Hermes Bessa: “Motorista sem preparação é um perigo para o trânsito”

Quando a pessoa consegue de forma ilícita sua Carteira Nacional de Habilitação, ela pode ser uma vítima em potencial no trânsito brasileiro.

Sociólogo diz que governo deve colocar nas escolas cursos e treinamentos de trânsito

O sociólogo e especialista em trânsito, Hermes Bessa, que esteve em Santarém para a abertura oficial da Semana Nacional do Trânsito, visitou o estúdio da TV Impacto e a redação do Jornal O Impacto, ocasião em que conversou sobre vários assuntos, relacionados ao trânsito.

“Isso é verdade. Esta é a semana que praticamente todo o Brasil para e volta sua atenção para tentar fazer aquilo que nós chamamos de educação para o trânsito. Então, praticamente todos os municípios, os estados e também os órgãos federais envolvidos com essa parte de trânsito, voltam suas atenções para realizar ações, atividades, palestras, cursos, numa tentativa de conscientizar as pessoas para vários aspectos que envolvem a questão do trânsito, dentre elas o uso do capacete, não uso de bebida alcoólica antes de dirigir, o não uso de drogas, o não uso de medicamentos controlados e também questões ligadas por parte de circulação, que hoje é o nosso grande problema, por exemplo, o avanço de preferencial, avanço de sinal vermelho, dentre outros”, disse o sociólogo.

Hermes Bessa falou sobre a violência que ocorre no trânsito: “Hoje no Brasil, a média de acidentes com vítimas fatais gira em torno de 50.000 pessoas. Então, essa é uma média. Tirando a parte de pessoas amputadas por causa de acidentes, pessoas com traumatismo, pessoas com lesões permanentes (aí entra paraplegia, tetraplegia), os dados são absurdos com os acidentes pelo Brasil. Hoje, gasta-se em média 16 bilhões de reais, é muito dinheiro sendo gasto só na parte de acidentes de trânsito. No Hospital Metropolitano de Belém de cada 100 leitos, 80 estão sendo ocupados por motociclistas. Esse é um exemplo muito terrível. Os governos deveriam avançar nessa parte de educação para o trânsito, deveriam colocar nas escolas cursos e treinamentos, isso tudo de forma permanente e não somente ficar esperando por esse momento para fazer tudo isso.”, declarou.

Agora, a outra coisa é o DETRAN. Aqui em Santarém há pouco tempo foi desbaratada uma quadrilha, sendo que de vez em quando acontece esse tipo de fraude não apenas aqui no Pará, mas em outros estados do Brasil, como a falsificação de carteira de habilitação. Até que ponto isso contribui, também, para que o trânsito seja essa bagunça toda? Perguntamos.

“Isso contribui principalmente na questão do motociclista, que consegue através de meios ilícitos uma carteira de habilitação. Não somente ele é um indivíduo vulnerável no trânsito, como as pessoas que estão ao seu redor. Por exemplo, esse indivíduo não vai conseguir absorver ou ter técnicas de pilotagem profissional, e essas técnicas você só consegue quando passa por uma auto-escola. Quando a pessoa consegue de forma ilícita sua Carteira Nacional de Habilitação, ela pode ser uma vítima potencial no trânsito brasileiro. Uma das questões é essa, da pessoa não ter recebido aulas e técnicas de pilotagem de veículos e de motocicletas”, alertou Hermes Bessa.

O especialista em trânsito se manifestou, também, sobre a situação do condutor que passou por todos os segmentos ali na preparação para chegar até a sua carteira e muitas vezes com toda essa preparação ele não é obediente no trânsito, não cumpre as leis, se isso é uma questão de formação pela escola ou do próprio ser humano.

“Tem vários fatores sobre essa questão. Um deles está ligado a auto confiança do condutor, que de um modo geral, acredita que o acidente não vai acontecer com ele, então, ele acelera o veículo, avança a preferencial, passa no sinal vermelho, bebe antes de dirigir, usa droga antes de dirigir, leva, três pessoas em uma motocicleta, não usa o capacete, não usa o cinto, etc. Isso está ligado muito com excesso de confiança, ele acha que não vai ser uma vítima no trânsito, acha que nunca vai se envolver porque tem aquele estereótipo na sua cabeça, que quanto mais tempo ele tem de habilitação mais ele fica profissional. Isso não é verdade. Você pode ter 40 anos de habilitação e ser uma pessoa imprudente. Outra questão é cultural; hoje nos temos um problema sério, principalmente no Pará, que é a questão cultural e eu gosto de enfatizar o motociclista, porque se você percebeu, esse condutor foi aquela pessoa que deixou a bicicleta para andar de moto, esse é o nosso motociclista no Pará. E ele não conseguiu mudar na cabeça dele as regras do ciclista para o motociclista, porque o ciclista é imprudente, ele anda na contra mão, anda sem capacete e não tem habilitação, a bicicleta não tem documento. No Brasil as regras para o ciclista e para o pedestre são aquelas que não pegaram até hoje; quiseram fazer algo na década de 90, equipar o ciclista e a sua bicicleta, mas isso não funcionou, não foi para frente. Ainda temos um problema seríssimo hoje, que é a questão do grande aumento da venda de motocicletas, principalmente por causa do preço da gasolina que está exorbitante nesse País”, informou. Veja a entrevista na íntegra no site: www.oimpacto.com.br.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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