo ecológico dos recursos naturais expresso.
Na vistoria, a comunidade, que fica em área acessada somente por barco, foi mapeada com uso de um drone com sensor LiDAR (sigla em inglês para Light Detection And Ranging).
A tecnologia, permitiu o sensoriamento remoto e a geração de imagens tridimensionais a partir de pulsos de luz no espectro infravermelho, podendo ser utilizada no campo da Arqueologia.
O trabalho foi realizado por pesquisadores e técnicos do museu, em parceria com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A equipe ainda precisou registrar o espaço no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), como procedimento da legislação federal.
‘Reencontro com emoções’
A missão de resgate as peças foi intitulada como emergencial e classificada como um “reencontro com emoções” pelos pesquisadores. Segundo a equipe, isso indica novos desafios para a pesquisa relacionada aos povos marajoaras.
Riscos ao Patrimônio Histórico
Durante a vistoria emergencial foram identificados riscos relacionados a fenômenos naturais, como a dinâmica de secas e cheias na região que tem se tornado mais intensas, assim como o impacto do trafego intenso de embarcações na área, que acaba contribuindo para processos erosivos.
“O risco hoje é perder as informações que ainda existem nesses sítios devido à dinâmica erosiva do rio intensificada pelas mudanças climáticas. Na curva do rio, um dos cemitérios indígenas está sendo exposto e levado pela força das águas”, alertou o arqueólogo Carlos Barbosa, que defende a expansão dos estudos no local.
Apesar disso, a equipe ressaltou que um fator que deve contribuir para a preservação do patrimônio arqueológico é o grande interesse da comunidade em fortalecer o conhecimento sobre a memória e os povos originários da região.
As instituições reforçam que qualquer descoberta deste tipo deve ser comunicada ao IPHAN e que não é recomendado coletar vestígios sem acompanhamento profissional.
Fonte: G1 Pará
Imagem: Helena Lima / Museu Emílio Goeldi