Jornalista santarena luta contra o câncer

Leíria Rodrigues com o médico Sâmio Pimentel Ferreira

Ter conhecimento que está doente de uma patologia que requer tempo de tratamento, é difícil cair a ficha para muitas pessoas. Existem desabafos de doentes que relatam sobre o medo de dar primeiro passo no tratamento. A exemplo do câncer. Já, outros tiram forças para encarar a difícil jornada e ainda proporcionar uma lição de conhecimento da doença à sociedade. Conheça um pouco da medicina que trata dessa patologia, através da jornalista Asleíria (Leíria) Rodrigues, diagnosticada a um mês com câncer de mana. Ao entrevistar o médico Oncologista. Colocamos alguns trechos da entrevista:

Aos 37 anos de idade, depois de ter amamentado quatro lindos filhos, entre eles dois gêmeos, descobri no dia 23 de janeiro de 2012, um câncer na mama esquerda. Uau! Era comigo, Leíria Rodrigues, que durante muito tempo, como radialista no Programa De Mulher para Mulher, na Rádio Rural de Santarém, falava sobre os cuidados com nossas queridas ouvintes! E foi lá que conheci a médica mastologista, santarena, Angeluce Santos, no quadro entrevista com especialista. E justamente essa querida médica, que se tornou amiga, me deu o diagnóstico! Na época, também estava no meio do Curso/Pós Graduação em Jornalismo Científico na Universidade Federal do Oeste do Pará… Daí aumentou minha vontade em continuar como jornalista falando da importância da Ciência em minha vida…   E, claro, do jornalismo também! À minha turma e aos professores, na pessoa do coordenador do curso Manuel Dutra, dedico esse bate papo científico com o Médico Oncologista Clínico, Sâmio Pimentel Ferreira, coordenador da Clínica ONCOMED e Chefe da Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) do Hospital Ofir Loyola, em Belém. Conheça um pouco da história maravilhosa desse médico, paraense, que cuida com amor e seriedade de centenas de pacientes com câncer!

L. R: Explique um pouquinho do que se trata a Oncologia Clínica?

Médico: A Oncologia Clínica é uma especialidade médica. Ela é responsável pelo tratamento medicamentoso dos diversos tipos de câncer (quimioterápico, hormonioterápico, imunoterápico, terapias alvo-moleculares). A Radioterapia e a Cirurgia Oncológica também são especialidades médicas, responsáveis pelo tratamento radioterápico (teleterapia, braquiterapia) e cirúrgico respectivamente, dos diversos tipos de câncer.

L.R.: Quando se fala em Oncologia, tem-se a idéia de que ela anda lado a lado com o tratamento do câncer. É isso mesmo?

Médico: A Oncologia é responsável pelo diagnóstico, tratamento curativo e, nos casos avançados, nos quais o câncer não é mais possível ser curado, tratamento paliativo que visa aumentar o tempo de vida do paciente, melhorar a qualidade de vida e também proporcionar uma morte digna.

L.R: Como a Oncologia ajuda a tratar o câncer?

Médico: Ela ajuda a tratar o câncer através das suas várias formas de tratamento: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia etc. Normalmente, os cânceres necessitam de mais de uma forma de tratamento oncológico. Por exemplo, no câncer de mama se faz inicialmente o tratamento cirúrgico (mastectomias ou cirurgias conservadoras da mama) e posteriormente, caso haja indicação, quimioterapia e radioterapia pós-operatórias.

L.R: Um dos tratamentos oncológicos para o câncer que se ouve falar com mais frequência é a quimioterapia, e outro é a radioterapia. Esses são os mais recomendados? Você pode explicar cada um deles?

Médico: Os três principais tratamentos para o câncer são a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. Não é possível falar, de maneira geral, que uma dessas terapias é mais importante que as outras, já que as três se complementam no tratamento do câncer. A radioterapia é responsável pelo controle local do câncer, ou seja, diminuir ou fazer desaparecer o tumor no local onde as radiações ionizantes penetram no corpo do paciente. A liberação das radiações ionizantes é feita por aparelhos chamados aceleradores lineares. As duas principais formas de aplicação da radioterapia são a teleterapia e braquiterapia. Na teleterapia, o aparelho que emite as radiações fica longe do local do câncer, enquanto que na braquiterapia, existe o contato direto do câncer com a radiação ionizante. A quimioterapia é responsável não só pelo controle local do câncer, como também pelo controle das micrometástases circulantes nos nossos vasos sanguíneos ou linfáticos que irão depositar-se nos diversos órgãos (metástases). As quimioterapias são medicamentos que são diluídos em soros e aplicados na veia dos pacientes. Elas agem nas células do câncer que estão crescendo desordenadamente.

