Paulo Rocha: “Operação Lava Jato está se desmoralizando”

Senador fala dos bastidores do Congresso e da polêmica candidatura de Lula

Uma das maiores lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT), o Senador Paulo Rocha, esteve em Santarém na semana passada onde participou do lançamento das pré-candidaturas dos candidatos do PT aos cargos de Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador, Governador e Presidente da República. Paulo Rocha visitou nossa redação e concedeu entrevista exclusiva, onde diversos assuntos foram abordados, entre eles a polêmica pré-candidatura de Lula à presidência da República, além de realizar uma análise de conjuntura da política nacional, estadual e municipal. Veja a entrevista na íntegra:

Jornal O Impacto: Na sua visão, a prisão do ex-presidente Lula foi uma questão política ou jurídica?

Paulo Rocha: Primeiramente, temos que entender o que aconteceu no Brasil. Eu acho que as forças populares a partir da aliança que o PT conseguiu fazer no Brasil, conseguiram que o Lula fosse eleito nosso Presidente por duas vezes e a Dilma fosse eleita Presidente por mais duas vezes. Eu acho que a derrota do Aécio para a Dilma consolidou a vontade daquilo que já era conspirado para que a elite brasileira resgatasse de novo para si o poder. Como não conseguiram resgatar via democracia, eles usaram o processo que nós chamamos de “golpe”. Podemos afirmar que é golpe, pois vivemos em plena democracia, então, a forma de eleger os nossos governantes é através da democracia, que aliás foi uma luta do povo que foi brigar nas ruas por eleições diretas, porque estávamos saindo de um processo autoritário que era eles(militares) quem nomeavam os nossos governantes. Então, essa é uma conquista que nós consolidamos na Constituinte de 1988. Essa é a regra estabelecida por todos, através da chamado representação do povo, que é o Congresso Nacional, considerado o poder do povo. Está na Constituição, o Estado de Direito daquilo que o Lula é condenado, por cima, inclusive, da Constituição. Então, eu acho que a partir daquele momento, a elite já não ganhava mais de nós. Eles viram uma forma de conspiração e através do impeachment da ex-presidente Dilma para implementar o projeto que eles queriam retomar, porque nós estávamos processando sob a visão popular informações importantes no País, políticas públicas que chegam para o cidadão. Por exemplo, na região do nosso Pará, há um século só havia uma universidade, a UFPA; em 12 anos do governo do PT, criamos mais três, além da UFOPA e UNIFESPA, consolidamos a UFRA que foi transformada em uma Faculdade e também construímos um Instituto Federal, que estão presentes nas principais cidades. Isso é uma verdadeira revolução, mudanças profundas; hoje o filho do pobre lá do interior pode ser doutor no País, porque a oportunidade está dada. Então, através dessa conspiração conseguiram golpear, e para poder justificar isso perante a população, iniciaram o processo da moralização que é o combate à corrupção. Ninguém é contra o combate à corrupção, nem um partido democrático por si só é contra a corrupção; a Lava Jato era uma Operação importante até quando começou a enveredar pela politização da investigação e o julgamento, os interesses já estavam consolidados e perceberam que com esse processo não acabariam com o PT, e muito menos acabariam com a liderança do Lula. É difícil apagar uma liderança com o que nós já construirmos no Brasil. Hoje você vai em qualquer cidade desse Estado, têm mais políticas do governo Lula do que do governo Jatene, que está há 20 anos no governo e não tem coisas mais do que os feitos do PT. Podem observar ao redor, Minha Casa Minha Vida, Luz Para Todos, Bolsa Família, Mais Médicos, Unidades Básica de Saúde, creches e etc. Então, é difícil apagar um legado como esse. É daí que vem a força do Lula, e quando se percebeu que não tinham força, começaram a perseguição política até o levarem à prisão. Eles que estão numa situação enrascada, porque mesmo preso, Lula ganha de todos eles que estão soltos.

Jornal O Impacto: Uma das acusações que recaem sobre Lula é em relação aos bens. Será que existe algum documento que comprova realmente que ele é dono daqueles bens que tanto foram divulgados na mídia?

