Criação do Estado do Tapajós causa debate no site da 'Veja'

Ricardo Setti vociferou contra a divisão

Ricardo Setti, colunista da Revista ‘Veja’, escreveu em sua página um post intitulado “Farra com nosso dinheiro: Congresso abre caminho para criar dois Estados novos, desmembrados do Pará”.

Demonstrando falta de baseamento teórico sobre a luta das regiões oeste e sul do estado do Pará em busca de sua emancipação, o colunista afirma que os estados não passariam de farras com dinheiro público, pois os mesmos viveriam ‘pendurados’ no governo federal e que “não vão melhorar em nada a população das respectivas regiões”.

Para quem acompanha a luta pela emancipação ficou visivelmente irritado com o pronunciamento de Setti, que reafirma em outro trecho que os “dois novos Estados não vão significar progresso, nem desenvolvimento, nem melhorias”.

Em justificativa, ele comenta que a criação dos estados não passam de uma ‘farra’ política: “irão, sim, implicar em dois novos governadores, dois novos vices, dezenas de secretários de Estado, seis senadores, 16 deputados federais (8 por Estado é o número mínimo), duas Assembleias Legislativas com uma boa centena de deputados estaduais, dois Tribunais de Justiça com seus desembargadores, dois Tribunais Regionais Eleitorais mais seus juízes, e dois Tribunais de Contas e respectivos conselheiros – e, claro, uma multidão ainda impossível de calcular de funcionários públicos.”

A falta de conhecimento sobre a realidade que vive a população dessa região não se limita apenas ao colunista, nos comentários é possível ver que muitas pessoas ridicularizam a batalha. “Meu Deus ! O pior é que uma barbaridade dessas rapidamente é aprovada”. “Nada lógico fundamenta esse desejo de ter mais dois estados no Brasil. Serão só gastos a mais. Todo o resto continuará na mesma. Serão só mais duas burocracias modorrentas a demandar recursos públicos do País todo.”

Mesmo com a política adversa da capital do estado, há quem defenda a divisão. “Prezado Ricardo Setti, é incrível como lhe faltam os fundamentos mais elementares para avaliar uma decisão como essa, da divisão do Pará. (…) Eu sou belemense, sou nascido e criado aqui e moro na cidade, então teria todos os motivos para ser contra a divisão do estado, já que ela significa uma perda de poder relativa para o meu estado, mas eu entendo perfeitamente o anseio das populações do sul e do oeste do Pará pela emancipação. É verdade que o Estado em Belém funciona mal, mas aqui ao menos ele existe, situação oposta à das grandes cidades do sul e do oeste do Pará, onde ele é praticamente inexistente. Todos os governadores do Pará, todos, sem exceção, foram nascidos em Belém, e nunca deram a mínima para as outras regiões do estado. (…) É verdade que um tamanho menor não garante uma administração melhor, senão Alagoas não seria o descalabro que é, mas é verdade também que as distâncias continentais do Estado atrapalham sim a administração pública. (…) As suas afirmações de que a divisão não irá melhorar em nada a vida dessas populações, nem trará desenvolvimento ou progresso, são simples BAZÓFIA. A experiência do Mato Grosso do Sul e de Tocantins mostra exatamente o contrário. Por favor, consulte os alfarrábios do IBGE e comprove: veja quanto cresceu o PIB de cada um desses estados em comparação com os dos quais foram desmembrados, veja por exemplo os números da previdência no Tocantins (…)”.

Provando com fatos e dados, muitos paraenses que lutam pela emancipação, tentam o fazer entender a dificuldade como a falta de condições das estradas, o descaso com a saúde e com a educação, além da monopolização dos investimentos na região metropolitana são fatores que elevam a anseio à emancipação. “É um absurdo você escrever esse tipo de coisa, argumentos dessa forma, sem conhecer a realidade! Você com certeza, nunca andou por aqui. Nunca viajou de Marabá para Redenção ou Parauapebas, três cidades importantíssimas dessa região, nunca viu como são as estradas dessa região. (…) A educação é péssima, a saúde precária, violência, estradas em péssima situação. (…) Se eu não me engano, cerca de 70% dos investimentos do governo estadual se concentram na região metropolitana, enquanto todo o interior do estado fica com o restante. (…) Só peço que o senhor procure saber mais sobre essa luta que vem a mais de 20 anos, uma luta de um povo que sofre”.