L.R: Estes tratamentos variam de acordo com o tipo de câncer?

Médico: O tratamento oncológico para cada tipo de câncer é diferente. Por exemplo: os linfomas costumam ser bastante sensíveis ao tratamento quimioterápico e nestas doenças não é realizado nenhum tratamento cirúrgico. Já o câncer de rim e o melanoma são tumores que costumam ser resistentes ao tratamento com quimioterapia.

L.R: Há outros tratamentos oncológicos que não são tão aplicados ou não são tão conhecidos?

Médico: Alguns tipos de tratamento oncológico são pouco conhecidos do público leigo, como a hormonioterapia que é indicada principalmente nos cânceres de mama, próstata e endométrio, as imunoterapias (interferon, interleucinas e vacinas) mais indicados nos cânceres de rim e melanoma. O transplante também é um tipo de tratamento oncológico que é indicado principalmente nos linfomas e nas leucemias.

L.R: Há relatos, em especial por pacientes que já passaram por alguns desses tratamentos, de reações causadas pelos remédios. São os efeitos colaterais, não é isso? O tipo de câncer influencia ou os efeitos são os mesmos para todos os tipos?

Médico: Infelizmente, as medicações quimioterápicas matam ou danificam não só as células cancerígenas, mas também as células normais do nosso organismo. Isso justifica os principais efeitos colaterais da quimioterapia: queda do cabelo (ação nas células folículo piloso), náusea e vômitos (ação nas células da mucosa do estômago e do intestino) e anemia, infecções e sangramentos (ação nas células da medula óssea respectivamente hemácias, leucócitos e plaquetas). A intensidade e tipo dos efeitos colaterais dos quimioterápicos, estão muito mais relacionados com o tipo de medicação utilizada e da predisposição individual de cada paciente do que do tipo específico de câncer.

L.R: O que acontece exatamente no organismo quando o paciente recebe a quimioterapia ou a radioterapia?

Médico: Após as aplicações de quimioterapia ou radioterapia, as drogas ou as radiações ionizantes destroem, através de vários mecanismos de ação, não só as células do câncer, mas também as células normais dos diversos órgãos. Cada quimioterápico promove efeitos colaterais específicos, eles têm predileção por determinados órgãos. Por isso não podemos generalizar que todo paciente que faz quimioterapia tem queda de cabelo, vomita muito ou tem anemia. Também é importante relatar que os pacientes que têm o mesmo tipo de câncer e que fazem quimioterapias idênticas podem ter intensidade de efeitos colaterais bem diferentes, dependendo da predisposição individual de cada paciente.

L.R:  Hoje o Brasil é um país considerado avançado no campo oncológico? E o Norte?

Médico: Sem dúvida, o Brasil já é considerado uma referência mundial no campo da oncologia. Temos vários serviços com tecnologia de ponta, assim como vários serviços com produção científica robusta na área da oncologia. Na Região Norte, as cidades de Belém e Manaus contam com várias clínicas especializadas em oncologia, hospitais e serviços de radioterapia que conseguem fazer os mesmos tratamentos oncológicos que são feitos no sudeste do Brasil e no resto do mundo.

Por: Alciane Ayres

7 comentários em “Jornalista santarena luta contra o câncer

  • 30 de março de 2012 em 11:49
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    Excelente o depoimento.
    A única observação é que hoje Santarém é referência em tratamento oncológico também, já recebendo pacientes de outras cidades para atendimento.
    Acho importantíssimo que isso seja divulgado, pois muitos santarenos não sabem disso.
    O impacto poderia procurar o Hospital Regional e fazer uma matéria sobre isso, Acho que seria muito interessante pra nossa população.

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    • 30 de março de 2012 em 15:35
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      Carlos Alberto. É seria muito interessante a população saber que o atendimento não essas maravilhas que falam no Hospital Regional, quando o assunto é câncer. Alguns tratamentos são feitos lá. Outros só pagando particular, isso se tiver vaga e dinheiro. Ou voltar na mesma, como a jornalista santarena pedir arego em Belém, no Pará.A mundança viria com a ALTA COMPLEXIDADE DO HRBA,com o estado do Tapajós. Enquanto isso ficamos com as migalhas. Só que doenças como câncer não espera.

