PAPUDINHO

O falecimento do ex-governador Hélio Mota Gueiros é motivo para que o povo paraense lamente a perda de uma pessoa, que além de governar para a população do Pará, foi um cidadão que lutou pela democracia. Foi homem público preocupado com sua gente. Ficou conhecido como “Papudinho”. Apelido colocado por seus adversários que esperavam irritá-lo, mas ao contrário, ficou popularizado. Nos palanques pedia votos aos eleitores a fim de que elegessem o “Papudinho”.

Nasceu em 25 de dezembro de 1925 e faleceu a 15 de abril de 2011, com 85 anos vividos. Era de origem de uma família de classe média baixa. Veio para Belém com o pai Antônio Teixeira Gueiros. Pastor presbiteriano convocado para organizar a igreja no Pará. A família ligou-se a um dos mais poderosos caciques da política paraense, Magalhães Barata, O pai foi chamado para ser chefe de Polícia e chegou a Vice-Governador de Moura Carvalho, abençoado pelo Coronel Barata.

Em Fortaleza formou-se advogado. Retornou a Belém assim que concluiu o curso. Foi convocado por Magalhães Barata para se deslocar para Santarém, como Promotor Público. Gueiros não gostou da iniciativa, mas acabou convencido pelo pai que recomendou não contrariar quem tinha o poder de mando. Na Pérola do Tapajós exerceu o cargo para o qual foi nomeado. Criou uma ligação afetiva com Santarém em virtude de sua esposa ser santarena. Terezinha Moraes Gueiros, filha do Sr. Manuel Moraes, comerciante renomado e dono da Casa Moraes, foi constante em todos os momentos da vida pública do ex-governador Hélio Mota Gueiros. Participou, além de toda dedicação à família, da Secretaria de Educação.

Teve momentos em que Hélio, na qualidade de Executivo, fez uso de seu bom humor. Um deles foi durante uma greve de fome feita pelos professores estaduais, instalados no Palácio Governamental. Ele tinha que passar entre os grevistas para chegar ao seu gabinete. Na passagem perguntava, o que vocês querem mesmo? Respondiam: queremos nossos reajustes salariais. Ele dizia com bom humor: “Gente, professor não vende aula, professor dá aula”. Em seguida atendeu as causas da melhor forma possível, como nenhum outro tinha feito.

Deixou sua marca de líder democrata. Entrou para a política pelas mãos de Magalhães Barata, em 1958. Cumpriu mandatos de Deputado, senador, Prefeito e Governador. Chegou a ter o segundo mandato cassado pelo Ato Institucional nº 5, em 1968, por sua luta contra a ditadura militar. Era remanescente do PSD. Ajudou a fundar o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Sigla onde estavam os opositores ao regime militar, iniciado em 1964.

Sua administração governamental é lembrada por seu desempenho em favor do povo. Entre os municípios do Pará, Santarém foi beneficiado por obras que foram realizadas. As escolas de Ensino Fundamental e Médio Terezinha Rodrigues e Aluizio Martins destacam-se como lembranças da pessoa que foi Hélio Gueiros. Ele deixa para toda sociedade o exemplo de como é possível o diálogo e a superação de divergências. Seu falecimento representa uma grande perda para o Estado do Pará.

 Por: José Alves

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