Índios Munduruku mantêm vereadores em cárcere privado
Os índios Munduruku invadiram nesta segunda (24) a Câmara Municipal de Jacareacanga, sudoeste do Pará, e mantiveram os vereadores em cárcere privado por cerca de cinco horas. Segundo a polícia, o prédio foi pichado pelos indígenas. Eles querem o apoio dos vereadores na luta contra a construção de usinas no rio Tapajós.
No domingo (23), os indígenas libertaram os três pesquisadores da Eletrobrás, feitos reféns desde a última sexta-feira (21). Quando foram encontrados pelos índios, os técnicos estariam coletando amostras da fauna e flora da região para os estudos ambientais e de viabilidade das usinas hidrelétricas do rio Tapajós, que afetarão o território da etnia.
Os pesquisadores libertados já estão a caminho de casa, mas os Munduruku confiscaram todo material de trabalho dos estudiosos. O governo federal ainda está negociando uma data para realizar as consultas públicas que os índios exigiram.
Entenda o caso
Três pesquisadores de uma empresa terceirizada pela Eletrobrás foram mantidos reféns por índios Munduruku de sexta-feira (21) até domingo (23), na cidade de Jacareacanga. Segundo Valdenir Munduruku, umas das lideranças indígenas, os pesquisadores teriam sido encontrados no rio Tapajós, próximo a uma aldeia.
De acordo com nota divulgada no site do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerca de 25 pesquisadores foram retirados da terra indígena Munduruku pelos próprios indígenas, na última sexta (21), em Jacareacanga.
Além dos pesquisadores, todo o equipamento usado por eles, como computadores, redes de pesca, máquinas fotográficas e armadilhas foram apreendidas pelos indígenas. Segundo os indígenas, mesmo com as manifestações e negociações em Brasília, as pesquisas na região não pararam e os índios se sentem traídos pelo governo, e conta como foi a operação dos índios.
Um grupo formado por representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Justiça (MJ) chegaram a Itaituba, a 400 quilômetros de Jacareacanga, para negociar com os indígenas.
Em nota, a Eletrobrás informou que nenhum dos locais visitados pelos pesquisadores é terra indígena e que os índios apreenderam câmeras fotográficas e computadores com os registros da expedição e o material coletado pela equipe.
Fonte: G1 PA