Informe RC

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA- I

Artigo da jornalista Lya Luft, publicado na Revista Veja, acerca da situação vivida por milhões de famílias brasileiras. Leia abaixo:

De repente estamos todos endividados e inadimplentes — ao menos a maioria de nós brasileiros comuns, sem mansões, nem iates, nem casas em Miami. Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir. Lembram? Eu não esqueci, e não consumi porque estava mais alerta e menos confiante: “Comprem seu carro! Troquem a geladeira! Comprem TV plana! Não deixem de fazer nada disso; as elites brancas não querem que vocês tenham nada”. E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir — como se consumo, e não investimento de parte do governo, fosse crescimento. Realmente tivemos por um breve período uma sensação nova de confiança e bem-estar. Disseram (e acreditamos) que a miséria tinha sido liquidada no país; e éramos todos da classe média: quem ganhava mais do que 350 reais era da classe média. Nós nos sentíamos modernos e potentes. Crédito abundante. Generosos prazos. Juros generosos também, mas isso não importava. E, agora, a surpresa: as dívidas. Passamos a endividados e inadimplentes porque obedecemos a quem nos conclamava a gastar, e possivelmente seremos desempregados porque essa ameaça se torna cotidiana.

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA- II

O Estado que gastou mais do que podia e devia, com gestão equivocada, gastos faraônicos em empreendimentos luxuosos logo abandonados por falta de planejamento, agora nos convoca a pagar também suas dívidas — que não são nossas. Há poucos dias fomos avisados: a caixa está vazia, o dinheiro do governo acabou, entrou no ralo da imprudência. Suspendem-se bolsas de estudo, investimentos em saúde e infraestrutura, e abre-se a dura realidade: projetos, comissões, estudos, palavrórios, mas não sabem o que fazer com o Brasil. Para consertar o que parece inconsertável, corta-se na carne… sobretudo na nossa. Cortam-se benefícios como tempo de trabalho para ter seguro-desemprego, dificultam-se condições para obter aposentadoria, reduzem-se pensões, e aumenta a angústia do povo. Cresce a inflação, sobe o desemprego, combinação fatal. Operários, funcionários, empregados domésticos, gerentes de lojas e de empresas, de repente às voltas com falta de trabalho e excesso de dívidas. O Estado então pede nossa paciência e compreensão. Mas os brasileiros, sem a mínima segurança, morrendo mais do que em guerras, por toda parte sem escola, nem posto de saúde, nem condições de higiene, esmagados em ônibus velhos e estragados ou descendo do metrô, com problemas para caminhar nos trilhos, não podem ter compreensão; a doença, a inanição, o abandono, a ignorância, não podem esperar;

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA- III

A falta de esperança não pode esperar. Mulheres parindo no chão dos hospitais, doentes terminais sem remédio para suas dores, médicos desesperados porque não há nem aspirina nem água limpa para oferecer, não podem ter paciência. Os estudantes que dependem do Fies, os bolsistas no exterior, por exemplo, não podem esperar. A explicação fornecida para a crise é de romance: a Europa e os Estados Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outra. Se não formos um povo escolarizado, um povo informado, que lê jornal, assiste a noticiosos, conversa com família, amigos e colegas para saber o que se passa, é assim que seremos tratados. Promessas retumbantes e discursos otimistas e confusos não deviam mais nos enganar. A gente precisa da verdade. Precisa de respeito. Precisa das oportunidades que nos foram tiradas quando nos colocaram entre os últimos do mundo em educação, economia, confiabilidade e outros. Mas talvez se possa ajudar o Brasil usando as armas mais eficientes que temos, se bem usadas: manifestações ordeiras, não acreditar em promessas vazias, nem dar atenção à dança de políticos que trocam de partidos e convicções, na festa das gavetas que reina no Congresso. E usar o “voto” — gesto mínimo e definitivo que pode derrubar estruturas perversas e chamar de volta entre nós as duas irmãs indispensáveis para uma nação soberana: esperança e confiança.

