Milton Corrêa
O OLHAR DO TEÓLOGO: MULHERES NA TERCEIRA IDADE
Passeando nos endereços eletrônicos, estaciono em um site que me chamou a atenção www.jblibanio.com.br, seu criador Padre João Batista Libanio, autor de vários livros, inúmeros artigos científicos e para Jornal, como este, do qual faço uso com a sua permissão, para homenagear as mulheres neste oito de março – Dia Internacional da Mulher. E o detalhe, Padre Libanio enfatiza a mulher na terceira idade. “Toda idade tem sua beleza. A inocência ingênua e alegre da criancinha que estende seus braços ao carinho de quem a quer acolher. A infância esperta e ativa de quem já cresceu um pouco. A adolescência desajeitada, mas que esconde tanta ternura e desejo de afeto. O jovem corajoso que enfrenta os desafios da vida. A idade adulta sensata. A velhice da sabedoria. As belezas diferenciam-se também conforme o gênero. Hoje olharemos para as mulheres que chegaram a essa idade do fruto e da colheita. Avó de netos físicos, e/ou de tantos carinhos esparsos pelos caminhos que trilharam e estão a palmilhar. Não é só o turismo que descobriu os “dourados anos” da idade mais avançada. Outro dia, a TV mostrou-nos um charter da Bélgica para Londres com pessoas centenárias. As mulheres vivem mais que os homens, segundo as estatísticas. Se já são mais numerosas que os homens, a fortiori na Terceira Idade. Além daquelas que continuam com seus esposos vivos, há as viúvas ou não-casadas, na solidão de um companheiro, mas que têm a chance de deixarem-se povoar a vida com tanta presença, procurada ou bem-vinda. O futuro não se mede pelo número de anos. Amanhã é sempre futuro. Assim existe futuro para todas as idades. A terceira Idade tem também seu futuro. Certamente já não terá facilmente os engodos e sonhos dos anos jovens. É um futuro mais realista. É um amanhã semeado pelo ontem. É um futuro mais conhecido pelo acúmulo de experiências. Mas sempre futuro. Há outro deslocamento de perspectiva. Os futuros juvenis são macroscópicos. Atravessam oceanos. Visitam outros continentes. Irrompem para dentro de diversas profissões e vocações. Como o passado é curto, a objetiva da máquina da existência está muito aberta. Os futuros da terceira Idade focalizam os pequenos nuances da vida. Os anos fecharam-lhe a objetiva. Já não cobre vastos panoramas, mas é capaz de colher as cores vivas dos pormenores. Os sonhos transatlânticos cabem no cantinho da casa. Os braços acolhem o abraço pequenino das crianças, netos ou não, com ternura serena, diferente do vulcão juvenil. As mulheres da terceira Idade são sinais de esperança para as novas gerações, cujos horizontes se têm mostrado sombrios e escuros. Chegaram lá vivas e inteiras. Quantos e quantas se quebram pelo caminho. Quantos cacos de pessoas perambulam jovens sem esperança, respirando o cepticismo e descrédito. Moram no bairro da melancolia, e ao querer ir visitar os rincões da alegria, vêem o trem partir vazio. Sentam-se na escadaria da estação a assoviar sua melodia de tédio. Aí estão estas mulheres irradiando na prateada onda da vida aquela felicidade de que carecem tantos e tantos mais jovens. A idade quando encontra sentido, ilumina-se, independente dos anos. Que possam elas do patamar sereno de sua terceira Idade não só lançar um olhar de paz, mas também deitar palavras de encorajamento para os mais jovens!”
|