Paulo Rocha: Não tem provas. Acontece que o Moro foi buscar teses. Por exemplo, o domínio do fato, o que estava acontecendo de corrupção da Petrobras e ninguém esconde esse fato, é obvio, só Barusco no primeiro aperto que deram, ele disse: “Eu devolvo 120 milhões de reais”. Então, tinha corrupção. Agora, a partir que o Presidente é responsável, nesse caso eles alegam a tese do domínio do fato, ou seja, como presidente da República ele deveria saber o que estava acontecendo em todos os órgãos. Ele está condenado por uma responsabilidade maior, mas diante dessa tese, exige-se comprovação de que o cidadão que está no topo do poder tenha conhecimento real das coisas. É evidente que tinha corrupção no País, trata-se de um processo que não é de agora, é algo secular, e veio à tona agora. O PT cometeu erros, lógico, por exemplo, foi um erro do PT usar o caixa dois, que todo mundo usava. Como funcionava o caixa dois de campanha? Você começa a fazer a campanha, então, não se arrecada dinheiro suficiente para pagar a campanha, na gráfica e na televisão fica a dívida e em outros lugares; você não declarou aquela dívida no Tribunal, mas está devendo para o dono da gráfica, aí você vai arrecadar de novo após as eleições para pagar aquela dívida. Esse é o chamado caixa dois, são dívidas não contabilizadas. Esse foi um erro do PT. O que foi que aconteceu com a Operação Lava Jato? Juntou todo mundo, quem fez caixa dois, captação de campanha oficial e também quem fez propina ou corrupção, a partir daí misturou-se todos e acabou se igualando todo mundo nesse processo. É a partir desse momento que entra o Moro, ele fez uma investigação e o Ministério Público selecionava, então, ele aperta e dá velocidade no julgamento do PT, da oposição e fica segurando o pessoal que interessa a eles, que é o pessoal do PSDB. É isso que está acontecendo no Brasil. A Operação Lava Jato está se desmoralizando porque foi selecionado o julgamento, foi diversificada a investigação, priorizando este e aquele e escondendo seus amigos. Existe outra questão que está aparecendo, que é a indústria da delação. Por exemplo, aquele doleiro, que é um velho conhecido da área política, o Youssef, foi condenado a 103 anos, mas como ele delatou, o Moro reduziu sua pena para três anos, inclusive ele está solto cumprindo prisão domiciliar. Por que é uma indústria? “Você delata fulano que eu reduzo aqui”, inclusive parece que também rolou dinheiro nessas delações através de advogados. Nós estamos a descobrir isso, sendo que está se iniciando um processo de CPI desse tipo de coisa. Então, qual é o erro? Envolveram a decisão política no meio de uma questão importante do Judiciário, o que é ruim para a democracia; o próprio Supremo está se desmoralizando perante a opinião pública, está rachado o Supremo, de um lado estão querendo fazer o julgamento dentro da Constituição e outros estão claramente pela tal da opinião pública ou pelo que a Rede Globo diz, consequentemente estão fazendo julgamentos políticos. Isso é ruim para a democracia e ruim para o nosso País.

Jornal O Impacto: O processo sem trânsito em julgado, permite que o ex-presidente Lula concorra à presidência da República?

Paulo Rocha: Nossa estratégia é a seguinte: o ex-presidente Lula foi preso injustamente, mas não perdeu os direitos políticos, então, a Legislação, mais precisamente o “Ficha Limpa”, envolve também a questão de direitos políticos. O que nós vamos assegurar, é que o Lula tenha direito a concorrer às eleições porque os direitos políticos dele estão a todo vigor. O que o TSE vai ter que dizer é se ele pode concorrer ou não. Aí iremos entrar em luta jurídica, em que nós temos argumentos para isso, para dizer o seguinte: que o próprio TRE e TSE têm decisões. Por exemplo, tem cerca de 135 casos que depois da implementação do “Ficha Limpa”, os caras concorreram com uma liminar e ganharam. Tem um caso de um Prefeito que concorreu mesmo preso, ganhou as eleições, inclusive ele passou uma procuração para os advogados dele representá-lo na diplomação e depois os caras tiveram de soltá-lo para ele governar. Então, tem casos que após a lei da “Ficha Limpa”, aqui mesmo no Pará, de prefeito que concorreu toda eleição, foi posto na urna o seu nome, quando se definiu nos vários tribunais que ele não podia concorrer, ele colocou o nome da mulher, mas a foto dele é que aparecia, pois não deu tempo de tirar da urna; a mulher dele concorreu e virou prefeita. Então, é esse o questionamento que nós vamos fazer perante o TRE e o TSE e eles é quem têm que eliminar o Lula.

