Ministério da Saúde diminuiu envio de vacinas infantis para Santarém

“Não existe preferência. Onde alguém chegar e tiver a vacina, tem que ser atendido. Por isso foram criados vários pólos de saúde”

Enfermeira Edna e Maria orientam sobre locais de vacinação

As enfermeiras Edna e Maria estiveram na redação do Jornal O Impacto, para tirar dúvidas sobre várias reclamações, sendo que uma delas é sobre a falta de vacinas nos postos de saúde, onde várias mães se mostraram revoltadas. Uma das mães teve de ir ao município de Mojuí dos Campos para poder vacinar seu filho e outra mãe procurou o posto de saúde do Mapiri pela sexta vez e não conseguiu vacinar seu bebê.

“Nós recebemos uma nota técnica no mês de outubro, do Ministério de Saúde, dizendo que ainda vamos ficar em falta das vacinas DTP, porque ela está sendo desabastecida, mas que vai ser substituída pela Penta Valente. Então, a criança menor de 1 ano e que vai completar seu esquema até os 4 anos, vai poder tomar a penta valente em substituição ao DTP, a vacina Meningo C. Para você ter uma ideia, nós pedimos 5 mil doses esse mês e recebemos somente 300. Nós temos 42 unidades que são cadastradas em rede, então, nós mandamos 10 doses para cada unidade para tentar suprir a necessidade e que a gente sabe que não é possível. Antes, nós mandávamos 100 doses para cada unidade, porém, hoje nós estamos mandando somente 10 doses. O Ministério da Saúde diz nessa nota técnica, que só vai poder mandar o quantitativo de 50% do que nós pedimos. Esse desabastecimento não depende exclusivamente de nós de Santarém, porque a gente pede para a 9ª Regional da Sespa, que pede para Belém, mais precisamente para o DEP e o DEP pede para o Ministério da Saúde. Então, as vacinas vêm do Ministério da Saúde, não somos nós de Santarém que fabricamos. Nós dependemos deles para que essas vacinas cheguem aqui. Para você ter uma ideia, mandamos 10 doses de Meningo C para as unidades, em uma semana acabou. A Penta Valente, que também é para menor de 1 ano, mandamos 50 doses para cada unidade, sendo que antes recebíamos 2.000 doses dessa vacina, porém, hoje estamos recebendo entre 500/800 doses. A vacina anti-rábica nós recebíamos todo mês 500 doses, porém, hoje estamos recebendo somente 50 doses para abastecer 42 unidades de saúde. Nós criamos 13 unidades pólos para fazer o atendimento antirrábico. A gente sabe que a falta das vacinas condiz com a informação, ou seja, está dizendo que foram enviadas essas vacinas e aplicadas, pois tudo que recebemos tem de ter a resposta que foi usado. Nessas informações do recebimento e da aplicação também há uma demora, porque nós temos um sistema chamado SIPNI, onde prestamos contas das vacinas. O ideal seria que toda sala de vacina tivesse computador, para que quando o paciente chegasse na sua sala e tomasse a vacina automaticamente já seria informado aqui. Infelizmente nós não temos computador em todas as salas de vacinas e a ficha do paciente que foi vacinado é enviada para a Divisa, que é onde eu trabalho e lá nós temos o sistema e duas pessoas que fazem essa digitação. Essa informação é feita toda última sexta-feira do mês para o Ministério da Saúde. Nesse momento a gente ainda não informou, então, esse mês de outubro está tudo zerado como se nós não tivéssemos aplicado vacinas”, disse a enfermeira Edna.

Então, a gente pode concluir que ainda vai continuar faltando vacinas? Questionamos;

“Vai sim, no ano de 2018 a gente só vai poder dizer se foi alcançada a meta ou não, só em março de 2019, que é quando a gente consegue consolidar todas as doses”, declarou a enfermeira.

Ao ser questionada quando o Ministério da Saúde manda uma quantidade menor do que foi solicitado, se a Divisa faz alguma nota dizendo que não tem condições de ser só isso, porque a demanda é muito maior, a enfermeira Edna respondeu: “Sim. A gente questiona. O problema é que quando o Ministério da Saúde diminui a quantidade de vacinas, já manda uma nota técnica se respaldando que essa foi a última, dizendo também, que vai faltar a DTP e a gente terá de substituir pela Penta Valente e que a Meningo C vai diminuir 50% da sua produção, assim como os soros antiofídicos que a gente vai ter também o desabastecimento. Então, quando a gente vai questionar, eles já vêm com a resposta dizendo porque diminuiu a quantidade de doses”, informou.

