Milton Corrêa

QUEM É A MULHER BRASILEIRA DOS COMERCIAIS DE TV?
Trago para compartilhar com nossos leitores, um interessante artigo de autoria do jornalista Leonardo Sakamoto, doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Professor de Jornalismo na PUC-SP é coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Seu produto textual é uma reflexão sobre “Quem é a mulher brasileira dos comerciais de TV”?
“Baseado no que nos dizem os comerciais de televisão, finalmente consegui entender quem é a mulher brasileira”.
“Ela é simpática, meiga, solícita. Independente, mas multitarefa. Não é que não queira a ajuda de ninguém – ela não precisa. Faz questão de trabalhar o dia inteiro e, depois, chegar em casa e cuidar de tudo e dos filhos. E, se o marido aguentar, ainda está disponível para muito sexo.
Vejamos: ela gosta de fazer uma boa faxina. Daquelas pesadas, que incluem tirar gordura do fogão, a sujeira do chão e o pó que se esconde nos vãos, desde que os produtos usados não irritem muito a pele. E que o sachê para tirar odor do vaso sanitário possa ser trocado facilmente. Afinal de contas, hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás! O que ela mais ama ganhar de presente de Dia das Mães é uma geladeira e um aspirador de pó.
E o momento em que a mulher brasileira prefere dar a geral na casa é quando os filhos clamam por atenção, querendo a velha e boa papinha de nenê com frango com hormônio ou a fralda nova que absorve o xixi antes mesmo dele ser feito. Ou no momento exato em que a horda composta pelos amigos do rebento mais velho resolve vir comer cachorro-quente e sanduíche de peito de peru ao mesmo tempo. É sempre ela, sozinha, que abre as garrafas de refrigerante, engordando a molecada.
Até porque, como sabemos, é raro homem aparecendo na cozinha em comercial. Ele só vai para preparar pratos especiais, refinados, gourmet. No dia a dia, o reino das panelas é das mulheres. Para ele, há outras tarefas: aparece com mais frequência, por exemplo, em anúncios de TVs LED de 52″ e de carros que não rodam, voam – deixando claro que tamanho e potência são o que importam de verdade. Ou nos de cerveja, como se o consumo de álcool fosse algo apartado por gênero. Aí sim, ressurge a brasileira, pelada, esbanjando sensualidade, disponível para qualquer coisa, quase pedindo: “vem cá e me beba inteira”.
Voltemos à mulher que acabou de lavar a louça com um detergente que transforma pratos em espelhos e colocar a roupa do marido do futebol na máquina de lavar com um sabão que deixa tudo muito branco. Ela, que nasceu com um cabelo maravilhosamente cacheado, aproveitou o tempinho livre que o uso de produtos de limpeza avançados lhe concedeu e o alisa inteiro com uma das incríveis chapinhas anunciadas no canal a cabo. Quer ficar igual às amigas, que são iguais às mulheres dos comerciais de TV, que são iguais às modelos, que atendem a um parâmetro traçado por uma elite de outro continente, de que liso é bom, curvo é uma droga. Tem o mesmo DNA da ideia de que branco é bom, negro é uma droga.
Ela ainda aproveita alguns segundos para untar a barriga com gel emagrecedor, tomar alguns comprimidos feitos com esterco de besouro caolho da Serra da Mantiqueira que prometem emagrecer e depilar a perna com emplastos coloridos que ninguém provou que não são carcinogênicos. Está cansada, mas sabe como o marido fica depois de tanto comercial de cerveja. Quer agradá-lo. Coitado, trabalha tanto, né? Corre ao banheiro e esconde o tempo, o cansaço e a idade com maquiagens mil. Diante do espelho, ao ver outra mulher que não ela, uma mulher que ela tem certeza que viu diz desses na TV, sorri.
Então, respira fundo para poder aceitar a vida que os comerciais lhe garantiram ser o modelo de felicidade. Deita-se na cama, enquanto espera. E viaja para bem longe. Sozinha.
Pena que, infelizmente, antidepressivo não aparece em comercial de TV. Ainda”.
PROJETO TORNA CRIME HEDIONDO A FALSIFICAÇÃO DE REMÉDIO OU ALIMENTO
Chega da Agência Câmara de Notícias a informação de que Tramita na Casa de Leis, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 4553/12, do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que classifica como crime hediondo a corrupção, a adulteração ou a falsificação de alimentos ou remédios. A proposta altera a Lei dos Crimes Hediondos (8.072/90), que hoje prevê essa classificação para delitos como homicídio e estupro.
Atualmente, a falsificação de substâncias ou alimentos destinados a consumo é punida com base no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), com reclusão de quatro a oito anos e multa. Caso se torne hedionda, a pena para a prática deverá ser inicialmente cumprida em regime fechado e é insuscetível de anistia, graça, induto ou fiança.
Valdir Colatto argumenta que a falsificação de medicamentos pode acarretar a morte de diversos pacientes. “Trata-se de um crime covarde e monstruoso. Merece um tratamento legal mais rigoroso, a fim de desestimular sua prática e de punir adequadamente os criminosos”, afirma o deputado.
Tramitação
O projeto tramita em conjunto com o PL 2307/07, que será votado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e pelo Plenário.

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