Governo Jatene deverá fechar mais uma escola em Santarém

O educandário Richard Hennington, no bairro Diamantino deve sera terceira escola estadual a encerrar as atividades na gestão de Simão Jatene

Alunos, pais, professores e servidores lamentam a decisão que poderá ser efetivada em 2019.

A comunidade escolar do bairro Diamantino, periferia de Santarém, está angustiada com a informação de que as atividades da Escola Estadual de Ensino Fundamental Richard Hennington, serão encerradas no ano letivo de 2019. Segundo informações, a 5ª Unidade Regional de Educação (URE), realizou reunião com pais e servidores, onde apresentou a possibilidade. A falta de demandas de alunos seria um dos principais motivos.

Atualmente escola possui cerca de 120 alunos, número muito abaixo de sua capacidade. Em áureos tempos, chegou a funcionar até mesmo no período intermediário.

“Não é possível que isso possa acontecer. O Richard sempre foi um polo de educação para toda a comunidade do nosso bairro. Proporcionou ensino a milhares de santarenos. Dói saber que poderá ter um desfecho tão lamentável”, disse a dona de casa Giovana Silva.

Para ela, apesar de sobressair os trabalhos dos professores e servidores, a falta de estrutura prejudicou o bom andamento dos trabalhos educacionais. “Uma quadra adequada com cobertura, carteiras e móveis novos fazem falta”, narra.

FECHAMENTO EM SÉRIE

Se concretizado o encerramento das atividades da Escola Richard Hennington, ela será a terceira, de uma lista que vem crescendo desde 2015. No início de 2018, um dos educandários mais tradicionais de Santarém, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Moraes Sarmento, localizada na Avenida Cuiabá, no bairro Caranazal, fechou as portas.

Pais de alunos contaram que foram pegos de surpresa quando procuraram vagas para matricular os filhos na Escola Moraes Sarmento e encontraram o educandário de portas fechadas.

Os professores da rede estadual também dizem que ficaram surpresos com o fechamento da escola. Isso mostra o descaso do governador Simão Jatene com Santarém e região Oeste, onde na campanha para o governo do Estado em 2014, teve uma votação muito baixa e, como represália fechou os olhos para nossa cidade e outros municípios.

No caso da escola Moraes Sarmento, a estrutura foi repassada em comodato à Polícia Militar, a princípio para abrigar o Projeto Cidadão do Futuro. O projeto para o futuro é implantar no local, o primeiro colégio militar da região oeste do Pará.

Em 2015 a Escola Estadual Olindo Neves, no bairro Nova República, também teve suas portas fechadas. Entre os motivos para o fechamento estava o número insuficiente de alunos e a evasão escolar.

De acordo com a 5ª URE, em 2015, pelo baixo quantitativo de alunos, não tinha como a escola funcionar. O presidente da Associação de Moradores do bairro Nova República, Joel Ferreira, na época, informou que foi apresentado um relatório definitivo, porém, a SEDUC pecou no planejamento das ações. “Obviamente é uma perda para a comunidade, porque a construção dessa escola é uma questão histórica. Mas a questão é que, no momento que se fecha uma escola, as famílias perdem a oportunidade de matricular nas escolas municipais e em outras unidades de ensino”, enfatizou Joel Ferreira naquela ocasião.

A escola Olindo Neves foi a primeira instituição de ensino a ser construída no bairro da Nova República. A notícia não agradou os moradores do bairro, que disseram na ocasião que faltou mais organização por parte da SEDUC. Hoje no prédio funciona a “Casa Azul”, projeto de apoio a crianças autistas.

ABANDONO GERAL E VIOLÊNCIA

Infelizmente o espaço que deveria ser referência para o desenvolvimento das crianças e adolescentes tornou-se alvo dos bandidos. Reféns da violência que assola as escolas, alunos, professores e técnicos sentem na pele o descaso do governo do Estado.

Em meio ao fogo cruzado, os profissionais que atuam na função de vigia, sem qualquer tipo de proteção e segurança, corriqueiramente são ameaçados de morte, agredidos e roubados.

No mês de janeiro, um caso que aconteceu na Escola Estadual Maestro Wilson Dias da Fonseca, bairro da Nova República, revoltou os santarenos. A escola foi invadida por criminosos. Segundo informações, o vigia estava na sala dos professores, quando a janela de vidro foi quebrada, momento que ele correu e se escondeu dentro do banheiro, deixando sobre uma mesa as chaves de sua motocicleta e da escola, carteira e celular. Na fuga os bandidos levaram os objetos e a moto.

