Tribunal britânico manda libertar fundador do WikiLeaks

O fundador do site de vazamentos WikiLeaks, Julian Assange, preso no Reino Unido acusado de crimes sexuais cometidos na Suécia, teve sua soltura sob fiança determinada nesta terça-feira (14) por um tribunal britânico.

O juiz Howard Riddle, do tribunal de primeira instância de Westminster, em Londres,concedeu liberdade condicional ao australiano, até a próxima audiência do caso, marcada para 11 de janeiro de 2011.

Riddle decidiu que ele será monitorado eletronicamente e cumprir um toque de recolher até lá.

Manifestante pede a libertação de Assange nesta terça-feira (14) em frente ao tribunal de Westminster, em Londres. (Foto: AP)
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, é visto dentro de veículo da polícia ao chegar para audiência no tribunal de Westminster, em Londres, nesta terça-feira (14). (Foto: AFP)

Ao saber da decisão, Assange fez o sinal de positivo com as mãos para seus advogados e jornalistas, e os manifestantes que estavam fora do prédio comemoraram.

Mas a procuradoria da Suécia, responsável pela acusação, ainda tinha um prazo para apelar da decisão. Enquanto isso, Assange seguia sob custódia.

Assange, de 39 anos, é acusado de conduta sexual indevida contra duas voluntárias do WikiLeaks durante uma passagem pela Suécia. Ele nega as acusações.

Seu site está no meio de uma polêmica mundial, após ter começado a vazar uma série de mais de 250 mil documentos diplomáticos norte-americanos. O vazamento da correspondência gerou mal estar entre Washington e seus aliados ao redor do mundo e também provocou protestos do governo americano e de outros governos.

‘Boicote’
Mais cedo nesta terça, Assange criticou duramente as operadoras de cartões de crédito Visa e Mastercard e a empresa de pagamentos na internet PayPal, que bloquearam as doações ao portal desde que ele foi detido em Londresa.

“Agora sabemos que Visa, Mastercard e PayPal são instrumentos da política externa dos Estados Unidos. É algo que ignorávamos”, afirmou Assange a sua mãe, Christine, que repassou o comunicado à emissora Channel 7 e ao jornal “The Age”.

A denúncia acontece depois de as empresas citadas, assim como a Amazon, terem rompido seus vínculos com Assange e o WikiLeaks. As companhias negaram motivações políticas.

Ativistas online lançaram a Operation Payback para “vingar” o WikiLeaks de empresas e entidades que consideram como responsáveis por obstruírem operações do site. Eles tiraram do ar temporariamente páginas das empresas de cartões de crédito, além do site do governo sueco, na semana passada.

Compromisso
Assange disse que continua comprometido com a divulgação de documentos secretos dos Estados Unidos, apesar da condenação de Washington e de outros países

“Minhas convicções são firmes. Continuo firme aos ideais que expressei. As circunstâncias não irão abalá-los”, disse Assange, segundo sua mãe.

“Esse processo aumentou minha determinação de que as informações são verdadeiras e corretas. Faço uma chamada a todo o mundo para que se proteja meu trabalho e a minha gente destes ataques ilegais e imorais”, disse.

Christine Assange afirmou que disse ao seu filho que ele tem apoio mundial. “Eu disse a ele que pessoas do mundo inteiro, de todos os países estavam se manifestando com placas e gritando pela sua libertação e justiça e ele ficou muito encorajado com isso”, disse ela. “Como mãe, estou pedindo ao mundo para dar apoio ao meu filho.”

O fundador do WikiLeaks e seus advogados afirmam que temem que promotores dos EUA podem estar tentando indiciá-lo por espionagem depois da publicação dos documentos diplomáticos norte-americanos.

Apoio australiano
A imprensa da Austrália expressou nesta terça apoio a seu compatriota e não poupou críticas à primeira-ministra do país, Julia Gillard, por considerar ilegal o conteúdo do portal.

Diretores, editores e redatores-chefes de diários e emissoras de rádio e televisão do país escreveram uma carta aberta a Gillard na qual afirmaram que se oporão a qualquer iniciativa para levar à Justiça os responsáveis pelo vazamento dos documentos confidenciais.

Do G1, com agências internacionais

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