Jurandir: “Bairro do Laguinho foi abandonado pelo poder público”

Jurandir Azevedo mostra preocupação com segurança, poluição e descaso com o bairro

Os bairros de Santarém têm sofrido bastante, principalmente com relação à infraestrutura. Um dos casos mais sérios está no bairro do Laguinho, onde os moradores têm enfrentado muitos problemas, principalmente quando se trata de infraestrutura. Para falar com detalhes sobre a situação das reais condições do bairro do Laguinho e o plano de ação que eles têm desenvolvido, conversamos com o presidente da Associação de Moradores do Bairro Laguinho (Ambal), Jurandir Azevedo.

Jornal O Impacto: Como você avalia as atuais condições do Bairro Laguinho e como tem sido executado o plano de ação pela Associação?

Jurandir Azevedo: Fomos eleitos em 2016 com mandato até 2019. A Associação está há mais de um ano e meio trabalhando para tentar amenizar essa situação. Viemos dar uma resposta para a população, principalmente aos moradores do Laguinho e outros bairros vizinhos, que também são beneficiados com algum trabalho que é feito por nossa Associação. Na área da educação, nós temos uma escola do Estado e outra do Município e bases em escolas particulares. Nós acreditamos que o trabalho na educação está sendo feito de forma regular, existe uma parceria muito boa tanto com a escola do Estado quanto a do Município, porque nós fazemos parte do Conselho da Escola, e nele estão inseridos alguns membros da Associação, ou seja, dessa forma estamos fiscalizando o que de fato precisa-se na área da educação. Pela nossa avaliação, está tudo normal, está tudo organizado. Espero que os novos diretores que assumirem essas escolas possam também trabalhar em parceria com a Associação.

Na área da saúde, nós temos uma unidade que atende pelos três bairros, Aldeia, Fátima e Laguinho. Nossa vontade era justamente ter uma unidade completa, como hoje é sonho de cada bairro, onde tem remédio e médicos, onde possa atender a população com pequenos curativos, ou seja, é um grande sonho nosso ter algo assim. Mas com relação à saúde não recebemos reclamações ou denúncias. Esperamos que melhore com a eminente mudança que teremos no Hospital Municipal e que o Secretário de Saúde dê mais atenção justamente às pessoas, para que não falte remédios ou médicos em nosso Unidade Básica de Saúde. Agora, com relação à segurança pública, até o presente momento nosso bairro não é muito citado nos meios de comunicação como um bairro violento, podemos dizer que até aqui o bairro tem sido contemplado justamente com a presença das unidades de segurança pública que por ali passam, que são as viaturas, mas esperamos que todas as coisas que eu citei aqui, possam daqui para frente melhorar.

Jornal O Impacto: Com relação à Assistência Social, o bairro está bem servido?

Jurandir Azevedo: Eu gostaria de falar sobre a questão da assistência social, onde nós temos recebido aquele produto do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Agora, com a nova coordenação, melhorou consideravelmente a entrega dos alimentos, já recebemos no dia 20 de julho o alimento que beneficiou 190 famílias do bairro. O coordenador nos falou em uma reunião de avaliação que a próxima entrega será em outubro, todas as pessoas que se enquadram nas exigências do programa, irão receber. Somente aquelas que de fato precisam, que não têm condições de ter uma alimento na sua dispensa ou geladeira, essas pessoa serão cadastradas, irão receber um cartão, e quando chegar no período da próxima entrega, será bem mais fácil trabalharmos com eles, pois já saberemos quem pode e não pode receber o produto. Nós temos uma grande parceria entre Associação, SEMTRAS e os agentes comunitários de saúde.

Jornal O Impacto: Como se encontram as condições do bairro Laguinho com relação à infraestrutura?

