José de Lima: “Santarém: a vocação de ser Capital”

Economista José de Lima Pereira mostra vantagens do futuro Estado

A despeito da falta de investimentos estruturais em Santarém e região, em infra-estrutura urbana, portuária, aeroportuária, saúde, saneamento, e, principalmente carente de políticas que venham contemplar a verdadeira vocação econômica, o município de Santarém cresce e desponta como a maior vocação para ser a capital do estado do Tapajós. A opinião é do Professor e economista José de Lima Pereira, que, em entrevista ao IMPACTO, apresenta um panorama do momento econômico, e aponta as vantagens de a capital do Tapajós, seja instalada em Santarém. Veja a entrevista:

Jornal O Impacto: Como o senhor analisa o cenário histórico recente da economia de Santarém, levando em conta os últimos 10 anos, períodos em que o Brasil vivencia um considerável desenvolvimento na sua economia?

José de Lima Pereira: Santarém, como toda cidade pólo, já chegando aos seus 350 anos, em que peses as distâncias de Belém, a capital, nos últimos 10 anos tem seu crescimento econômico acentuado, embora haja uma distância também acentuada em seu desenvolvimento. Somente em educação superior, nos últimos 10 anos foram investidos mais de R$ 80 milhões e hoje passa a contar com 14 instituições de ensino superior (IES), com mais de 60 cursos de graduação e pós-graduação. A partir de 2005, tornou-se uma cidade universitária, com uma oferta significativa de bons cursos presenciais e a distância com mais de 27 mil alunos matriculados, procedentes dos 27 municípios da região Oeste do Estado, do Estado do Amapá, do Amazonas, Mato Grosso, Acre e Rondônia. Com a transferência de parte da fronteira agrícola do Centro Oeste brasileiro para a Amazônia Meridional, especificamente para o município de Santarém, em pouco mais de cinco anos a Produção Interna Bruta (PIB) foi duplicada e em 2010 fechou com R$ 3,2 bilhões, com destaque para o setor agropecuário, com 35% do total; indústria de serviços de utilidade pública, com 11%; construção civil, com participação relativa de 12,5%; intermediação financeira, com participação de 4,5% e crescimento de 125% nos três últimos anos. Hoje com 310 mil habitantes e uma crescente demanda por serviços ligados às necessidades básicas, o Município, devido ao crescimento sem planejamento, é carente de infra-estrutura urbana, portuária, aeroportuária, saúde, saneamento, e, principalmente carente de políticas que venham contemplar a verdadeira vocação econômica de Santarém.

Jornal O Impacto: Quais os principais potenciais econômicos que Santarém possui, e quais já estão sendo explorados com qualidade?