Uma outra reclamação nas ruas e que tem de ser bem esclarecida, é a questão de que alguns postos de saúde se negam a imunizar crianças de outro bairro. Isso é certo? O posto de saúde só tem de imunizar as crianças daquele bairro? Perguntamos..

“Essa orientação não partiu de nós. A Vigilância Sanitária não dá essa orientação, porque é do SUS e onde alguém chegar tem direito de ser atendido. Se eu sou de Santarém e chego lá em Juruti, Placas ou outra cidade, eu tenho por obrigação ser atendida, porque o SUS é nacional. Para isso existe o cartão SUS, onde você chegar e mostrar seu cartão, você tem direito de ser atendida. Nós já tivemos duas reuniões com as enfermeiras das unidades de saúde sobre essa questão, de eu ser do bairro Caranazal e não poder ser atendida no bairro de Santana. Não existe, onde eu chegar e tiver a vacina eu tenho que ser atendida. Por isso esses pólos foram criados. Nós temos um grupo chamado ‘Amigo da Divisa’, quando chega um paciente lá no bairro de Santana precisando do atendimento antirrábico e não tem, eu vou no grupo e aonde tiver ela tem obrigação de encaminhar o paciente para ir tomar a vacina. Quem se sentir prejudicado, é só nos procurar na Vigilância Epidemiológica, que funciona no Centro de Controle de Zoonoses e fazer a denúncia”, disse a enfermeira Edna.

“Os serviços dos laboratórios que eram conveniados com SUS foram suspensos”

Nossa reportagem também conversou com a enfermeira Maria, que falou sobre a gestão da OS no Hospital Municipal de Santarém e na UPA 24 horas.

“Na Secretaria de Saúde existe uma preocupação muito grande no atendimento de qualidade e no serviço humanizado. Nós temos o serviço de Ouvidoria na Secretaria Municipal de Saúde, onde tudo que acontece é encaminhado para lá para ser analisado. Todos os casos que estão relatados, não têm nenhum específico, mas existe toda essa preocupação em manter esse contato, esse diálogo nosso com a OS e com todos os demais serviços prestados pela Secretaria de Saúde, onde há uma preocupação para a gente coibir irregularidades e poder enfrentá-los da melhor forma possível, de forma mais transparente, para que os pacientes sejam atendidos nas suas demandas e evitar transtornos para população”, disse a enfermeira Maria.

Com relação ao transtorno causado no Hospital Municipal de Santarém, por conta da vinda de pacientes de outros municípios para fazer exames, já que a prefeitura acabou a parceria com os laboratórios que eram conveniados com o SUS fazendo com que esses pacientes façam seus exames no próprio Hospital, a enfermeira Maria falou o seguinte: “Com o objetivo de facilitar o acesso ao serviço de exames laboratoriais, houve essa descentralização. Na verdade, os serviços desses laboratórios, no momento, estão suspensos. Quando nós implantamos a coleta nas unidades básicas de saúde oferecemos 25 cotas, o resultado do exame sai no dia seguinte. Então, o objetivo maior é dar o acesso a esse acolhimento, agilizar tanto na coleta como no resultado do exame”, informou.

Então, esse processo vocês vão corrigir conforme o sistema for evoluindo? Perguntamos.

“Esse processo está passando por avaliações e replanejamento, até que se encontre e a gente tenha esse acesso facilitado e uma boa qualidade de serviço, que são os exames que são coletados e encaminhados para o laboratório central do Município, que é não no Hospital Municipal, e a partir daí esse paciente tem o resultado mais rápido possível, para ser encaminhado para consulta médica, para termos um retorno muito mais rápido, diagnosticar, iniciar o tratamento e curar esse paciente. Esse é o nosso maior objetivo e nosso foco principal, que é agilidade no serviço e acesso com qualidade na prestação de serviço. Existe o setor de controle e avaliação, coordenado pela enfermeira Nádia, que diariamente está em contato com os diretores das unidades de saúde para fazer o levantamento desses problemas e tentar corrigir o quanto antes, para evitar realmente que se prolongue e que tenha essa demora no serviço”, finalizou a enfermeira Maria.

Por: Gláucia Rodrigues

Fonte: RG 15/O Impacto

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