PR está fora do governo, disse líder do partido no Senado
Com a resistência da presidente Dilma Rousseff em devolver o Ministério dos Transportes para o PR, a bancada do partido no Senado, com sete senadores, decidiu ir para a oposição. O líder do partido no Senado, Blairo Maggi (MT), ligou para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a informou da decisão nesta quarta-feira à tarde.
O PR também avisou que não vai apoiar a candidatura do petista Fernando Haddad, em São Paulo, e que tomará posições contrárias ao PT em outras capitais. Mas não falou em desocupar cargos que ocupa no segundo escalão do governo.
A decisão do PR surpreendeu o Palácio do Planalto. Pela manhã, Blairo Maggi se reuniu com Ideli. O partido queria uma posição oficial do governo sobre a possibilidade de retornar ao comando dos Transportes. Ao ser questionado sobre nomes, Blairo teria citado vários deputados e o ex-senador César Borges. Diante da resistência do governo, ele convocou uma reunião da bancada.
– O PR do Senado está fora do governo. Os sete senadores estão na oposição. Não há uma definição do Planalto. O governo está empurrando o PR com a barriga. Perguntei à ministra Ideli: “Esse ministério vai ficar com o PR?” Não! Então não tem mais o que discutir. Chega! No dia em que o governo achar que o PR é importante para a governabilidade no Senado, nos procure! – disse Blairo.
O presidente do PR e ex-ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (AM), também reforçou o discurso oposicionista da bancada:
– Acabou, chega! Ninguém aqui é moleque!
O PR da Câmara anunciou que manterá posição de independência. No núcleo palaciano, a atitude dos senadores do PR foi vista como uma chantagem para que sejam retomadas as negociações em torno do Ministério dos Transportes – sinal disso é que o PR não entregou os cargos de segundo escalão.
O governo também aguarda um entendimento interno do PDT para decidir quem será o novo ministro do Trabalho. Após o impasse da bancada, a cúpula do PDT foi pressionada pelo deputado Paulinho da Força (PDT-SP) a soltar uma nota comunicando que não há vetos do partido. Paulinho defende o nome do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que ganhou o apoio das centrais sindicais mas enfrenta resistência na bancada do partido na Câmara, que prefere o nome do deputado gaúcho Vieira da Cunha.
Transporte foi alvo de denúncias de corrupção
A crise no Ministério dos Transportes, alvo de denúncias de corrupção em obras e favorecimento ao PR, causou a demissão de 15 pessoas da pasta. Em apenas 18 dias após a divulgação das denúncias de irregularidades, o senador licenciado do PR, Alfredo Nascimento, deixou o comando da pasta junto com pelo menos quatro auxiliares diretos. Os diretores da Valec e do Dnit também perderam seus cargos. Luiz Antonio Pagot, que comandava o Dnit, entrou em férias, mas foi exonerado do cargo quando retornou.
Fonte: O Dia