José de Lima Pereira: Quando se estuda a economia de Santarém, verifica-se que por se tratar de uma cidade pólo, tem como principal função a centralização da economia regional, tendo como suporte a concentração da economia dos 26 municípios do Oeste do Estado do Pará. Nesse sentido, vários são os segmentos de potenciais econômicos: CONSTRUÇÃO CIVIL – No ano de 2009, o segmento cresceu 112% e em 2010, 131%, com perspectiva de crescimento de mais de 110% em 2011, o que faz do setor a continuidade dos investimentos em obras civis, tanto na construção de casas em unidades habitacionais como a construção de prédios com até três pavimentos (que não necessitam de elevadores) e a projeção de cinco prédios de apartamento com mais de 10 andares. Em 2010, o número médio de construções em andamento, segundo dados do CREA/PA, era de 4.414 obras, já ultrapassando 4,5 mil obras, em média em 2011. TRANSPORTE AQUAVIÁRIO – Segundo a Marinha do Brasil (2011) e do CEAMA (2011),em 2009 o número de embarcações registradas na Capitania dos Portos de Santarém era de 8,3 mil e se contabilizava mais outras 13 mil embarcações sem registros, se contar as mais de 30,1 mil. Em 2010, somente uma empresa de industrial de rabetas (equipamentos destinado à propulsão de pequenas embarcações), produziu mais de 2,4 mil unidades, elevando-se consideravelmente o número dessas pequenas embarcações. Uma bajara de madeira que em 2007 era vendida por R$ 250,00, hoje ultrapassa R$ 850,00, uma elevação de 340% em pouco mais de três anos. Por outro lado, o número de embarcações de linhas regulares dos municípios vizinhos já ultrapassa 67 por semana, transportando mais de 2,5 milhões de passageiros e transportando mais de 997,5 mil toneladas de cargas anualmente. MADEIRA – Levando-se em conta a legalização da madeira e a consequente modernização tecnológica do setor, o segmento madeireiro vem crescendo com taxas significativas nos últimos cinco anos. Hoje tem se aproveitado mais de 67,3% da madeira em tora, o que outrora se tinha um aproveitamento de 35%. Das empresas do setor, todas estão beneficiando a madeira em forma de artefatos, com a industrialização de portas, cabos para talheres, para pequenas ferramentas e outras pequenas peças destinadas ao mercado nacional e internacional. HORTIFRUTIGRANJEIRO – É um setor que passa por mudanças em seu formato, partindo da vontade da iniciativa privada, mas, no entanto, a condução de suas políticas continua nos mesmos moldes, há mais de 20 anos. Nas décadas de 70 e 80, o Município foi grande exportador de algumas variedades de hortifrutigranjeiros, dentre as quais: tomate, limão, laranja, melão, banana, abóbora, dentre outros, principalmente para Manaus, capital do Amazonas, mas em decorrência da concorrência o CIAGESP em São Paulo, os preços de lá ficaram bem mais competitivos e o setor declinou em sua produção, de tal forma que nos últimos 10 anos, se importam mais de 120 toneladas de hortifrutigranjeiros semanalmente, incluindo-se a folhagem que grande parte vem transportada de avião. Hoje com a produção mais modernizada, com o uso de fertilizantes naturais e químicos, a produção de laranja, banana e limão voltam a ter destaque, com a volta das exportações para Manaus. GRÃOS – A produção de grãos tem crescido com taxas significativas nos dois últimos anos. Somente a soja cresceu 6,9% de sua área plantada em 2009 e 10,3% em 2010. Espera-se que em 2011 a safra tenha ultrapassado 40 mil hectares, com incremento de 13,4% em relação a 2010, com toda produção voltada para a exportação pelo porto graneleiro da empresa Cargill Agrícola. O milho também tem tido produção elevada nos dois últimos anos. Em 2009, se produziu 890 mil sacas que foram colhidas em uma área total de 12 mil hectares. Em 2010, a produção foi ampliada para 12,5 mil hectares, ultrapassando as 900 mil sacas, que foram comercializadas com destinação de produção de ração (55%) e os 45% diretamente no Mercadão 2000, tanto em nível de varejo como atacado. O arroz, também teve alteração em sua área plantada, saindo de 25 mil hectares em 2009 para 28 mil em 2010, com produção de 56,8 sacas por hectare em média. Toda produção estava armazenada e seu beneficiamento começou em 2011. TURISMO E HOLETARIA – Um dos segmentos que vem crescendo em taxas significativas. Em 2009 o número de apartamentos disponíveis era de 1.213 unidades. Em 2010, com a reforma de um dos maiores empreendimentos dos últimos 35 anos e a construção de mais cinco novas unidades e ainda a transformação de nove prédios em hotéis, o número de unidades de apartamentos se elevou para 1.465. Três novos projetos já estão em andamento, com mais 400 unidades de apartamentos entre outros serviços ligados a estes, que devem ostentar as bandeiras de: IBIS, Formile 1 e Hotel Fórmula II (este último de Santarém). Por outro lado, tanto a GOL como a TAM estão com mais dois vôos diários programados para Santarém, forçando a ampliação do aeroporto que vem atendendo mais a demanda de passageiros.

Jornal O Impacto: Quais os problemas histórico-culturais economicamente, desde sua origem?

