Hollande eleito novo presidente da França

Hollande durante visita a Tulle no dia em que se tornou o novo presidente da França

Nos primórdios das discussões no seio do Partido Socialista (PS) para o embate eleitoral de maio de 2012, o nome de François Hollande como candidato presidenciável nunca foi levado muito a sério. Ao longo de sua trajetória política, uma imagem pouco favorável colou no personagem. Ao romper com a tradição de extrema-direita de seu pai, Hollande se afirmou como um social-democrata “profissional”, sem jamais conseguir impor uma forte e singular personalidade de liderança. Ao contrário: era considerado um político “frouxo”, desajeitado, incapaz de defender com vigor e convicção suas opiniões, apelidado inclusive de “marshmallow vivo”.

Sua constância na vida política do partido, como secretário-geral por onze anos (1997-2008), se caracterizou por um papel secundário no front socialista. Hollande nunca foi chamado para ser ministro, preterido por sua então mulher, Ségolène Royal, nos governos François Mitterrand e Lionel Jospin. Na campanha presidencial de 2007, recebeu a pouco elogiosa alcunha de “Monsieur Royal”: o companheiro da candidata ao Palácio do Eliseu, de quem, no entanto, já estava separado há um ano, condição estrategicamente mantida em segredo.

Quase incógnito, François Hollande pavimentou com paciência e obstinação seu caminho rumo à candidatura socialista de 2012, sem se intimidar com o franco favoritismo do ex-ministro da Economia e ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn, posteriormente colocado fora da disputa pela acusação de estupro em Nova York, em maio do ano passado.

Revitalizado por uma nova relação amorosa, com a jornalista Valérie

Trierweiler, emagrecido de vários quilos por uma exigente dieta, o insosso Hollande mudou a postura e elevou o tom de voz para relembrar o jovem candidato a deputado de 26 anos que ousou afrontar Jacques Chirac nas eleições legislativas de 1981, na região de Corrèze. Tido como filho espiritual do entusiasta da construção europeia Jacques Delors, economista de formação, o novo presidente da França, 57 anos, terá o desafio de provar que o voto que o elegeu foi a escolha por um projeto de governo, e não apenas a opção anti-sarkozista que restou.

Fonte: O Globo

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