Equipamento instalado em moto vira arma contra mosquito da dengue

Uso da moto permite que 'fumacê' chegue a áreas de difícil acesso
Uso da moto permite que ‘fumacê’ chegue a áreas de difícil acesso

Uma nova arma contra a dengue chega a locais de difícil acesso. Uma pequena empresa do Rio de Janeiro desenvolveu um equipamento que, adaptado a uma moto, combate pragas, como o mosquito da dengue. A empresa recebeu consultorias e subsídios para aprimorar o sistema e, atualmente, segue todos os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A moto adaptada faz a pulverização de inseticida em becos, terrenos baldios e ruas estreitas. O equipamento para combater o Aedes aegypti e outras pragas foi criado pelo engenheiro mecânico Marcius Costa. Ele e o sócio, Marcelo Monteiro, desenvolveram o sistema em 2008.

A comercialização veio só em 2011, após todos os testes e registros no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Os empresários tiveram apoio do Sebrae para patentear o produto em cinco países.

“O Sebrae foi um parceiro nosso desde o início da tecnologia. Eles até ajudaram o processo de incubação da nossa empresa, a nossa empresa foi incubada numa universidade para a gente ter mais acesso à mão de obra técnica para o desenvolvimento. Então, o Sebrae, desde a introdução no mercado, dessa parte tecnológica, quanto no apoio das pesquisas, da patente, na parte dos advogados para busca da tecnologia”, comenta Marcius Costa.

O apoio ocorreu por meio do Sebraetec. O programa existe em todo o Brasil com o objetivo de incentivar a inovação nos negócios. O Sebrae subsidia parte dos custos de novos projetos. Mas o valor da execução é por conta dos empresários.

“É um apoio que você tem de 80%, você só entra com 20%, você tem uma possibilidade de estar próximo dessas instituições ofertantes de serviços tecnológicos, que no Rio nós temos uma gama delas, então isso facilita muito. Você está aproximando a oferta de serviços tecnológicos da micro e pequena empresa”, explica Maria de Fátima Lima, do Sebrae do Rio de Janeiro.

Hoje a empresa emprega 16 funcionários. São fabricadas cerca de 30 unidades do equipamento por mês. A montagem começa pela parte eletrônica. Depois, a bomba é testada para verificar se o líquido será injetado na quantidade certa.

O próximo passo é a colocação do aparelho no baú da motocicleta, onde fica o produto químico. O projeto de melhoria do design do kit também contou com apoio do Sebraetec.

Antes, o baú era feito de fibra de vidro e de uma maneira bastante artesanal, em uma empresa terceirizada. Hoje, o material usado é o plástico. Ele ficou mais bonito, moderno e a capacidade produtiva passou de 30 para 1.200 peças por mês. A mudança reduziu em 40% o custo do baú.

“O Sebrae foi uma ferramenta muito importante para a gente, está sendo, a gente ainda tem outras parcerias que a gente tem com eles e é uma parceria muito boa para a gente ter essa organização e conseguir ter alguém que tem mais experiência do que a gente para implantar certos processos e fazer as coisas acontecerem aqui de uma melhor forma”, diz o empresário Marcelo Machado.

“Com a inovação, a micro e pequena empresa consegue se manter no mercado. Seja essa inovação em um produto, numa gestão, enfim, ela precisa estar inovando porque o mercado está muito acelerado, muito veloz, então, ela precisa realmente estar inovando”, destaca Maria de Fátima, do Sebrae-RJ.

A última parte da linha de montagem é a instalação do aparelho no escapamento do veículo. O original é trocado por um novo, projetado especialmente para fazer a pulverização do produto. O método é popularmente conhecido como “fumacê”.

Boa parte do segredo do produto está no fato de a energia do próprio motor da motocicleta ser usada para transformar o líquido em fumaça.

“O equipamento tem um computador que faz a injeção eletrônica. Ele pega o líquido e injeta numa cápsula de combustão instalada no escapamento. Ele não tem um motor secundário. Ele utiliza a própria temperatura e compressão do motor para fazer o processo de termonebulização, transformar um líquido em gasoso”, explica o empresário.

São três as formas de comercialização do produto: a empresa vende a moto com o kit instalado, só o kit ou aluga o equipamento completo. O piloto tem que usar equipamentos de proteção, ter treinamento especial e respeitar os horários de aplicação.

Só em janeiro de 2013, foram registrados mais de 3 mil casos de dengue no Rio de Janeiro. O equipamento dos empresários Marcius Costa e Marcelo Monteiro que combate o mosquito causador da doença na fase adulta é mais barato que o “fumacê” com o veículo convencional. O tanque de 25 litros garante 3 horas e 20 minutos de pulverização. Se comparada ao carro “fumacê” tradicional, a motocicleta é menos poluente, tem baixo custo de manutenção e gasta pouco combustível.

O aparelho também é eficaz no combate aos mosquitos transmissores de outras doenças como malária e febre amarela. Mesmo assim, ele não substitui a prevenção. Em 2012, a empresa faturou R$ 1,2 milhão, o mesmo valor do investimento total do negócio. Marcius Costa quer agora vender o equipamento para o setor agrícola. A motocicleta é uma boa opção para a aplicação de inseticida em plantações com passagens estreitas e terrenos irregulares.

“A gente está oferecendo para os órgãos governamentais um equipamento de baixo custo e de grande eficácia para as áreas de difícil acesso no combate a vetores. E já começamos a exportar. Estamos exportando para Angola e estamos buscando Índia, México e República Dominicana no momento”, comenta Costa.

Contatos: SEBRAE
Central de Relacionamento: 0800-570-0800
Site: www.sebrae.com.br

FUMAJET – INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA.
Contato: Empresários Marcius Victorio da Costa e Marcelo Machado
Avenida dos Italianos, 1355 – Bairro Coelho Neto
Ria de Janeiro/ RJ
Telefone: (21) 3472-4283 / (21) 2495-5602

Fonte: G1

 

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