“Os vigias estão muito vulneráveis, por causa do descaso também do Estado, na questão do vigia desarmado. Infelizmente a vigilância do Estado é desarmada. Então, os vigilantes da noite ficam à mercê dos bandidos, e nossa preocupação é que uma hora ou outra possa acontecer o pior. Na escola os roubos e furtos são recorrentes. Levam nossos computadores, eletroeletrônicos e materiais. O problema é que a gente registra o B.O. e a perícia nunca vem. Não é somente em nossa escola; inúmeras escolas da rede estadual são furtadas, e a gente não tem respostas sobre a prisão dos acusados”, disse o diretor da Escola na época.

Não é de hoje que a categoria tem demonstrado preocupação com a vulnerabilidade que se encontra na execução de suas funções. De acordo com eles, o número de profissionais há muito tempo está abaixo da demanda. Com quadro insuficiente, eles denunciam que trabalham muito além da carga horária prevista no concurso.

Uma prova disto é o fato de que no período do dia, alguns educandários já não contam os serviços dos profissionais, nem tão pouco de porteiros.

Em 2015, a categoria realizou greve cobrando solução. A manifestação teve como objetivo conseguir uma resposta da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) sobre a carga horária que a categoria cumpre. Na época, os vigias alegavam que estavam exercendo uma jornada de trabalho superior ao que constava no edital do concurso C130, sem receber aumento na remuneração.

A Justiça determinou que o Estado cumprisse a carga horária de vigilantes de escolas de Santarém, de acordo com o edital do concurso C-130 de 2007/ em relação à jornada de trabalho. Em reunião com a 5ª Unidade Regional de Ensino (5ª URE) ficou determinado que os servidores, levando em consideração o edital do concurso de 2007, que estabelece carga horária de 30 horas semanais, três propostas foram apresentadas. De acordo com o comando de greve, a primeira proposta era para trabalhar de segunda a sexta, uma noite sim e outra não, sem hora extra; a segunda opção era para trabalhar de segunda a sábado, com 20 horas extras; e a terceira sugestão era para trabalhar de segunda a domingo, com dois dias de folga e sem hora extra. “Trouxemos as três propostas que a URE nos apresentou. Foi aprovada uma e essa aprovação foi feita em assembleia. Vamos trabalhar de segunda à sexta, de 12/36. Não trabalhando no sábado e no domingo”, informou o representante do comando de greve na época, Jaime Sousa.

PERIGO CONSTANTE

A triste realidade de vários educandários em Santarém tem deixado os estudantes e seus pais com os nervos à flor da pele. O sentimento é de completo desprezo com a população, já que há anos, inúmeros problemas estão sem solução.

O caos que se instalou nos educandários da Rede Estadual de Ensino, só não é maior, devido ao esforço dos profissionais da educação e da comunidade. Ao longo dos anos, o que se viu foram muitas promessas por parte do Governo do Estado, e pouca ação efetiva. Reformas iniciadas há mais de quatro anos e que até o momento não foram concluídas; problemas na carga horária de trabalho dos vigias, o que deixou as escolas da rede sem segurança nos finais de semana.

Como exemplo da insegurança que atinge as escolas, os pais de alunos que frequentam a Escola Estadual Plácido de Castro já não sabem a quem apelar. O educandário que fica localizado na Avenida Sérgio Henn, bairro do Diamantino, tornou-se alvo de pelo menos três assaltos no ano de 2017, e neste primeiro ano, outros dois assaltos foram registrados. A ousadia dos bandidos é tanta, que eles realizam verdadeiros arrastões em salas de aulas. De posse de arma de fogo e arma branca, eles ameaçam professores e alunos, tocam terror e roubam dinheiro, celular e objetos da escola. É incontável o número de escolas do Estado que tornaram-se alvo dos criminosos.

Para os pais, uma situação tem causado ainda mais preocupação, e pode explicar o aumento da criminalidade nas escolas. O advento do tráfico de droga nas escolas, é cada vez maior o número de estudantes que são aliciados pelos traficantes. Muitos acabam tornando-se viciados, e para manter o vício, acabam roubando os próprios colegas de escola.

A situação do abandono dos educandários da rede estadual de ensino, no estado do Pará, tem refletido diretamente na grande taxa de evasão escolar. Segundo o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Ministério da Educação e divulgado em 2017, demonstrou que Pará tem a mais alta taxa de evasão em todas as etapas de ensino, chegando a 16% no ensino médio.

Por Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

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