Mário Gomes: “Presídio de Cucurunã é uma fábrica de bandidos”

Nas últimas semanas várias autoridades ligadas à segurança pública e os direitos humanos denunciaram situações absurdas que ocorrem dentro da Penitenciária Silvio Hall de Moura, localizada na Comunidade de Cucurunã, em Santarém, Oeste do Pará.

Em entrevista concedida a reportagem de “O Impacto”, na semana passada, o titular da Superintendência de Polícia Civil do Baixo e Médio Amazonas, delegado Gilberto Aguiar, declarou que o “Sistema Penitenciário no Brasil está falido”. Ele se referiu as saídas temporárias de um grande número de detentos em datas comemorativas, o que resulta no aumento da criminalidade em Santarém.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Subseção de Santarém), advogado Ubirajara Bentes Filho, em inspeções realizadas no mês passado dentro da Penitenciária de Cucurunã constatou diversos problemas que vinham acontecendo com os apenados, como a falta de atendimento médico adequado, entre outros.

Já o advogado Celso Furtado, garantiu que também visitou o Presídio no mês passado e constatou a situação de caos que se encontram os detentos. Ele revelou que na sala de enfermagem havia pouco medicamento para os apenados e, que muitos deles estavam acometidos por várias doenças.

Diante da situação, o presidente do Centro Comunitário do Bairro São José Operário, Mário Gomes, procurou nossa reportagem para denunciar a situação caótica nas dependências do Centro de Recuperação Agrícola ‘Silvio Hall de Moura’. Segundo ele, o presídio de Cucurunã é uma fábrica de bandidos, pois aquela casa penal não segue seus princípios quando se propõe recuperar os presos e reinseri-los à sociedade. A maioria dos detentos sai de lá mais perigoso do que quando entrou para cumprir sua pena pelo crime que cometeu.

Mário faz afirmação com base no que acompanha toda vez que visita a Penitenciária, todos os finais de semana. Ele tem um parente cumprindo pena no CRASHM e conhece bem a realidade dos apenados. Para ele, o Estado é o principal responsável pelo caos que se estabeleceu nos presídios paraenses, sobretudo, na penitenciária de Cucurunã. Mário faz graves acusações com relação ao tráfico de drogas dentro do Presídio. De acordo com ele, a facilidade com que os presos conseguem o entorpecente impressiona a família dos detentos.

Ele contou que toda vez que vai visitar seu parente presencia o comércio e consumo de drogas em praticamente todos os pavilhões. Além disso, Mário denunciou que muitos são obrigados a se viciar e quem se nega, é agredido pelos chefes do tráfico. O próprio Mário já comunicou à direção do Presídio, porém, nada foi feito para acabar com essa prática criminosa dentro daquela casa penal. O líder comunitário também formulou denúncia à Ordem dos Advogados do Brasil e Ministério Público. Todos, portanto, são conhecedores desses fatos que ocorrem no interior do centro de recuperação.

Ele também denunciou que existem casos de presos que são vítimas de extorsão pelo companheiro de cela. “Além de dinheiro, os presos mais perigosos tomam tudo do colega, inclusive materiais de higiene pessoal. Tudo vira moeda de troca dentro da cadeia”, denunciou.

Mário faz outra denúncia. Desta vez contra parentes de presos que, segundo ele, facilitam a entrada de drogas, celulares, chips e dinheiro. “Não são todos, mas a maioria dos familiares contribui com essa prática delituosa. Tem pessoa que leva droga dentro do tubo de pasta (creme dental). Os agentes prisionais têm conhecimento dos métodos usados pelos traficantes para entrar com droga na cadeia, mas ninguém faz nada para impedir o tráfico no presídio Silvio Hall de Moura”.

ROTINA: Dois detentos fugiram por volta de 2h da madrugada de quarta-feira (29), da Penitenciária de Cucurunã. Os fugitivos foram identificados como: Wenas Anjos Costa e Samuel Correa de Sousa. A Polícia já iniciou as buscas para localizar os detentos. As constantes fugas que acontecem na Penitenciária de Cucurunã já viraram rotina, pois toda semana há notícias de fugas e rebeliões dentro do presídio.

UM DOS FORAGIDOS JÁ FOI PRESO: Policiais do serviço reservado da Polícia Militar prenderam na manhã de quarta-feira (29), o detento Samuel Corrêa de Sousa. A prisão de Samuel ocorreu no bairro da Matinha. Ele não resistiu à voz de prisão. Os policiais continuam as buscas pelo detento Wenas Anjos da Costa.

ESTRATÉGIA DE FUGA – Populares que tiveram contato com o detento Samuel Corrêa de Sousa disseram que o apenado fez revelações bombásticas sobre os agentes prisionais que tiraram serviço na madrugada de quarta-feira, 29, no Presídio de Cucurunã. Durante a fuga, o detento teria dito a populares que pagou a quantia de R$ 3 mil para agentes prisionais, para que forjassem um blecaute na rede de energia elétrica da Penitenciária, para que na hora do apagão empreendessem fuga. Os agentes prisionais também teriam feito a estratégia da rota de fuga do apenado. Eles teriam mostrado que seria mais fácil para o detento, adentrar nas matas do Cucurunã. Depois caminhar em direção ao Zoofit. Em seguida, chegar a rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163) para fugir para o Município de Itaituba.

O detento teria confirmado a populares, que iria pegar um transporte para chegar a Itaituba.

Fonte: RG 15/ O Impacto