Eleições podem prejudicar CPI do Cachoeira, lamenta senador

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB)

A CPI do Cachoeira terá pela frente , quando voltar às atividades a partir da próxima semana, mais três meses de trabalho e um desafio: impedir o esvaziamento das sessões uma vez que muitos do parlamentares que a integram já estarem envolvidos em campanhas nos seus redutos eleitorais. A avaliação é do presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para quem a CPI – em 90 dias de existência – conseguiu superar as desconfianças de quando foi criada e provou não ter transformado as investigações em uma queda de braço entre governo e oposição. O próximo passo será, segundo ele, marcar a data dos depoimentos do ex-presidente da Delta, Fernando Ca vendish; do ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot; e do ex-diretor da Dersa, Paulo Preto.

“Serão todos convocados”, garante Vital que não descarta a reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). “Há um requerimento nesse sentido para ser analisado”. Por telefone, de Campina Grande, na Paraíba, onde fazia na última sexta-feira campanha para a Dra. Tatiana, candidata à sucessão do irmão do senador na prefeitura da cidade, ele falou ao GLOBO:

O GLOBOA CPI tem mais três meses de trabalho pela frente. O que se pode esperar dela?

VITAL DO RÊGO – Até novembro teremos que analisar os dados de sigilos fiscais que nos foi repassado. Já temos em mãos 80% dos documentos e algumas convocações a fazer. Teremos que superar as dificuldades por força do calendário, porque dificilmente a comissão será prorrogada. Acho que a prorrogação não está no programa do governo.

Há algo que pode atrapalhar as investigações da comissão? Eleições, mensalão…

VITAL DO RÊGO – Pode haver esvaziamento por conta do processo eleitoral. Achei bom que alguns colegas envolvidos diretamente em campanhas tenham saído da comissão. Quem não tiver condições de tocar o barco, tem que pedir para sair. Isso será uma atitude responsável. Se não houver responsabilidade dos parlamentares, e aí passa por eleição, leia-se assiduidade no calendário para votar. Agora, em relação ao mensalão não vejo problemas, um não ofuscará o outro e não há interferência nos processos, cada um tem a sua vida própria. A CPI seguirá seu rumo.

Concorda que ainda há muita desconfiança em relação à eficácia da comissão?

VITAL DO RÊGO – A CPI passou os seus três meses de existência se defendendo. Ela foi criada num regime de desconfiança. As pessoas se perguntavam qual seria a sua razão já que a Polícia Federal e o Ministério Público tinham feito as investigações e o principal envolvido, Carlinhos Cachoeira, estar preso. E que tinha sido criada a mando de um político, e depois teve de enfrentar o vazamento do inquérito que corria sob segredo de justiça… Vencemos o desafio de seu nascimento, do vazamento, e agora temos que vencer o desafio do esvaziamento.

Qual será o legado deixado por essa CPI?

VITAL DO RÊGO – Nós vamos aprovar um pacote de projetos legislativos para levar ao Congresso Nacional. Por isso, vou contar com o Senado e a Câmara para votá-los. Eles vão sobre lavagem de dinheiro, evasão fiscal, contrabando, processo licitatório. Estamos fazendo um levantamento de todos os projetos relacionados a esses temas.

Alguma alteração no ritual de perguntas para os convocados? Eles podem ficar em silêncio…

VITAL DO RÊGO – A CPI foi criticada porque deixou o Cachoeira usar seu direito de não falar à comissão e foi criticada também porque suspendeu os depoimentos daqueles outros que não queriam falar. É preciso dizer que todos esses envolvidos que foram depor vão esperar primeiro a sentença que vai sair na Vara Federal em Goiânia. Em audiência de instrução e julgamento. A CPI vai alcançar aonde quer que estejam os braços de corrupção, não somente em Goiás, mas também os que estão sendo apurados no Distrito Federal, Tocantins e Rio de Janeiro.

A CPI mudou sua rotina?

VITAL DO RÊGO – Eu tive que abraçar uma causa nova que influenciou diretamente no meu dia a dia sem deixar fazer o que eu já fazia. Parei totalmente com minhas atividades físicas. Antes começava o dia fazendo exercícios, hoje começo por volta das 6h da manhã com um resumo das notícias sobre a CPI entregue pelo meu assessor. Só vou parar lá pelas 21h

Fonte: O Globo.

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