Cinco etnias do Pará participam do XI Jogos dos Povos Indígenas‏

XI Jogos dos Povos Indígenas‏

Assurini, Kayapó, Kyikatêjê, Tembé e Xikrin. Com a participação de cinco etnias paraenses, a 11° edição dos Jogos dos Povos Indígenas será realizada de 5 a 12 de novembro, na Ilha Real, em Porto Nacional, no estado do Tocantins. A Coordenadoria Estadual de Proteção dos Direitos dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais (Cppita), da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) participa da olimpíada verde, que integra 38 etnias indígenas brasileiras.

Idealizado pelo Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC), a edição deste ano aguarda a participação de 1.400 representantes. A participação significativa, neste ano, é bem diferente da primeira edição, realizada em 1996, em Goiânia.  No primeiro evento, somente 400 indígenas participaram. Tal evolução é justificada pelo sucesso nas articulações políticas e técnico-administrativas. “Orquestrar mais de 1.400 atletas, de 38 povos com costumes, línguas e grau de contato com a sociedade envolvente diferenciado uma da outra é sempre um desafio, uma tarefa difícil. Mas, isso é possível quando temos nossa liderança reconhecida e construída durante anos de trabalho neste segmento”, afirma o diretor do Comitê Intertribal e articulador dos Jogos dos Povos Indígenas, Marcos Terena.

Neste ano, os atletas disputam nas seguintes categorias: arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força, canoagem, natação, corrida, futebol masculino e feminino. Modalidades tradicionais, como: zarabatana, corrida de tora e lutas corporais também são algumas das atividades presentes na competição.

Considerado como um modelo de celebração desportiva tradicional, cultural e espiritual, esta olimpíada verde conta com apoio do Ministério do Esporte. Aliada às causas indígenas, a Sejudh coordena, formula e executa políticas públicas de proteção e reparação dos direitos humanos dos povos indígenas e populações tradicionais. “Sinto-me gratificada em receber o convite para a participação, neste importante evento, pois, considero primordial o trabalho articulado. Em parceria com a Seel (Secretaria de Esporte e Lazer), estamos nos organizando para prestigiar e interagir com a organização do evento e também com os povos indígenas representados neste evento”, ressalta a Coordenadora da Ceppita, Maria José Abreu.

A Coordenadora afirma ainda que o governo do estado dá atenção especial à questão dos Povos Indígenas e que existem duas demandas prioritárias, contidas na agenda mínima do governo, que contemplam esses povos. “A construção de escolas indígenas e a volta dos jogos indígenas, são ações que contribuirão de forma significativa para o desenvolvimento da educação, da cultura, do esporte e lazer das etnias indígenas paraenses”, explica.

O resgate de tradições
O evento é tão significativo para os Povos participantes que, inspirados na competição, voltam a praticar atividades que estavam esquecidas. O aumento da auto-estima dos indígenas participantes é um outro benefício destacado pela organização. “Nota-se o resgate de culturas e esportes tradicionais, que muitos já nem praticavam mais. Hoje, muitas etnias já realizam seus próprios jogos, inspirados neste evento. Há de saber que temos mais de 68 etnias na fila de espera para participar pela primeira vez do evento. Não temos recursos financeiros e nem pessoal para atender todos os povos. Lentamente, estamos adotando o sistema de revezamento, embora muitas etnias não queiram sair”, destaca Terena.

Visando promover o esporte sócio-educacional como identidade das culturas autóctones, voltado tanto para promoção da cidadania indígena quanto para a integração e valores originais, os jogos não estabelecem, por exemplo, faixa etária específica para cada atividade. De seis meses até 80 anos, todos participam em igualdade. Outra diferença diz respeito à presença de um juiz. Em todas as provas dos jogos tradicionais, não há a figura de um árbitro, exceto para a modalidade do futebol. “Os jogos não visam premiar ou achar os grandes campeões, portanto não existe o pódio para premiação ou destaque. Em cada modalidade temos sim o ‘ganhador maior’, mas, todos participantes inscritos ganham sua medalha e sua equipe, um troféu”, explica Terena.

Programação
Na abertura do evento, um ato espiritual indígena tradicional será realizado às 19h. A cerimônia de abertura prossegue com atos inspirados e inseridos dentro do contexto ritualístico e espiritual e visa pedir licença e a bênçãos para o uso do ar, do solo, da água. “Pensamos desde a construção física de todo cenário – tendo a natureza como nossa companheira; ao período de realização, que obedece ao calendário indígena (com inicio anual das primeiras chuvas, e aos sete dias que antecede o período da lua cheia). Além disso, todo material utilizado nas provas, são originais de criação indígenas, cada qual com sua tecnologia peculiar. As indumentárias são de usos em nossas atividades, nas manifestações culturais e espirituais. Poderíamos até chamar este evento de Jogos Verdes”.

O evento terá, ainda, atividades que objetivam despertar a atenção para a importância da educação ambiental, como um fórum com debates relevantes sobre o assunto. A programação destaca, por exemplo, o replantio de árvores nativas e a limpeza simbólica dos rios e de suas nascentes. O desembarque dos atletas, na Ilha Real, será realizado no dia 4 de novembro. “Estamos confiantes porque temos a força espiritual do nosso supremo ‘Itukó’óviti’ em nós, e contamos com uma equipe  de jovens voluntários treinados para enfrentar o calor de 40 graus, e todos os meus parentes prontos para a celebração e o encontro de toda nossa grande família”, ressalta Terena.

Fonte: Ascom/Sejudh

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