Acadêmicos denunciam direção da Ufopa e falta de estrutura

Instituição está sendo denunciada pelos próprios acadêmicos
Instituição está sendo denunciada pelos próprios acadêmicos

A equipe de redação do jornal O Impacto recebeu uma carta aberta assinada pelos Acadêmicos do Instituto de Ciências da Sociedade da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), representados pelas turmas de Direito 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016; Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, turmas 2012, 2013, 2014, e Ciências Econômicas, 2013, onde mostram insatisfação com a direção da instituição de ensino e denunciam falta de “demandas indispensáveis ao êxito das atividades acadêmicas e administrativas no âmbito do Instituto e que contribuem para o cumprimento da missão institucional da nossa Universidade”. Eis a carta:

Primeiramente, gostaríamos de parabenizar todos vocês, em nome de todos os estudantes do ICS, que passam a fazer parte desta instituição, que passaram por um processo seletivo, sendo, desde já, considerados vencedores, que conquistaram o status de acadêmicos com muita dedicação, passando a representar, a partir de agora, cidadãos com um propósito maior diante da sociedade, com responsabilidades e deveres sociais e que, mais adiante, começarão um processo de transformações e realizações pessoais que só o conhecimento é capaz de proporcionar, diferenciando-os e tornando-os pessoas melhores, com o poder de tomar decisões mais importantes para o bem da coletividade. Passamos, a partir de agora, a ser referência para a sociedade, formadores de opinião e multiplicadores de conhecimento.

Sejam muito bem-vindos à UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará.

Instituição que se mostrou, quando nos recebeu num dia como este, nós, recém-aprovados no vestibular, como uma universidade com propostas inovadoras, comprometida com a sociedade e com a construção do conhecimento, prometendo uma formação diferenciada e de qualidade, em conformidade com os princípios elencados no artigo 3º, da Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB).

No entanto, logo no início de nossa trajetória acadêmica, passamos a lidar com uma realidade que se mostrou bem diferente da que nos foi prometida.

No ICS, lidamos, além de outros, com problemas que precisam urgentemente ser resolvidos: a precária infraestrutura, deficiente gestão acadêmica, precarização do campus, a falta de professores, a falta de estrutura de salas de aula, laboratórios e núcleos de estágio, falta do restaurante universitário, ausência de professores para projetos de pesquisa e extensão, a carência de espaços destinados à cultura e ao lazer, que tanto caracterizam as universidades federais no Brasil à fora. Sentimos na pele o peso dessas ausências, que são uma constante na UFOPA.

Fomos alocados de qualquer jeito em salas de aulas insalubres, cujo mofo e sujeira proveniente das centrais de ar defeituosas e sem manutenção, que impedem a absorção do conhecimento facilitado pelo professor, quando estes estão em sala. Existem turmas no nosso instituto prestes a concluir a graduação sem ter finalizado a grade curricular do curso, sofrendo ameaças de ter sua trajetória acadêmica prolongada em 2 semestres porque, para tapar buracos, foram obrigados a cursar períodos com carga horária reduzida. Foram 3 disciplinas, ao invés de 6; 4 ao invés de 8 e; nesse passo, terminarão o curso em 6 anos, ao invés de 5.

Magnífica reitora,nós nos lembramos das propostas feitas pela senhora em campanha eleitoral. Nós lembramos dos seus compromissos assumidos com a comunidade estudantil. Muitos de nós, inclusive, entendemos no momento eleitoral que o voto na chapa “Gestão Participativa e Democrática com Excelência”, representaria avanços para as demandas estudantis. Ledo engano.

A turma de direito 2012 e de gestão publica 2013 precisam cumprir 23 disciplinas nos próximos oito meses. A turma direito 2013 teve disciplinas ofertadas sem que houvesse professor para ministrá-las. A turma direito 2014 tem 5 disciplinas, quando deveria ter 8. A turma de direito 2015 não possui o cumprimento regular da grade curricular, e a turma de direito 2016 inicia o percurso acadêmico com apenas 3 disciplinas, ao invés de 7. E caminha para o mesmo enforcamento das demais turmas do Programa de Ciências Jurídicas.

O Programa de Ciências Econômicas e Desenvolvimento Regional, não está em situação diferente. A turma de Gestão Pública 2012, que a senhora foi por muito tempo patrona, deveria ter se formado em dezembro de 2015, mas por conta de improvisos provenientes da falta de planejamento acadêmico, foi impedida porque não cursou uma matéria lá do 5º semestre, ainda em 2014 e perdura até hoje pendente, por falta de professor.

A turma ciências econômicas 2015 passou a metade do segundo semestre tendo aula de francês e a outra metade desenhando no Paint, quando deveria estar recebendo aulas de Tecnologia da informação e comunicação.

Diante de tantos problemas, estamos aqui para reivindicar que a Reitoria olhe com atenção para os estudantes do ICS. Precisamos de mudanças urgentes, sob pena de sofrermos sérios prejuízos acadêmicos e profissionais, que poderão levar a desconstituição de conquistas garantidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e contempladas, inclusive, no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Lembramos, que Administração deve primar pelo reconhecimento e cumprimento aos direitos prestacionais, sob pena de infligir o princípio da vedação ao retrocesso.

Queremos uma estrutura digna para ensino, pesquisa e extensão, pois os estudantes do ICS estão há mais de 5 anos em espaços improvisados, “quartos de hotéis”, no Campus Amazônia.

Queremos que se abra imediatamente CONCURSO para professores do ICS, com direcionamento de códigos de vagas para professores do curso de direito, economia e gestão pública, mantendo os três códigos de vagas já existentes. Basta de professores sobrecarregados, improvisados, ministrando disciplinas para qual não são devidamente especializados. Precisamos concluir nossos cursos no tempo certo e que seja conforme o projeto pedagógico do curso.

Queremos incentivo à pesquisa e à participação em eventos científicos.

Queremos, em suma, ser tratados com a atenção e respeito de que somos merecedores.

A educação pública precisa ser tratada com prioridade. A UFOPA precisa se consolidar como uma universidade de excelência.

Estamos dispostos a lutar coletivamente em defesa dessas pautas. E só vamos descansar quando formos atendidos de forma satisfatória.

Conclamamos todos os estudantes para construir esse luta conosco, especialmente os calouros 2016, para que não enfrentem esses problemas que relatamos.

Não nos contentaremos com pouco e unidos podemos construir uma Universidade com a nossa cara é à altura dos nossos sonhos! Muito obrigado!

Santarém, 10 de junho de 2016.

Por: Carlos Cruz

Fonte: RG 15/O Impacto

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