Ministério Público propõe vigiar verbas de candidatos

Procurador Maurício Ribeiro

O procurador regional eleitoral do Ministério Público Federal (MPF), Maurício da Rocha Ribeiro, defendeu nesta segunda-feira o monitoramento sistemático da arrecadação e dos gastos de campanha de candidatos suspeitos de ligação com grupos paramilitares, como forma de evitar a utilização de recursos ilegais arrecadados pelas milícias para eleger seus aliados.

A estratégia, segundo o procurador, foi um dos principais pilares da Operação Mãos Limpas, posta em prática na Itália na década de 1990, que comprovou a ligação de partidos políticos com grupos mafiosos.

Ribeiro admitiu que a realização deste tipo de trabalho depende de uma ação conjunta envolvendo representantes de diferentes órgãos de controle do estado, como foi proposto pelo presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter. Conforme O GLOBO noticiou nesta segunda-feira, a força-tarefa vai reunir representantes da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Federal, do Comando Militar do Leste (CML) e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Apesar de favorável à proposta, o procurador disse não ter sido convidado a participar do grupo especial.

Para Ribeiro, o rastreamento das fontes de financiamento de campanha de candidatos supostamente ligados às milícias pode levar à cassação do registro de campanha ou à perda do mandato, no caso de candidatos eleitos:

— Sem dúvida, é um trabalho que demanda tempo e estrutura de investigação, mas é possível, sim, impedir que um candidato apoiado por esses grupos assuma um cargo eletivo, desde que população e autoridades trabalhem conjuntamente — disse o procurador.

Primeira reunião da força-tarefa será nesta terça-feira

Nesta terça-feira, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio promove a primeira reunião com integrantes dos setores de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Federal, do Comando Militar do Leste e da Polícia Rodoviária Federal. O objetivo é traçar um plano para evitar que o crime organizado controle os votos em seus redutos. O presidente do TRE, Luiz Zveiter, convocou a população a denunciar quem tentar interferir no processo eleitoral:

— As pessoas devem denunciar eventuais problemas que tenham na sua região — disse Zveiter. — O Disque-Denúncia do TRE (3513-8144) está à disposição dos eleitores. A população tem que ser parceira do tribunal neste momento em que se inicia o processo eleitoral. Ela não pode ser coadjuvante.

Segundo Zveiter, o grupo dependerá de informações sobre irregularidades que, eventualmente, sejam praticadas:

— O eleitor não pode votar naqueles que descumprem a lei e tentam burlá-la. Depois de eleito, com certeza, ele vai continuar burlando a vontade do eleitor, descumprindo com suas propostas — disse Zveiter.

Fonte: O Globo

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