Grupo de teatro denuncia falta de apoio do governo à cultura

“Em nenhum momento nos apoiou com a temporada do espetáculo em questão e que a mesma não tem e nunca terá uma política pública séria e responsável no trato com a cultura local. E que a Prefeitura espalha propaganda, que a meu ver, é totalmente enganosa na televisão, dizendo aos quatro cantos da região que apóia a cultura Santarena”. Essas foram as declarações repassadas à reportagem de O Impacto, de descontentamento do produtor do grupo teatral Olho D’água, Elder Aguiar, ao final da apresentação no dia 30 de dezembro de 2011, na casa de Cultura em Santarém. A peça em cartaz era “As Bondosas – Mulheres Choradeiras”.

Logo após essas declarações, recebeu o recado da funcionária da Casa da cultura. Sendo que a origem da informação teria vindo da secretária Jarle Aguiar, “dizendo que deveríamos nos retratar perante a sociedade, pois, a Prefeitura contribui e muito para a cultura local não só apoiando eventos tradicionais da cidade (o que é obrigação enquanto gestão pública), mas, também, cedendo o Espaço do Auditório da Casa da Cultura para grupos da Cidade realizarem suas apresentações. Espaço este sem infraestrutura necessária para uso, pois não tem equipamentos de som, nem luz”.

Segundo o diretor, a rapidez da informação ocorreu devido o filho da Prefeita estar presente na apresentação cultural. E que teria saído constrangido do local do vento. “Quanto ao filho da Prefeita que sentiu constrangimento, sentimos muito por ter lhe causado, mas deixo claro que nossas reclamações são com o governo da gestora pública (prefeita Maria do Carmo) e não com a mãe e a pessoa, apenas tente não misturar. E venho dizer que temos sim a esperança de um dia termos o total apoio da nossa Prefeitura, assim como temos o orgulho de representar Santarém nos eventos que participamos em cidades de vários lugares do Brasil”, disse Elder Aguiar, em sua carta.

Ainda como parte de esclarecimentos da nota de repúdio pelo descaso público, o diretor do grupo teatral faz mais reivindicações. “Achamos interessante que para espetáculos de fora patrocinados por multinacionais a prefeitura de Santarém cede alimentação, estadia e toda a mídia do evento, designando toda a Secretaria de Cultura para fazer a produção executiva desses grupos. O Auditório da Casa da Cultura não tem estrutura nenhuma para qualquer tipo de apresentação, mas ainda sim fazemos lá, pois, precariamente ainda é o único lugar “condigno” para receber apresentações desse tipo. E as senhoras (prefeita Maria do Carmo e secretária Jarle Aguiar) ainda acham que estão valorizando a cultura local? O Grupo de Teatro Olho D’água teve sim o apoio para a confecção de cartazes, através da SEMTUR – Secretaria Municipal de Turismo, que através do Grupo Musical Vozes Caboclas realiza (gratuitamente com prazer) apresentações nos eventos, onde a Secretaria de Turismo está envolvida tão somente pela parceria que acredito não ser unilateral é que tivemos o apoio desta conceituada Secretaria, que na minha opinião, faz o papel da Secretaria de Cultura, que digo com todas as letras não passa de um órgão de EVENTOS DA PREFEITURA. Temos essa parceria pela pessoa do Sr. Arildo Nogueira (Secretário de Turismo) e do Sr. Eder Pantoja (Chefe de Gabinete), pessoas estas que aprendi a respeitar não só pelo cargo que ocupam, mas também pelo respeito e cordialidade que sempre dispensaram a mim e a cultura local durante esses anos, até mesmo quando nos dizem não e realmente não possuem recursos e condições para resolver problemas. Por fim! Caros Senhores e sociedade santarena, NÃO VAMOS NOS RETRATAR EM NENHUMA DECLARAÇÃO QUE FIZEMOS, POIS, NÃO TEMOS E NÃO VEMOS MOTIVOS PRA ISSO”, encerra a nota assinada por Elder Aguiar.

Secretária se defende: Por telefone, a secretária Jarle Aguiar diz não ter fundamento as declarações do diretor do Grupo teatral Olho d’ Água. E confirma que o governo municipal, através da Secretaria de Cultura do Município, tem repassado apoio à categoria. “Todos os anos os grupos ligados a Associação de Teatro Amadores de Santarém recebem apoio. Esse grupo ficou insatisfeito com o recurso em dinheiro. E não se sente contemplado com o apoio da logística que repassamos a eles. Com relação ao espaço da Casa de Cultura, há gastos para o Município, como a utilização de energia, liberação de funcionários para trabalhar na logística, entre outras despesas. Quanto à retratação, foi um pedido da prefeita Maria do Carmo, porque eles estavam no espaço liberado pelo governo municipal e falando mal quanto à falta de apoio da gestora do Município. Isso causou sim um constrangimento ao filho da Prefeita, que estava no local”, concluiu Jarle Aguiar.

Fonte: RG 15/O Impacto e Alciane Ayres