Jurandir Azevedo: No governo do prefeito Nélio ainda não recebemos nem uma obra de grande porte. No momento nós estamos recebendo só a limpeza das ruas, retirada de entulhos, limpeza de esgoto, ou seja, apenas a assistência básica. Agora, sobre a situação do bairro, uma das prioridades do nosso plano de ação é a galeria da Travessa Luiz Barbosa. Muitos não sabem, mas essa galeria é a maior que existe no bairro da Aldeia, temos uma na Barjona de Miranda. Essa galeria da Luiz Barbosa está há muito tempo sem sofrer uma ação de limpeza, ou seja, está com mais de 26 anos que foi feito esse tipo de limpeza e retirada de entulho de dentro da galeria, de lá para cá nós não tivemos nenhuma limpeza similar. O problema é que a galeria já está toda comprometida, cheia de entulho. Nossa principal prioridade é pedir para o poder público, se já existe algum projeto, para fazer outra galeria ou fazer a manutenção da galeria da Travessa Luiz Barbosa. Nós temos certeza que se o inverno que vem for rigoroso, a galeria não irá suportar as enxurradas, e consequentemente irá trasbordar e o bairro que é de risco, seu nome já diz tudo “Laguinho”, não suportará. Nossa preocupação, também, é que no Laguinho estão sendo construídos três prédios de 12 andares, com vários apartamentos. Então, essa água servida será direcionada toda para galeria. Eu fui pessoalmente perguntar para o engenheiro da obra, sobre o serviço de cortar o asfalto e meter uma tubulação. Ele me disse que já tinha licença da Prefeitura para fazer aquele tipo de trabalho. Mas toda água que será servida pelos apartamentos desses prédios serão jogadas na galeria e isso preocupa os moradores do bairro, pois certamente essa galeria não terá condições de suportar um forte inverno que poderá vir. Outro problema são os esgotos a céu aberto, que estão todos danificados, em todos os cruzamentos das vias do nosso bairro e, precisam de um reparo urgente. Dentro deste mesmo assunto eu gostaria de pedir para os moradores que colaborarem não jogando lixo dentro do esgoto, isso prejudica a galeria; e nem fazer podagem de árvores, deixando em cima do asfalto esperando que o carro da Prefeitura venha tirar, porque nós fomos orientados que quando alguém quiser fazer uma podagem procure a Associação que nós procuramos uma pessoa da Seminfra para que eles venham fazer justamente essa podagem das árvores e levar os galhos que são tirados dali. Para concluir, quero dizer que o carro de lixo está passando normalmente, isso eu digo porque acompanho essa situação da coleta do lixo, o único dia que não temos coleta é no domingo e ninguém deve jogar lixo nesse dia, porque não vai passar o carro. Peço que os moradores guardem seu lixo e esperem para colocar segunda-feira.

Jornal O Impacto: Com relação ao Bosque da Vera Paz, como se encontra esse local de lazer?

Jurandir Azevedo: Essa é outra situação complicada que encontramos em nosso bairro. É justamente aquela área do Bosque da Vera Paz, uma das razões principais da nossa vinda aqui. Nós temos naquele local uma quadra de esportes, uma academia. Naquela área temos três secretarias: Turismo, Semed e Seminfra, por isso esse lugar deveria ser bem beneficiado, mas o que acontece é que aquela obra foi feita no governo da Maria do Carmo, de lá para cá nunca foi realizada uma manutenção, nunca foi feita uma revitalização naquela área, principalmente nos ladrilhos que são as lajotas do piso, bem como já tem vários lugares que já estão muito comprometidos com rachaduras e isso tem chamado a atenção dos moradores, para que nós possamos cobrar do poder público uma melhora, principalmente no piso daquela área. Com relação à iluminação, quando houve o problema do vandalismo que danificaram toda a parte elétrica do lugar, nós ficamos quase três meses no escuro, isso motivou a retirada dos quiosques que até hoje não estão funcionando, eles vendiam tapioca e alimentos. Agora, já temos a iluminação e não sei por que eles não quiseram voltar para os quiosques, não encontro explicações para dizer, mas que ainda não adianta somente colocar a luz de volta se não tiver justamente esse melhoramento em toda a infraestrutura da área, principalmente na quadra de esportes, onde a pintura dela já se apagou, bem como precisa-se fazer manutenção nos alambrados, nas cestas que encontram-se danificadas. Estamos cobrando tudo isso para a Secretaria que tiver a competência, que venha pelo menos dá uma olhada e para fazer esse serviço. Na academia está tudo normal, está funcionando, temos os funcionários da SEMED que estão justamente tirando o seu horário de trabalho ali, tanto pela parte da manhã quanto pela parte da tarde. Essa academia foi uma reivindicação nossa feita para a Cargill, pois a empresa está no nosso bairro, então nós cobramos da Cargill essa academia e ela entrou em parceria com a Associação e Prefeitura, para fazer essa obra, inclusive colocar os aparelhos. Só que desde lá para cá, nunca foi feito algum tipo de manutenção nos aparelhos e pelo que me falam, tem aparelho que há muito tempo está encostado lá sem uso, porque quebrou alguma peça. Precisamos que venha uma equipe técnica da Semed justamente para fazer os reparos necessários nos aparelhos.

