Mato e dengue proliferam nos cemitérios centrais de Santarém

Sepulturas estão cobertas de mato, mostrando o abandono desses logradouros

Pichações em muros, abandono de mausoléus, lápides depredadas, poças de lama, lixo acumulado e mato por toda parte. Esta é a real situação dos cemitérios São João Batista e Nossa Senhora dos Mártires, ambos localizados na área central de Santarém, no oeste do Pará. O abandono dos dois campos santos virou alvo de denúncias de parentes de mortos.

Além de muito mato que prejudica a visitação de pessoas, outros problemas são constatados por quem trafega dentro dos cemitérios. Entre eles, algumas sepulturas estão com tampas de mármore quebradas e lajota rachada. Outras apresentam materiais que aparentam ser restos mortais expostos.

Devido aos problemas, os parentes de mortos denunciam que a segurança de quem frequenta o espaço fica comprometida. Casos de acidentes foram registrados dentro dos campos santos. Um deles aconteceu em novembro de 2013, quando três mulheres, entre elas uma grávida de 9 meses, caíram dentro de um túmulo após pisarem na tampa que estava em precárias condições.

Além delas, funcionários dos cemitérios afirmam que virou rotina a queda de pessoas dentro das covas. Pessoas que fazem limpeza afirmam que os acidentes são constantes devido a tampa de mármore ser frágil e, que por isso quebra com facilidade.

No cemitério São João Batista, segundo familiares de mortos, muitos túmulos mais parecem viveiros de animais selvagens, por conta da grande quantidade de mato. E ainda tem o estranho fato do cruzeiro do cemitério servir como centro oficial para descarregar trabalhos de umbanda, com pipocas, garrafas de bebidas finas, vinho, junto com a tradicional marafo (cachaça), e peças íntimas de pessoas.

Outra grande preocupação é quanto a lotação dos cemitérios centrais, aonde não há mais espaço para novas sepulturas. Somente as famílias que já tem áreas conseguem enterrar seus entes queridos. A alternativa tem sido o cemitério Mararu que também já está ficando lotado. O único projeto da construção de um novo campo santo, continua em andamento na Secretaria de Meio Ambiente de Santarém (SEMMA). Porém, se trata de uma construção particular na região do Planalto, onde terá capacidade para mais de 25.600 mil jazigos.

De acordo com a administração dos cemitérios, as duas unidades têm 400 mil cadáveres, que possuem 60 mil sepultaras. Dessas, mais de 30 estão com a estrutura comprometida. Os parentes de mortos pedem apoio do poder público para que faça os reparos devidos nos cemitérios, para com isso evitar as ocorrências de acidentes.

Outro fato que chama atenção é o grande número de sepulturas que ficam quase uma em cima de outra, impedindo, com isso, que as pessoas circulam normalmente nesses campos santos. Tem alguns locais que não se pode mais visitar os entes queridos, pois não há como se locomover, a única saída é pisar em cima de outras sepulturas. Por isso, que muitas pessoas caem.

Tidos como morada eterna para muitos, os campos santos, como são popularmente conhecidos os cemitérios, deveriam representar a redenção para os que lá estão, e organização e limpeza para os vivos que visitam seus entes queridos, que partiram desta vida para uma melhor.

Para a dona de casa Joselina Santos, o fato é muito preocupante. “Eu passo todos os dias aqui próximo, para levar meu filho para escola, e percebo que não está sendo cuidado. Daqui da Avenida Barão do Rio Branco, a gente consegue visualizar o mato, que em algumas regiões já está maior do que o próprio muro dos cemitérios”, informou.

Diante da preocupante situação os moradores que residem próximo aos cemitérios, denunciam que a falta de manutenção e limpeza do logradouro público, representa um grande perigo à saúde da população, pois, até mesmo uma simples homenagem aos entes queridos, como a disponibilização de vasos com plantas, com as chuvas frequentes deste período, pode transformar o gesto de carinho, em criadouro para o mosquito aedes aegypti.

Conforme solicitação dos moradores e populares fica a demanda para a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) e Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), para que possam de forma urgente realizar um trabalho nos cemitérios, e assim evitar que a população sofra as consequências negativas advindas do descaso do poder público.

Outra solicitação, é que da administração do cemitério faça um trabalho educativo, em relação, especialmente à disposição de objetos, como vasos e buquês de flores.

PROLIFERAÇÃO DA DENGUE: Por conta do período chuvoso na região, aumentam os riscos de contaminação pelos Aedes Aegypti, que transmite a dengue, zika e chikungunya. Especialistas alertam que aumenta também a preocupação em locais abertos como cemitérios, por exemplo, que podem virar verdadeiros pesadelos para quem mora por perto.

A tranquilidade do ambiente reflete em um problema nocivo à sociedade. São em lugares tranquilos com água empoçada que o mosquito Aedes Aegypti procura se hospedar, onde deposita ovos e depois se prolifera. Basta uma pétala de flor ou um vaso de planta que acumule água para que, num período de oito a dez dias, o mosquito se reproduza e saia para outros locais, especialmente para picar pessoas.

SINTOMAS: Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e provocam sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes. A dengue é a mais perigosa, devido aos quatro sorotipos diferentes do vírus, causando febre repentina, dores musculares, falta de ar e indisposição. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte. A chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores podem permanecer por meses, e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras. Já a zika apresenta sintomas que se limitam a, no máximo, sete dias.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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