DECISÃO INÉDITA NO MUNDO

Nos primeiros dias de 2012, na cidade de São Paulo, um fato chocou o estado, a descoberta de 37 animais (cachorros mortos) que foram encontrados em sacos de lixo. A Polícia chegou a uma senhora conhecida por colher, nas ruas, animais abandonados. Presa por dois dias, negou a autoria e foi liberada pela Polícia Civil, considerando do crime ser de menor potencial ofensivo. Mudou de bairro, mas o novo endereço foi descoberto. Uma ONG (Adote um Gatinho) de proteção animal contratou um detetive que descobriu (fotografando) da mesma ser useira e veseira desse procedimento sádico constatado por um policial que deu o flagrante. Matava os animais com sedativos, ensacava e colocava na calçada dos vizinhos para ser recolhido. Reaberto o processo, mês passado, uma juíza da 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, prevendo o risco que corria outros animais, condenou a nacional a 12 anos de prisão. Aqui no Pará, o prefeito reeleito de Santa Cruz do Arari, na região do Marajó, devido ao excesso de cães existentes na cidade, com recursos da prefeitura, comprava-os e mandava jogar no rio. Morreram centenas e até hoje não houve justiça ao gestor inimigo dos animais.

NÃO LEVAM SORTE

Os aposentados e pensionistas da Previdência Social com benefícios acima de um salario mínimo (10 milhões), há 14 anos nos governos do PT, recebem reajuste muito abaixo dos dados aos de 1 mínimo. Na ultima semana de junho a Câmara Federal, por 208 votos contra 79, aprovou emenda à Medida Provisória 672/15, estendendo a atual política de reajuste do Salario Mínimo até 2019 para os benefícios acima do piso salarial, ainda dependendo do Senado. A companheira Dilma deve vetar. O Ministro da Previdência afirma do órgão não suportar. Os presidentes da Câmara e Senado se manifestaram a favor do veto, acusando os votantes de irresponsabilidade e do Senado não ir aprovar. Caso a Previdência Social do Brasil não tivesse sido prostituída por vários governos, pagando benefícios inconstitucionais, alheios a finalidade para a qual foi criada, não havia essa choradeira e os aposentados que recolheram por muitos anos ao Sistema Previdenciário, em busca de uma velhice tranquila, não estariam sofrendo tamanha humilhação, o que não ocorre em países desenvolvidos, onde os órgãos do governo não são assaltados como aconteceu com a Petrobrás.

MOLECAGEM

O prefeito Alexandre Von “PSDB”, candidato à reeleição nas municipais de 2016, continua sofrendo desgastes políticos causados por auxiliares de sua administração. Recente, a Filarmônica José Agostinho “a única do interior do Pará”, divulgou que ia se desvencilhar da prefeitura em função da falta de acomodações no prédio que ocupava alocado pelo município, e do setor de Cultura tratar com descaso suas pretensões. Como a ameaça veio a público, num vapt-vupt tudo foi resolvido. Na edição anterior, em entrevista dada a este jornal, o bancário aposentado, músico, cantor e advogado, Odilson Matos, taxou o secretário municipal de Cultura de incompetente. O musico advogado foi convidado a participar do show denominado “Canta Santarém”, por ocasião dos festejos do aniversário de fundação da cidade. Depois de cansativos ensaios com seu conjunto, dois dias antes do evento foi comunicado, por “torpedo” em seu celular, em nome do secretário, por um coordenador, de sua participação no evento ter sido dispensada, o mesmo acontecendo com outros artistas locais convidados, entre os quais o conhecido Ray Brito. Na rua que moro a meninada chama pra isso de molecagem.

SEM IDENTIDADE JURÍDICA

Os governos do PT têm sido criticados pelas omissões, conveniências e complacência com invasores de terras produtivas e a destruição de laboratórios de plantas, e ocupação de fazendas de pesquisas feita por vândalos do falso movimento social dos Sem Terra, sem identidade jurídica, mas mantido, com suas “lideranças”, com dinheiro do governo (Ministério do Desenvolvimento Agrário), através de convênio com organização de cooperativas, que nada produzem, se tornando um fantasma na vida dos agricultores brasileiros, interessados verdadeiros em fazer a Reforma Agrária no Brasil. Mês passado (21/06), pela 2ª vez, o MST ocupou uma fazenda (20 mil hectares) do senador Eunício Oliveira (PMDB), aliado da presidente Dilma. Os invasores afirmam que as terras do senador foram, anos atrás, declaradas improdutivas. Na última semana de junho, a 5ª Vara Federal, em Presidente Prudente (SP), condenou um ex líder do MST, hoje dono do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, José Rainha, velho conhecido do Código Penal, do ex-presidente Lula e portador de muitas condenações, a 31 anos de reclusão pelos crimes de extorsão, formação de quadrilha e estelionato. Como está livre, beneficiado por um habeas- corpus, vai recorrer em liberdade, que pode ser “eterna”, ou pelo menos enquanto os companheiros estiverem no poder.

