Exame promete detecção precoce de câncer de ovário
Pesquisadores americanos desenvolvem uma forma de detecção precoce do câncer de ovário. É o tumor ginecológico mais difícil de se diagnosticar nos estágios iniciais, fase em que as chances de cura são maiores.
O método foi desenvolvido por meio de testes feitos com 4.051 mulheres, conforme publicado na revista científica “Cancer Journal”. Trata-se de um exame de sangue capaz de medir o nível de uma proteína ligada ao tumor no ovário, a CA125, associado a exames complementares de imagem de acordo com o nível de risco apontado pela substância.
A chance de cura é elevada a 90% quando o câncer de ovário é detectado precocemente, em comparação com os menos de 30% de possibilidades quando é descoberto em estágios mais avançados. Ao contrário de outros tipos de tumores malignos, sintomas como dor pélvica e abdominal ou inchaço persistente são confundidos com os de outras doenças.
– Dado o nível relativamente baixo da prevalência de câncer de ovário na população uma estratégia de monitoramento que reduza a quantidade de cirurgias desnecessárias por causa de falsos positivos é crucial – disse Karen Lu, uma das coautoras do estudo em declaração divulgada pela Universidade do Texas.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que 75% dos casos de câncer de ovário diagnosticados atualmente apresentam-se na fase mais avançada. A estimativa para o ano passado era de que 6.190 novos casos da doença seriam diagnosticados.
Cientistas já sabem que mulheres com este tipo de câncer têm níveis mais altos da proteína CA125, mas a medição da substância tão somente não dá certeza ao diagnóstico. Há casos de pacientes com tumor que dão negativo para o exame, assim como há ocorrências de falsos positivos. De acordo com especialistas da Clínica Mayo, nos EUA, o aumento no nível de CA125 pode ocorrer por vários motivos: endometriose, inflamações pélvicas e cirrose, assim como simplesmente uma gravidez ou a menstruação. Além do tumor de ovário, os níveis de proteína aumentam em casos de câncer na camada interna ou externa do útero e na tuba uterina.
Mas os pesquisadores da Universidade do Texas estão usando o mesmo teste de sangue de forma diferente. Em vez de encaminhar pacientes direto para sala de cirurgia logo em seguida ao resultado do teste, mulheres foram separadas em três grupos, a depender do nível de proteína encontrado: aquelas classificadas como de baixo risco (83%) foram testadas uma segunda vez depois de um ano; as de risco médio (14%) depois de três meses; e as consideradas de alto risco (3% das voluntárias estudadas) fizeram um exame de ultrassom para buscar pelo tumor.
O estudo americano acompanhou mulheres na pós-menopausa por 11 anos, em média. Das dez mulheres que passaram por cirurgias com base nos resultados do exame de ultrassom transvaginal, quatro tinham tumores malignos de fato, diagnosticados no início de seu desenvolvimento. Segundo a publicação, o risco da cirurgia é válido quando o método de detecção consegue pelo menos 10% de sucesso. No caso da pesquisa americana, portanto, a taxa de acertos foi de 40%.
Os autores do estudo declararam também que a prova de fogo para o método virá com os resultados de um estudo em andamento na Grã-Bretanha com 200 mil mulheres, que pretende concluir se o método de rastreamento americano pode resultar, de fato, numa redução no número de mortes causado pela doença.
Fonte: O Globo