Capitania distribui kits que evitam escalpelamento

A Capitania dos Portos de Santarém está distribuindo gratuitamente, kits de proteção de rotores e eixos para pequenas embarcações que navegam na região. O capitão José de Fátima Andrade informou à reportagem que, além de doar os kits, a Marinha ainda se compromete a fazer a colocação do acessório. A medida visa evitar os escalpelamentos. Esse tipo de acidente é mais conhecido na Amazônia, até pelas peculiaridades regionais, do uso de pequenas embarcações.

O termo escalpelamento é praticamente desconhecido em outras regiões. Um simples descuido leva os cabelos, via de regra, das mulheres ao rotor e eixo no motor, que gira em alta velocidade, arrancando o couro cabeludo das vítimas.

Os casos em algumas regiões onde há pouca informação chegam a ser freqüentes. O estado do Pará leva a triste estatística de ser o responsável por 90% dos casos de escalpelamentos. Por conta disso, chegaram a ser criados Núcleos Municipais de Combate ao Escalpelamento. Como a tragédia trás seqüelas irreparáveis, os núcleos engajam a comunidade ribeirinha na prevenção desses acidentes, orientando os barqueiros à proteger o eixo do motor de suas embarcações.

O capitão José de Fátima Andrade assegura que em Santarém foi registrado no último ano, apenas um caso de apuração por conta desse tipo de acidente. Ele atribui a redução “a um trabalho silencioso de orientação e fornecimento dos acessórios que evitam os acidentes”. Para ele o que se verifica que como as pequenas embarcações conduzem normalmente as famílias. Os acidentes acontecem porque geralmente o chefe da família que viaja nos pequenos barcos, atribui a função de retirada da água que atinge o interior da embarcação, em conseqüência das goteiras, a mulher. É nessa hora que o perigo ronda as mulheres que usam cabelos longos, sem qualquer proteção.

As vítimas chamadas de “meninas de turbantes”, que são crianças e adultos jovens na maioria, precisam passar por várias intervenções cirúrgicas e acompanhamento ambulatorial com cirurgião plástico e acompanhamento por uma equipe multiprofissional da instituição criada para esse fim.

Uma pesquisa sobre o tema constatou que na maioria das vezes, as vítimas são crianças e mulheres que professam a visão pentecostal, que orienta as mulheres a usarem cabelos longos, como forma de substituir  o véu, à luz dos ensinamentos bíblicos.

A assistência dos Núcleos tem trazido bons resultados, principalmente relacionados com melhora da auto-estima destes pacientes e rápida reintegração social.

Os acidentes afetam a calota craniana, mas em alguns casos as orelhas e comprometem as excreções faciais. Pelos menos 20 acidentes ocorrem anualmente na região amazônica. No Pará o Município com a maior incidência é Breves. Em segundo lugar a pesquisa revela que em Santana do Amapá, também os casos são considerados freqüentes.

A campanha de distribuição dos kits tem o apoio do Banco da Amazônia, Petrobras, Eletronorte, BR Distribuidora, Banco do Brasil, Governos do Pará e Amapá, parceiros empresariais e da sociedade civil. Informações complementares poderão ser acessadas pelo site http://www.naval.com.br/

Fonte: RG 15/O Impacto