Jornal O Impacto: Você acha que houve traição por parte de amigos próximos, para hoje ele se encontrar nesta situação?

Paulo Rocha: O que teve foi um processo de investigação direcionada e esse negócio de usar as coisas sem provas. Quer dizer, o próprio Moro na sentença dele está escrito “realmente não tenho provas que o tríplex é do Sr. Lula, mas as evidências sim”, ou seja, ele condenou o Lula como proprietário oculto, trata-se de uma condenação política. Mas eu quero dizer que apesar de indignado, o Lula está firme. Nós já o visitamos e está dizendo claramente, os caras querem destruir aquilo que nós construímos no País para o povo. Prova disso é a greve dos caminhoneiros, embora seja uma greve meio misturada com os interesses das grandes transportadoras, mas é algo que é mexido pelo poder que o Temer implementou em nosso País, quer dizer, uma política de entrega da nossa Petrobrás e com isso está transferindo a conta para o povo. Foi para isso que eles deram o golpe, para poder fazer políticas dessa implementação. Estão querendo destruir aquilo que nós construímos. Aqui eu falo para a juventude, especificamente para o pessoal da UFOPA, que avanços importantes como a criação de universidades, estão em risco, é só falar com os reitores, que com aprovação dos limites dos gastos do orçamento, nossas universidades já estão sentindo esse corte. Por isso é fundamental nossa juventude, os nossos jovens que estão nas universidades, se movimentarem para brigar por mais orçamentos para as universidades, porque se agora chegou nos combustíveis, daqui a pouco vai chegar esses cortes aí nas universidades.

Jornal O Impacto: O senhor é pré-candidato ao governo do Estado?

Paulo Rocha: Sim! O PT definiu, para lançarmos candidatura própria. Todo mundo sabe que nós saímos juntos na campanha passada com o MDB, mas foi uma forma de reforçar a candidatura da companheira Dilma que tinha uma aliança com o MDB a nível nacional, então, em alguns estados nós retiramos a candidatura de Governador para poder passar para o nosso aliado na época que era o MDB e nós elegeríamos Senador e Deputado Federal. Foi assim que nós fizemos na eleição passada, mas agora não tem como, o MDB traiu nossa aliança e a democracia, e não só isso, eles estão implementando políticas contrárias ao nosso projeto político; retirada de direitos, como as reformas da Previdência e Trabalhista. Esse corte nos orçamentos, claramente visível como uma retomada do projeto neoliberal em nosso País. Não temos como nos apresentar juntos nessas eleições. Aqui no Pará o PT é um partido organizado e forte, já governamos o Estado, bem como as principais cidades como Santarém, Belém, Cametá, Conceição do Araguaia, Bragança e outras; nós temos políticos preparados para isso, estamos lançando uma chapa, estamos conversando com o PCdoB, Psol e PV para ver se a gente faz uma frente política. Mas de qualquer maneira, o PT lançou minha pré-candidatura a Governador e a candidatura do companheiro José Geraldo a Senador. Nós vamos nos apresentar, já estamos percorrendo o Estado para dialogar com todos os setores. Eu acho que o nosso forte vai ser um programa de governo que dialogue com todo o Pará, com cada região e microrregião e a partir de junho e julho, nós vamos fazer seminários para discutir com todos os setores um programa de governo real que vá de encontro às reclamações da nossa região, da nossa população. Viremos a Santarém para fazer esse seminário para todos os setores, como Associação Comercial, os produtores de grãos, trabalhadores, universidades, e outros segmentos, para fazermos um programa de governo real que vá ao encontro da solução de nossos problemas, como desenvolver nossa região com toda essa complexidade ambiental; sendo que a partir da vocação de cada região nós temos como implementar o desenvolvimento sustentável, capaz de assegurar a partir do desenvolvimento de uma região tão importante com tanta riqueza, mas que ainda tem dificuldades no seu dia a dia.

Jornal O Impacto:  Senador, Santarém e a região Oeste do Pará, sentem-se abandonadas pelo governo do Estado. Como mudar essa realidade e trazer melhorias para nossa região?

