A CULTURA DA CAL

Impressionante como a cultura de limpar tudo e passar cal para causar boa impressão, em datas comemorativas e aos visitantes, nas cidades e instituições, continua em todas as esferas da administração pública brasileira, como exceção e não como regra.

Na minha infância achava bonito ver os trabalhadores pintando as sarjetas das ruas das cidades, dando a impressão de limpeza. Pintavam o “pé” das mangueiras, jambeiros e benjaminzeiros, como os da Praça da Matriz, Praça do Centenário e Praça Barão de Santarém, aqui da Terra. Não havia a Praça Tiradentes (era o curro velho). E hoje esta não pode ser pintada. Todos sabem por quê.

Esta cultura ainda não mudou. Vejam, só! Eu que pensava que era só na caserna, que isto acontecia quando havia a visita de um comandante, ou em data comemorativa, era aquela agonia. Faxina geral. Tira capim, apara grama, poda árvore, pintura das sarjetas e dos caules das árvores, pintura de alguns imóveis, com o intuito de mostrar, que todo tempo era aquela beleza, ou, então, mostrar sua eficiente administração. A intenção? Causar boa impressão!

Com o decorrer dos tempos fui observando que em todos os setores da administração pública a prática era a mesma. Lembram da recente visita anunciada, no Pronto Socorro Municipal, pelas autoridades municipais de Santarém? Os repórteres das rádios locais, às cinco da manhã, diziam que era uma faxina geral no Pronto Socorro Municipal arruma daqui, lava dali, espana de lá, arreda banco, tira cadeira velha, joga, esconde…esconde para mostrar o quê? O que não era corriqueiro no local? O que não era regra. Era exceção. Causar boa impressão.

O exemplo vem desde Brasília! Esta não ficou para trás na recente visita do Presidente dos Estados Unidos e seus familiares. O Ministro da faxina mandou dar uma geral no Palácio do Planalto e adjacências. Para receber o imperador “Yanke”. O mesmo aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, por onde o presidente Obama passaria ou nos locais em que seria visitado pelo primeiro da administração Norte Americana. Limpeza e pintura geral, com cal, importante era causar boa impressão à metrópole, pensamento colonialista.

Até neste momento de dor, por qual passa a nação brasileira, com a morte do guerreiro, lutador e íntegro ex-vice-presidente da República, José de Alencar, o Palácio da Liberdade, sede do governo Mineiro, passou por uma geral, para receber o corpo deste brasileiro, limpo. Quiçá essa cal se estendesse aos caras de pau de muitos fichas sujas que emitem juízo de valor do ex-vice-presidente, só para mudar, por uns momentos, essas “sujeiras”. Como diziam os antigos: Mirem-se nele!

Aqui, em Santarém, é comum receberem autoridades, estaduais, federais, eclesiástica só por onde é transitável, empoada, obturada ou caiada, além de oferecerem um coquetel, após a apresentação nos datas show, planilhas (como fazem o pessoal da Cosanpa, Celpa, Secretaria Estadual de Saúde e Educação, por exemplo), encerrando aqueles montes de confusas tabelas, vão almoçar em Alter do Chão, “aquele” tucunaré na manteiga, pirarucu de casaca, de paletó, de terno, torta de avium, costela de tambaqui assada na brasa, acari no tucupi, mesmo estando no defeso. E muitos outros petiscos, drinks e sobremesas de creme de cupuaçu, sorvete de açaí, tapioca e buriti.

E após se desfrutarem da ágape (pensamento subalterno) voltam pela estrada caiada, direto para o conturbado aeroporto santareno (este já foi maquiado de todo jeito, não só de cal, e nada de melhoria). Tchau e benção! Está tudo bem, tudo legal, nada resolvido, só promessas assim os dias vão se passando.

Na época do Círio da nossa Padroeira, sempre fazem aquele esforço supremo e dão aquele banho de cal nas ruas por onde vai passar a procissão. Depois só no próximo novembro.

Agora, neste ano, em especial, nos de trezentos e cinqüenta anos de Santarém que está próximo e com a anunciada possível instalação do governo itinerante, do estado do Pará, no período do aniversário. Haja cal! Já veio até um grupo fazer os preparativos. Ou, talvez, não! por que o governo é de outro grupo político?

Esperamos que a ex-Pérola do Tapajós mereça um tratamento especial e eficiente, pois aplicar muitas toneladas de cal para mudar o visual, como sempre fazem, não enganam mais os eleitores cidadãos. Se assim insistirem em proceder Santarém vai precisar de muita cal, mesmo! Já que nos dias atuais, pela cidade inteira só há sarjeta preta, suja, encardida, cheia de entulhos e mal cheirosa. Se for cuidar dos quatro cantos da cidade não tem cal que seja suficiente para mascará – La. Tudo isso só para causar boa impressão?

PARA REFLETIR: “Não tenho medo da morte. Eu tenho medo é da desonra!” (Ex-Vice-presidente José de Alencar).

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– A tradição continua nesta sexta-feira no FLUMINENSE – o Tricolor da presidente Vargas, o Baile de Saudade, a partir das 23 horas, com o toque musical da BANDA STILLUS – Caetano, Delson e seus convidados. Imperdível!

– Na próxima quinta-feira, dia 07 de abril de 2011, a abertura do ano de atividades da Academia de Letras e Artes de Santarém, às 17horas, no Centro Cultural João Fona. Na Praça de São Sebastião.

 

Um comentário em “A CULTURA DA CAL

  • 3 de abril de 2011 em 10:37
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    Professor, seus artigos são importantes, espelha a realidade do povo, gosto de ler seus artigos. Agora esse professor que ganhou o dinheiro do povo sem trabalhar, não merece fazer parte da classe.

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  • 1 de abril de 2011 em 18:39
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    Professor, sugerir para o senhor comentar as 200 horas que o jornalista e profeesor ganhou sem trabalhar. O senhor parece que apoia esse tipo de corrupção, confio tanto no senhor e fiquei decepcionado. O bocão é a nossa esperança para denunciar esses tipo pessoa. Será que esse patife é seu amigo?

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