Divisa realiza testes finais com armadilhas da FioCruz, contra dengue

Armadilhas do mosquito da dengue

“Eu perdi a minha esposa no ano de 2000, quando morava no bairro Jardelândia. Tudo por conta do mosquito da dengue. Como pode um inseto tão pequeno fazer um estrago e na pior das conseqüências tirar a vida de uma pessoa”, disse o aposentado de 74 anos de idade, Francisco Lopes. Atualmente ele reside no bairro da Nova República e vive um novo matrimônio e, segue as regras exigidas pelos agentes de endemias, da Divisão em Saúde de Santarém (PA), Divisa. Tudo isso para o bem de toda família. Além dos cuidados básicos como evitar entulhos e fechar os depósitos de água para evitar a proliferação do mosquito da dengue, a casa dele faz parte do experimento com armadilhas para pegar o mosquito vindos da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, a FioCruz. A ação completa dois anos de atividade. E conta com a parceira dos servidores do setor de endemias da Divisa/Stm. A etapa final começou na última segunda-feira, dia 6 e deve encerrar na próxima terça-feira, dia 15.

“Esse trabalho está sendo aplicado em cidades das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. No Pará, somente Santarém aderiu ao modelo. Devido alguns critérios para receber o projeto, como o Município ter entre 100 a 300 mil habitantes. E principalmente, o apoio da Divisa de cada Município”, disse o biólogo da Divisa/Stm e coordenador da Fiocruz/Stm, João Carlos Lira. A atividade com as armadilhas foram aplicadas na área urbana do Município santareno, mais precisamente em três bairros, sendo o Jardim Santarém, Nova República e Santarenzinho. No entanto, só em algumas áreas dentro desses bairros foram utilizadas essa ferramenta para pegar o inseto.

“O critério para escolha desses bairros na cidade foi devido a manifestação do mosquito da dengue. No total, quatro tipos de armadilhas foram implantadas nesses bairros, a ovitramp, adultrap, mosquitrap e bg sentinela. A estratégia desse trabalho é quantificar a área com maior manifestação do mosquito da dengue. Quantificados no laboratório pode ser mais rápida a identificação e posteriormente a eliminação do mosquito transmissor da dengue na área. Ou seja, diminui as horas de trabalho e a exposição dos servidores que trabalham com o fumacê e das pessoas do local identificado. Porque, o agente de endemias vai passar a trabalhar realmente na área afetada pelo mosquito da dengue”, disse João Carlos Lira.

João Carlos Lira-biólogo da Divisa

Na casa do aposentado, no bairro da Nova República, foi utilizada a armadilha BG Sentinela. O coordenador da equipe de endemias desse setor, Antônio Carlos da Silva, explicou a semelhança dessa ferramenta com o abajur. “A BG sentinela fica dentro da residência em lugar estratégico com luz ligada por 12 horas. No interior da armadilha é colocado um atrativo para o mosquito, semelhante a um sabonete. E mais um pequeno saco de tecido na cor preta semelhante ao saco de coar café. Com o cheiro do atrativo, o mosquito vai ficar preso dentro do pequeno coador. Depois vamos retirar o mosquito com uma pequena mangueira até os cilindros de vidro. E repassamos ao laboratório para se identificados se os mosquitos são os da dengue ou não. Hoje pegamos só dois mosquitos, mas têm casas que enchemos as ampolas. E levamos ao laboratório da Divisa para ser avaliado se há o mosquito transmissor”, disse Antônio Carlos.

O aposentado Francisco Lopes acredita ser positivo o trabalho desenvolvido no bairro, pela Fiocruz. “É muito interessante essa ferramenta para tirar de vez esses insetos da nossa casa. Foi muito válido esse serviço e esperamos que possa ajudar  a identificar o local que tem esses voadores. Mas, eu entendo que teria mais resultado se tivesse a atividade em todas as casas do bairro e se possível nos outros bairros para o efeito ser maior”, declarou. A moradora Keila da Silva Oliveira, de 37 anos, disse que os comunitários do bairro da Nova República estão mais parceiros entre si. Resultado das propagandas nos meios de comunicação e o alerta feito pelos agentes de endemias, o cuidado aumentou em evitar a chegada do mosquito. “Antes, quando chegávamos com o vizinho e pedíamos para retirar o lixo, era mesmo que nada e os mosquitos enchiam a nossa casa. Hoje mesmo, na frente da casa do vizinho em um local feito para massa de cimento está cheio de água. Já falei com ele e disse que vai retirar a estrutura do local”, informou Keila.

O coordenador do Programa de combate a dengue, Felipe Belém, esclareceu que nesses primeiros meses de 2012 foram notificados 117 casos e confirmado 40 casos de dengue no município de Santarém. Os bairros que formaram esse quantitativo foram Aeroporto Velho, Diamantino, Interventoria e Maracanã. Esclareceu sobre o encerramento das atividades com as armadilhas da FioCruz, iniciadas em fevereiro de 2010 com encerramento no dia 15 de fevereiro de 2012. “Foram dois anos de atividades, vamos reunir com o coordenador da Divisa de Santarém. Ele tem a proposta de colocar uma única armadilha em todos os bairros de Santarém, o modelo ovitramp. Caso confirmado, haverá necessidade de mais agentes para essa atividade. Porque nessa  ação experimental da FioCruz, aplicada em três bairros teve o envolvimento de 40 profissionais”, informou Felipe Belém.

Sobre o atrativo para o mosquito – Existem dois tipos de atrativos para pegar os mosquitos dentro das armadilhas. A primeira é semelhante a pequena barras de sabonetes que são colocadas em algumas armadilhas, uma delas é a BG sentinela. A composição não foi revelada pelo biólogo que coordena os trabalhos da FioCruz em Santarém, João Carlos Lira. Mesmo porque, o material vem plastificado direto da FioCruz para ser utilizado. O outro atrativo utilizado nas armadilhas, como na ovitramp, é o líquido feito de femu (campim fermentado).

Fonte: RG 15/O Impacto e Alciane Ayres

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