José de Lima Pereira: Como se falando de um Município com 350 anos que teve em sua origem a colonização portuguesa, Santarém, desde 1753 sempre teve a liderança regional com destaque de uma espécie de capital do Baixo Amazonas. Do ponto de vista cultural e levando-se em conta às suas origens indígenas, no cenário cultural nacional, Santarém sempre teve em sua cultura, fortes manifestações poéticas, folclóricas e musicais. Mas foi daqui que saíram inúmeras peças da cerâmica tapajônica com formas e traços únicos, em exposição em muitos museus brasileiros. Por outro lado, diante do bairrismo que tem traços fortes em outros municípios da região, Santarém, por ser uma cidade pólo, pelos menos nos últimos 10 anos se tornou uma cidade acolhedora, com diferentes sotaques dentre os quais: o nordestino, o gaúcho, paranaense, mato-grossense e tantos outros.

Jornal O Impacto: Como o senhor vê as perspectivas econômicas de Santarém neste crescente desenvolvimento econômico e estrutural do País, levando em conta os anos que antecedem a Copa do Mundo de 2014 e a possível transformação de Santarém em uma capital?

José de Lima Pereira: Em se tratando de Copa do Mundo, Santarém está mais próximo de Manaus, no Estado do Amazonas, que será uma das sedes da copa de 2014, do que Belém, a capital do Estado do Pará, que ficou de fora. Diante desse cenário, há a possibilidade de se ter uma seleção treinando em Santarém, que é a cidade com mais estrutura esportiva e aeroportuária, distante 45 min de Manaus. Porém, se faz necessária a efetivação de uma melhor infra-estrutura urbana e aeroportuária com serviços de qualidade. No que se refere a possível transformação de Santarém em capital do futuro Estado do Tapajós, se traduz em uma realidade bem próxima. Os investimentos para a implantação do Estado com a capital em Santarém, pelos últimos estudos realizados pelo CEAMA (2011), são de R$ 954 milhões, bem abaixo dos investimentos de R$ 4,5 bilhões, se a capital for em outro local.

Por: Manoel Cardoso

Um comentário em “José de Lima: “Santarém: a vocação de ser Capital”

  • 17 de março de 2012 em 16:36
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    Ede seu viado, tu n conhece santarém, deves ser algum baba ovo de belenense que não sabe o que fala, por isso vomita ofensas e inverdades sobre a nossa cidade.

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  • 7 de junho de 2011 em 01:10
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    Apesar de terem apagado meu comentário, volto a dizer que deveria ser dado o crédito ao repórter que fez a entrevista…

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  • 6 de junho de 2011 em 19:39
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    Os créditos deveriam ser dados ao repórter que produziu a entrevista com o professor Lima…

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  • 6 de junho de 2011 em 19:35
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    A falta de educação do povo não é o suficiente para definir a futura capital do Tapajós. Santarém é a cidade bem mais preparada em infraestrutura para sediar a capital do Estado. O Tapajos é uma luta legítima, sendo que a cidade já é considerada capital desde 1753 por Francisco Xavier Mendonça Furtado, então governador do Grão-Pará. Assim, não podemos levar em consideração o comentário do Ede.

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  • 6 de junho de 2011 em 08:58
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    Besteira onde Ney? me diz UMA, uma só rua de Santarém que tem condições de andar um Deficiente Visual, Cadeirante, Carrinho de Bebe? e o lixo, você não anda pela cidade não? e o uso das áreas publicas pelas pessoas, você acha correto isso? O intuito não é ofender, O Tapajós ja passou da hora até de existir, o intuito é chamar a atenção do “Mocorongo” dos problemas da cidade que é sim a mais suja e cheia d entulho que eu conheço.

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  • 4 de junho de 2011 em 20:25
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    esse tal de ed deve ser bem de manaus para tar falando besteira.depois de ser capital santarem vai melhorar e muito,aqui em manaus é bem mais sujo e nem por isso deixa de sercapital.

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  • 3 de junho de 2011 em 10:26
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    Queria saber do prof. Lima, por que o conselho regional de economica e contra divisão do Estado, sendo CORECON faz partes das linderas do movimento em Belem?

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  • 3 de junho de 2011 em 06:42
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    Santarém não tem condições de ser capital. O povo não exerce cidadania, a cidade é um lixo só, acho que é a mais suja do Brasil, os comerciantes e moradores se fazem dono da parte do passeio público, não há uma quadra da cidade em que se possa andar decentemente. Melhor fazer outra cidade.

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