O argumento de um leitor derruba a afirmação do colunista quanto à incapacidade dos estados se acenderem sozinho. “Caríssimo Ricardo Setti, entendo perfeitamente seus argumentos e o pensamento de quem concorda com você. É importante deixar claro que eu, se conhecesse apenas a parcialidade que você conhece, concordaria e defenderia cada vírgula escrita no artigo. O outro lado da moeda é que as regiões do Tapajos e de Carajás podem perfeitamente se desenvolver com recursos próprios. Carajás é exportador de carne, detendo 60% de todo o gado de corte do Pará, abriga o municípios mineradores onde atua a Vale e outras grandes mineradoras, inclusive Parauapebas, cuja balança comercial alterna a liderança NACIONAL com Angra dos Reis, estando atualmente em segundo lugar, após a referida cidade carioca. Tapajos, que é a região que eu menos conheço, tem turismo e agricultura desenvolvida, além de regiões com elevado potencial de mineração. Diante da riqueza das referidas regiões, persiste o problema que motiva o sentimento separatista: Carajás e Tapajós pagam vultuosas somas em impostos que vão para o Governo do Estado em Belém e por lá ficam, sendo aplicadas na capital e municípios circunvizinhos.”

Um dos grandes debatedores do assunto no site foi o economista santareno Aldrwin, que ressalta a importância da melhoria da qualidade de vida das pessoas dessas regiões com a emancipação, acima de qualquer possível ‘farra’ política. “(…) Recomendo que o sr. leia mais sobre o quanto essas regiões (Tapajós e Carajás) pagam de tributos à união e quanto dela recebem. Veja quanto de nossas riquezas já foram usadas para financiar sua infra estrutura, educação, saúde e financiamentos que o governo federal proporcionou a São Paulo, Rio e demais “centros” nacionais. (…) Não vemos Paulistas lutando pra ter menos deputados, menos senadores, menos secretarias estaduais, menos obras do estado no município de São Paulo, Campinas ou Ribeirão Preto. Nem vou entrar no mérito de discutir os impactos positivos sobre o principal que foi esquecido pelo sr. As pessoas. Quando se tem estado presente tudo o que se quer é ter menos estado. Quando não se tem, tudo o que queremos é ter estado (…)”.

Em outro ponto o economista discute a coerência de Setti, quando o mesmo fala “Farra, e farra da grossa, com governadores, vices, secretários, deputados, desembargadores, conselheiros e milhares de novos funcionários – tudo pago pelo seu, pelo meu, pelo nosso dinheiro”, em contra partida aos gastos públicos do sudeste. “O Sr. Ricardo Setti que reclama dos custos da democracia e do modelo republicano (tribunais, polícia, institutos, autarquias, câmaras, assembléias, deputados, senadores, governadores, etc) inicie uma mobilização contra essas enormes “despesas” aí em São Paulo. Comece já a exigir o fim de sub-prefeituras, diminuir o número de vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, juízes (…), menos fóruns, menos tribunais, menos tudo isso que o estado lhe proporciona e que “custa muito” e não traz retorno. (…) Não quis ofende-lo e lamento se o insultei, mas gostaria de convida-lo a rever seu posicionamento ouvindo outros pontos de vista.”

O jornalista Jota Ninos também deixa sua contribuição ao debate. “Fico triste em ver que meus colegas jornalistas do sul, como você, se deixem envolver pelo velho discurso de que a criação de novas unidades da federação criam apenas despesas para a União. (…) Acredito que você, diligente como é, deverá se aprofundar no estudo do tema e, quem sabe, possa rever seus conceitos, antes de pensar no Pará apenas como um estado de políticos oportunistas querendo se aproveitar do dinheiro da união. Não que eles não existam, afinal estão presentes na nossa sociedade mesmo nos grandes centros.”

Leia a post de Ricardo Setti na íntegra: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/farra-com-nosso-dinheiro-congresso-abre-caminho-para-criar-dois-estados-novos-desmembrados-do-para

Notapajos.com

Um comentário em “Criação do Estado do Tapajós causa debate no site da 'Veja'

  • 15 de junho de 2011 em 19:53
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    Surpreendente é Tocantins já ter IDH superior ao Pará.