Jornal O Impacto: A empresa Cargill oferece algum tipo de ajuda?

Jurandir Azevedo: Nós vimos a necessidade de melhorar a área. Eu procurei justamente uns funcionários da Cargill e eles me disseram que estavam se propondo a fazer a revitalização do Bosque, mas existe uma lei que tramita na Câmara Municipal, que as empresas privadas não podem ajudar nenhuma obra que possa beneficiar a comunidade. O caso seria justamente da revitalização. Como existe essa lei, então, eu acredito que os vereadores deveriam olhar esse caso, pois a Cargill está se propondo a ajudar o bairro do Laguinho, onde ela está instalada. Nós estamos esperando que haja um entendimento, uma reunião entre nossa diretoria, Prefeitura e a empresa para entrarmos em um acordo para fazer o trabalho lá.

Jornal O Impacto: As secretarias da prefeitura têm dado atenção a esses problemas do Bosque da Vera Paz?

Jurandir Azevedo: Nós tivemos inclusive uma reunião no bairro do Laguinho, que é a revisão do Plano Diretor que tem uma duração de dez anos, no dia 05 de agosto, onde estavam todas as secretarias. Todos esses assuntos foram colocados para eles. Então, espero que seja colocado em prática, queremos ver daqui a dez anos essa mudança. Eu me preocupo também com a ampliação da orla que vai chegar até o Bosque. Gostaria de saber como vai ficar a situação dos canoeiros, um verdadeiro abrigo de canoas que ficam ali, a maioria dos pescadores mora naquela área do Laguinho e Fátima. Será que já existe algum projeto para esses pescadores e essas canoas que ficam ali? Outra coisa, ainda existe condições de a gente resgatar alguma coisa que tem de lembrança da praia da Vera Paz, só está faltando o momento para sentarmos e vermos a planta do projeto que vai ser feito ali naquele lugar. Eu também gostaria de cobrar da empresa Cargill, para mostrar para nós uma planta ou uma maquete de como vai ficar o canteiro da obra da Cargill.

Jornal O Impacto: O embarque de soja e milho pelo porto da Cargill está causando problemas de saúde aos moradores do laguinho?

Jurandir Azevedo: Essa é outra situação que me preocupa, inclusive houve uma audiência na Câmara sobre a situação do embarque de soja e milho nos navios pelo porto da Cargill. Hoje eu recebo muitas reclamações, justamente da poeira que sai dali, principalmente agora no verão, que o vento forte traz todo aquele material para as casas, e aquilo prejudica a saúde dos moradores. Eu gostaria de pedir, também, pois foi dado um tempo para que ali fosse feito um abafador que melhorasse toda aquela poluição, e até hoje não tem. Eu gostaria que a Cargill desse uma solução sobre esse problema.

Jornal O Impacto: Tem mais problemas que causam risco para a população às proximidades do Bosque?

Jurandir Azevedo: Nós temos um grande problema ainda no Bosque, trata-se de um poço antigo de captação de água da Cosanpa, que foi contaminado. Hoje esse poço está lá, contaminado a céu aberto, ele tem uma profundidade de 5 a 6 metros, onde alguém descuidado pode cair, principalmente uma criança. Dali não há saída, não tem como escapar. Eu já cobrei muito, até mesmo pelo jornal O Impacto, onde inclusive fiz uma matéria falando sobre isso, e não teve ninguém para dar uma olhada naquele setor. Para fechar, sobre a segurança, aquela área só vai melhorar se houver policiamento permanente naquele local, depois de ser feito algum serviço de recuperação. Não adianta fazer tudo bonito se não houver segurança e pessoas do governo identificar com crachá um vigia para conversar e orientar a população. Aí sim, vai melhorar.

Por: Allan Patrick

Fonte: RG 15/O Impacto

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