Paulo Rocha: O grande erro de governos, como do PSDB, está em sua visão elitista de pensar o Estado. Eles só têm políticas para onde está o grande projeto, desenvolver a partir do grande projeto, do rico e etc. Por exemplo, o mineral, onde tem um grande projeto mineral, lá tem política e atenção do governo; Onde não tem, o tradicional, ele não dá atenção. E este é o erro de pensar em desenvolver o Estado só a partir do centro metropolitano. Outra visão elitista, este é um erro e nós temos condições de corrigir não apenas o fato de dar atenção, porque dar atenção significa uma coisa que envolve injustiça, mas além de dar atenção, ele tem de ter um programa de governo que vá de encontro à vocação dessa região. Nós vamos dialogar com a população e perguntar: qual a vocação dessa região para realizarmos política de governo para seu desenvolvimento? A partir daí a gente se compromete, por meio de um debate político, a construir um programa de governo que dê atenção para isso. Agora, eu quero falar sobre a questão da divisão do Estado de novo; eu acho que é algo com um poder de barganha muito grande na região, em dialogar com todos os candidatos; eu acho que a região aqui errou na época da votação do plebiscito, porque a tática abordada foi errada. Ali nós tínhamos de fazer a defesa apenas de dois estados, na medida em que entrou o terceiro, complicou a situação, pois ficou aquela ideia do “Parazinho”, saindo duas regiões ricas. Eu acho que isso levou a derrota do Estado do Tapajós. Se tivesse ido no processo de defesa dos dois estados, em um primeiro momento teriamos Estado do Tapajós, seria um passo importante para o desenvolvimento dos dois estados.

Por: Edmundo Baía Junior

Fonte: RG 15/O Impacto

8 comentários em “Paulo Rocha: “Operação Lava Jato está se desmoralizando”

  • 6 de junho de 2018 em 08:45
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    a ufopa é a pior universidade do brasil e teve elito seu curso de mestrado o mais desqualificado do mundo. criaram um bando de imbecil dentro destas universidades, bestas ideológicas, sociopatas, e piratas sociais. é preciso um governo de direita ou seremos a próxima venezuela…

    paulo rocha é um bandido que o pará não merece…

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  • 6 de junho de 2018 em 08:40
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    este paulo rocha é um pilantra ladrão e vagabundo, ligado a pastoral da terra, ongs, greenpeace , ajudou destruir o brasil e o pará. está encrencado na lava jato no mensalão do pt na belo monte e muito mais.
    chegou a hora dos homens de bens terem a audácia destes vagabundos para limpar a política do brasil…

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  • 2 de junho de 2018 em 14:35
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    Então filho de pobre somente se forma se o lularápio for presidente,kkkkkkk,o programa para ajuda ao estudante carente começou durante os governos militares, inclusive alfabetizando adultos através do MOBRAL, lembra, sabia disso? Certamente que não, outro enganado pelo PT. O que o nove dedos fez foi afundar o Brasil em dívidas e empréstimos a países de política comunista, miserável portanto, que nunca irão devolver os bilhões do BNDES que viraram pó; mas não se esqueceu de enriquecer seus filhos e a si próprio,ou vc acha que ele está preso porque o Moro não gosta dele? Ele esteve sob o julgamento de 15 juízes no total, kPTou ?! Vá ler, se informe e deixe de ser um mero ptreva, saia do rebanho !

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    • 3 de junho de 2018 em 10:01
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      Quando Lula assumiu o poder, no Brasil havia 3 mil doutores, quando terminou seus dois mandatos ele deixou mais de 89 mil doutores e milhares de filhos de empregadas domésticas, garis e trabalhadores sentaram numa universidade juntos com os filhos de papaizinhos

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  • 2 de junho de 2018 em 09:12
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    Lula deve voltar ao poder para garantir que filhos de pobres tenham direito de frequentar faculdades e se tornarem doutores e disputarem os postos de trabalho de igual para igual.

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  • 1 de junho de 2018 em 23:35
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    O lero-lero de defesa dos pobres e a “injusta” prisão do Lula são as mais recentes pílulas douradas que os ptistas querem fazer a população engolir, mas a grande maioria já tomou consciência desse engodo, em outubro dará a resposta, há muito merecida, o não !

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  • 1 de junho de 2018 em 03:22
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    Sempre falai, Lula vai ser eleito sim!

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