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  • 15 de junho de 2011 em 19:49
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    Parazinho, é só colocar Zona Franca em STM que o IDH do Tapajós melhoraria e muito, proposta alias feita pelo Senador pelo Amapá, José Sarney,(ZF STM-Almeirim-Macapá) mas os políticos do Pará (sempre estes porcarias) foram contra. No Amazonas também, só Manaus que tem alguma coisa, o resto é pobre e SEMPRE será pobre.

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  • 23 de maio de 2011 em 17:19
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    Onde será a capital? Altamira?

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  • 11 de maio de 2011 em 22:30
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    este eh o ranking do idh da nossa regiao.acho q deve ser levado em consideracao,para aqueles que falam em extensao territorial como sendo o problema da ma administracao do para.sendo assim amazonas deveria estar em ultimo posto,por ser o maior.o maior problema do para eh a administracao que eh uma bela porcaria.tambem por culpa nossa por votarmos em politicos da capital.

    12° – Amapá – 0,780
    13° – Amazonas – 0,780
    14° – Rondônia – 0,756
    15° – Tocantins – 0,756
    16° – Pará – 0,755
    17° – Acre – 0,751
    18° – Roraima – 0,750
    vou continuar estudando sobre a divisao ateh ter informacao suficiente pra me decidir.ah outros fatores que realmente fazem sentido para a emancipacao,mas nao esse.

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  • 11 de maio de 2011 em 21:47
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    Parazinho, tu a Capital rapa…O estudo foi feito sim e com toda certeza amigão e totalmente viável… Uma vez assiste o Ex Governador Almir, dizendo que Santarém não gosta de pagar imposto, hora amigo parazinho quem e que gosta não e verdade, acredito que capital não quer seu pote de ouro, ferro, bauxita e outros mineiros, para bancar a ropalheira dos políticos que são quase todos Capital Paraense Belém.

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    • 11 de maio de 2011 em 22:39
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      nao esquenta que eu nao sou nem de perto da capital.devem ser uns 800 quilometros em linha reta de distancia.

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    • 11 de maio de 2011 em 22:50
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      se vc tiver uma copia dese estudo eu ficaria agradecido.

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  • 11 de maio de 2011 em 21:18
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    vejam bem,nao estou dizendo que sou contra o tapajos,e sim que eu quero informacoes,estudos,conhecimento.senao vamos ser tao sem sentido quanto aquelas propagandas do liberal,que soh fala de tamanho,nao fala de porque ser ou estar.se vcs tiverem algum site que eu possa estudar a respeito ficarei grato.

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  • 11 de maio de 2011 em 21:13
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    outro dia quando eu pedi informacoes a respeito de estudo da viabilidade deste novo estado,nao obtive respostas.apenas me diseram que era melhor um tapajos pobre do que continuar no para.acho q se queremos um novo estado ele deve ser antes de tudo viavel,auto sustentavel e logicamente melhor do que era.se for pra pagar mais um monte de politicos vadios e ser uma merda de estado a base de recursos federais entao nao vejo porq faze-lo.

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  • 11 de maio de 2011 em 18:18
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    Não existirão CUSTOS para a criação dos novos estados e sim INVESTIMENTOS. Quem fala em custos quer confundir a sociedade, pois sabemos que estas regiões são carentes de investimentos públicos.
    Paulo Leandro Leal, jornalista, sobre o assunto do momento em todo o Pará.

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  • 11 de maio de 2011 em 14:39
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    Vai haver com certeza mais despesas, porem o dinheiro que desviado que nao pouco de bem gasto acho que com certeza daria para criar varios estados e ainda sobraria um troco, o caso da ALEPA, quantos deputados da Nossa região oeste estam envolvidos…
    O novo estar vai dar vida economica para nossa região… gerar emprego e renda…

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  • 11 de maio de 2011 em 11:26
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    olha independente da minha posicao em relacao a emancipacao,eu acho uma falta de respeito uma pessoa q talvez nunca tenha vindo ao nosso estado querer dar palpite.primeiro por q nosso estado nunca se interessou de verade a maioria das pessoas do sul e sudeste.na verdade sempre nos tratarm como se nem fizessemos parte do brasil.apesar das nossas contrinbuicoes com minerio,carne,madeira e outros.se alguem tem que decidir eh o povo paraense.

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    • 11 de maio de 2011 em 12:33
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      alguem sabe me dizer quantos deputados da nossa regiao foram eleitos?

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