QUEREM ADIAR O FIM

As reclamações da existência, incômoda, atinge a totalidade “raras exceções” das cidades brasileiras que ainda não conseguiram local distante da área urbana para depositar detritos num aterro sanitário, como exige o governo. Além disso, as prefeituras não dispõem de recursos para resolver o problema. Em Santarém, moradores da Colônia Perema pedem ao Ministério Público Estadual a mudança do local onde são despejados, pelo mau cheiro atingir escolas, que suspendem as aulas, e causa mal estar às crianças e doentes. Em Belém, num momento em que o prefeito aluga uma área no município de Marituba, num aterro sanitário previamente preparado, está ocorrendo o contrário: centenas de catadores de lixo obstruíram ruas, engarrafando o transito na principal avenida da cidade, por 2 horas, protestando contra o fim do lixão do Aurá, anunciado para o dia 6 de julho, apesar dos reiterados avisos disso vir ocorrer. Querem que a morte do local seja transferida para dezembro. A presidente Dilma, ainda diz que seu partido tirou 40 milhões de humanos da miséria.

REPASSES SUSPENSOS

Início da 2ª quinzena do mês anterior, 53 municípios do interior do Pará estão impedidos de receber recursos federais de convênio e transferências da União (Fundeb) em virtude de não terem prestado contas ao Ministério da Educação dos gastos do setor em 2014, deixando de registrá-los no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOP) e não terem investido 25% em Educação, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. Na relação, quase 50% dos situados na região Oeste paraense, vivem em broncas com a Justiça, entre os quais, Alenquer, Belterra, Monte Alegre, Novo Progresso e Vitória do Xingú, onde grande parte do dinheiro do Fundeb é desviada, cujos prefeitos são conhecidos da população como corruptos, portadores de liminares concedidas por ministros plantonistas do TSE, desqualificando cassações do TRE no estado. Onde Câmara Municipal é o mesmo que nada, acobertando maus feitos, os prefeitos surrupiam o dinheiro do povo à vontade.

VIDA CARA

Subir não causa surpresa, a novidade é baixar. O Índice de Preço ao Consumidor Amplo, de acordo com dados fornecidos pelo IBGE, colhidos na maioria das capitais do país, mostrou da Região Metropolitana de Belém, a inflação, nas duas primeiras semanas de junho, teve alta de 1,33% sendo a 2ª maior do país. De janeiro à metade de junho, o acumulado bate na casa de 5,54%. Se em Belém a carestia está tomando conta, calcule em Santarém, onde os vendedores de gêneros alimentícios, por mais sabidos que sejam, não sabem conjugar o verbo baixar, só o subir. Isso colhido por um órgão oficial do governo, que tem ordens superiores para não espantar. Ricos, funcionários públicos de alto escalão e os que ganham bem, como autônomos, não sentem a inflação, e sim quem vive de salários mensais. Quem frequenta, semanalmente, supermercados, mercados públicos ou mesmo mercearias nas periferias, sente nos bolsos da situação ser bem pior. Economistas do governo não escondem da inflação e desemprego, até ao fim do ano e no próximo (2016), não tem como segurar. Nas municipais de 2016, quem se aliar ao PT vai “empinar” de votos.

ATOS E FATOS

COMIDA POR SEXO – A Organização das Nações Unidas revela que militares, em missões de paz, trocavam comida por sexo no Haiti. 231 pessoas admitiram ter recebido comida, dinheiro, celulares e joias em troca de sexo com militares, civis e policiais da ONU. – DESCASO – Auditores do Tribunal de Contas da União revelam que quase 90% das Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, estão paradas ou atrasadas. O TCU afirma que o Ministério da Saúde manda o dinheiro, mas não fiscaliza, para evitar a superlotação dos hospitais com atendimentos que não são de emergência. – RESSACA – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mês passado, afirmou que o Brasil enfrenta uma ressaca, daquelas que deixam o mar agitado, provocada pelo reajuste de energia, perda de arrecadação e, principalmente, pela economia em marcha lenta. – APRENDER A DIZER NÃO – O Papa Francisco, num encontro com trabalhadores em Turim, norte da Itália (21/06), defendeu o trabalho. Pediu para dizerem não à corrupção e a uma economia que descarta quem vive na pobreza.

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