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  • 30 de março de 2012 em 09:32
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    Muito boa a reportagem. Mas, quero apenas fazer um esclarecimento ao nobre colega. Santarém já conta com um excelente complexo oncológico, inclusive com Radioterapia, ou seja, não são apenas Manaus e Belém que dispõe desse serviço.
    E, conforme informações da direção do Hospital Regional, estão sendo contratados novos profissionais da área para Santarém e dentro de 03 meses um novo serviço será inaugurado (braquiterapia). Segundo a direção, esses serviços duplicaram a capacidade de atendimento do HRBA.
    Santarém já é o terceiro pólo em tratamento oncológico do norte do país.

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  • 30 de março de 2012 em 08:30
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    Colega Leíria,

    Estamos juntos nessa corrente de fé. Sentimos falta da sua alegria nas aulas de pós-graduação em jornalismo científico. Lembra do jargão, \”Me adimiro de vocês\”, rsrsrsrsrs. No entanto, essa alegria está lhe proporcionando, a coragem de encarar está doença. E ainda, ajudando outras mulheres a terem um outro olhar, com o ontem na matéria jornalística da colega, Ronilma (Tv Tapajós). Coragem, Coragem e fé.

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  • 30 de março de 2012 em 08:20
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    A Alberta Riker tem razão precisamos de exemplos como esses. O Câncer é destruidor. Logo, de ínicio com cuidados necessários é eliminado. Asleíra não conheço você pessoalmente, mas valeu a iniciativa.

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  • 29 de março de 2012 em 21:27
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    Exemplo de q/ quando o problema é diagnosticado cedo as chancesde de cura são enormes!
    Exemplo maior ainda de q/ QUANDO A GENTE DECIDE PELA VIDA, EM VIVER E SE NOS APEGAMOS A DEUS C/ UNHAS,DENTES E DE TODO O CORAÇÃO, tudo TUDO SE ENCAMINHA PARA UM BRILHANTE FINAL…ABENÇOADO.
    GARANTO q/ todos os envolvidos ligados na história acima estão REALIZADOS, muito felizes. Muita gente inclusive q/ não conhece pessoalmente a pessoa curada, ficou alegre em saber em vê-la (assisti no Jornal Tapajós 1ª Edição) bem, VITORIOSA.

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  • 29 de março de 2012 em 21:12
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    Tem pessoas q/ Deus coloca nas nossas vidas como um anjo. Este caso desta jornalista é um exemplo claro.
    Assim como a mensagem fundamental perante o grave problema é NÃO SE ENTREGAR, MANTER A FÉ ACREDITAR NA CURA,NO TRATAMENTO…NA VIDA.
    Câncer é uma doença q/ geralmente não apresenta sintomas ou quando apresenta é pq a pessoa já está \”nas ultimas\”.
    Cancer de mama se descoberto no início as chances de cura são enormes!
    O de próstata tbm!
    Qualquer doença problema, descoberto no início as chances de cura são grandes!
    DAÍ A NECESSÁRIO EM MANTER SEUS EXAMES PREVENTIVOS EM DIA, tendo ou não antecedentes na família.
    Quem tem a doença tbm é fundamental REAGIR, não se entregar, acreditar em DEUS e pedir a ELE q/ coloque bons médicos, enfermeiros enfim pessoas boas no seu caminho, na sua vida.A família , os amigos serem presentes de algma forma(exemplo: orando, visitando, levando seu apoio de otimismo , DE VIDA) para a pessoa doente se sentir querida e muito amada. GARANTO q/ essa é uma das melhores terapias!Ajuda muito.GARANTO.

    A jovem senhora q/ é jornalista e sofreu desse mal é um belo exemplo de LUTA,de SUPERAÇÃO,de AMOR A VIDA…SOBRETUDO A DEUS!
    Certamente ja está servindo de exemplo p/ muitas pessoas.

    Muito Bom nossa cidade ja dispor de laboratórios excelentes e de hospital c/ tratamento especializado de qualidade! Muito Bom mesmo pois isso significa VERDADEIRO PROGRESSO e q/ nossos políticos apesar de traquinos, estão tbm melhorando bastante em olhar p/ SAÚDE PÚBLICA.

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