Nélio Aguiar: “Olavo das Neves se calou por interesses”

“Depois que assumiu uma Secretaria, Olavo acabou baixando as bandeiras que empunhou, que eram da classe empresarial e do povo de Santarém”

Prefeito diz que santarenos deram resposta à politicagem de Jatene

Concluída a eleição, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, foi vitorioso em apoiar a candidatura de Helder Barbalho ao governo do Estado. A votação expressiva do candidato do MDB em Santarém, segundo o chefe do executivo municipal, foi uma resposta ao desprezo de Simão Jatene com o município.

Nélio Aguiar se pronunciou com relação às críticas que recebeu depois que declarou seu apoio a Helder Barbalho, que é do MDB, e não apoiou o candidato do seu partido, Márcio Miranda, que é do DEM.

“Olha, na própria TV Impacto já dei uma entrevista sobre esse tema, que inclusive chegou a Belém, tomaram o conhecimento e teve uma grande reação. Mas eu fui franco e positivo, sendo que teve muita gente que enganou o Márcio Miranda, fazendo de conta que estava com ele. Tínhamos um compromisso com Márcio, que estava certo que seria candidato a Senador, era esse o compromisso. Se ele tivesse vindo a Senador, teria o nosso apoio, mas ele mudou, foi influenciado pelo Jatene sem conversar com o partido, tomou a decisão de vir candidato ao Governo do Estado e isso dividiu o Democratas. Os integrantes do Democratas lá do nordeste do Pará ficaram com o Márcio e os integrantes do Democratas do Oeste do Pará ficaram com o Helder. Isso causou essa grande divisão no partido. Não teve como apoiar o Márcio, pois demos nossa palavra e assumimos compromisso com o Helder. Um dos motivos para essa decisão nossa, é que nós estamos com 1 ano e 10 meses como prefeito de Santarém, e quem nos ajudou e nos deu as mãos enquanto Ministro da Integração Nacional, foi o Helder. Quando ele esteve em Santarém, em janeiro, mostrei o risco de desmoronamento da orla. Dois meses depois, em março, ele já voltou para assinar o convênio, para liberar o recurso, para autorizar a licitação e a obra está em andamento. Conseguimos mais de 10 milhões de reais do Ministério da Integração Nacional para obras de pavimentação de ruas, sendo que agora que nós vamos começar a executar, devido todo problema de burocracia e a própria eleição também atrapalhou. Vamos fazer o anel viário da Nova República, vamos fazer o anel viário da Área Verde, onde na última sexta-feira assinamos a ordem de serviço. Então, o Helder foi parceiro e leal, não só comigo, mas com Santarém. A gente procurou muita parceria com o Governo do Estado, a gente levou o problema da saúde esperando resposta e não veio ajuda; a gente levou as nossas dificuldades da área de infraestrutura urbana, que precisa de recursos, e não conseguimos nada. Não dá para resolver só com conversa, só com visita, com tapinha nas costas. Tem um problema histórico, que herdamos de vários governos passados e que não conseguiram resolver, hoje estamos correndo atrás de recursos para resolver. Conseguimos alguns recursos do Governo Federal, temos ruas pavimentadas no Jardim Santarém, nas proximidades do Aeroporto Velho, na Nova Muiraquitã, ali no Santíssimo, Prainha, tem a Avenida Marabá, tem a Marajoara, tem a Pedro Gentil, tem várias ruas sendo pavimentadas, mas a demanda é muito grande e a gente precisa do apoio do Governo do Estado. Nós chegamos a assinar um Termo de Compromisso e um convênio para 17 km de asfalto para este verão em Santarém e não conseguimos nada. Quer dizer que já são dois anos de governo e a gente não recebeu um palmo de asfalto do Estado. É muito difícil a gente administrar um Município do tamanho de Santarém sem a parceria do Governo do Estado. O Helder conquistou nossa confiança nesse sentido, de ser realmente parceiro, de ter um olhar mais amplo, de não ficar olhando somente para Belém, de olhar para Santarém, a capital do Baixo Amazonas. Temos mais de 300 mil habitantes, temos uma pujante arrecadação de ICMS, de próprio IPVA e esses recursos precisam retornar para Santarém na forma de investimentos”, informou o Prefeito.

“Política tem de ser levada de forma séria, responsável e comprometida com a população”

Ao ser questionado se durante todo o governo de Simão Jatene o município de Santarém foi prejudicado, Nélio Aguiar foi enfático: “Eu fiz uma cobrança em relação ao próprio coordenador do Centro Regional de Governo, o empresário Olavo das Neves e à própria cúpula do PSDB de Santarém, que não gostaram muito dessa cobrança. Porque eu fiz essa cobrança? Porque o Olavo foi Secretário do governo e estava junto com Jatene o tempo todo; o ex-prefeito Alexandre Von, do mesmo partido do Jatene, que também foi Secretário, a gente ficou esperando as realizações de obras. Prometeram o Distrito Industrial e não saiu; prometeram o Centro de Convenções e está lá um matagal, sendo que a Prefeitura fez sua parte doando o terreno; prometeram concluir o estádio Colosso do Tapajós e nada foi feito; prometeram um Ginásio Poliesportivo para atender a juventude santarena e também não concluíram; prometeram resolver o problema da falta d’água em Santarém, e até hoje temos vários bairros e famílias sofrendo com a falta d’água; prometeram 17 km de asfalto para Santarém, para colocarmos principalmente no Santarenzinho e na Nova República, onde fizemos todo projeto, fizemos a cerimônia, tenho fotos fazendo assinatura do convênio junto com a Secretária filha do Governador, Izabela Jatene, com o próprio Márcio Miranda e também ficou só no papel. Eu cobrei, mas não consegui resposta. Cadê a força das lideranças em Santarém, que fazem parte do governo, porque não brigam pelos interesses do povo de nossa cidade? A conclusão que eu tirei dessa história toda, é que resolveram travar e fechar as torneiras para Santarém, com um único objetivo: desgastar o Prefeito, deixá-lo em situação difícil na parte da saúde e infraestrutura. Fizeram com esse intuito, de nos desgastar e é isso que eu rechacei no nosso pronunciamento, porque isso eu considero uma politicagem. Quem paga os impostos e quem contribui com o Estado é a população. O dinheiro não é do Prefeito, o dinheiro não é do Olavo, o dinheiro não é do Governador, o dinheiro é da população e esse dinheiro tem de retornar em benefício para a população. Como é que Caracol, que é um distrito do município de Trairão, recebeu 3 km de asfalto; Mojuí dos Campos, aqui do lado, também um Município pequeno na Região Metropolitana de Santarém, recebeu o asfalto, e a gente não recebeu nada? Isso mostra que o problema não foi financeiro, o problema não foi orçamentário, o problema foi político. Eu fico indignado com isso”, desabafou Nélio Aguiar.

O que o senhor tem a falar das recentes declarações do Olavo das Neves, que é representante de Santarém no governo Jatene? Perguntamos.

“O Olavo foi um defensor árduo do Estado do Tapajós, participou inclusive da comissão de arrecadação de recursos, durante o plebiscito do Estado Tapajós e todo mundo sabe que o Jatene prometeu não entrar na campanha, mas entrou dizendo não ao Tapajós, dizendo não a Carajás, ou seja, o Jatene nos traiu, ele prometeu uma coisa e fez outra. Ele não era para entrar na campanha na posição de estadista, como Governador; ele tinha de deixar a população escolher, era esse o compromisso dele, mas acabou sendo contrário. Isso pesou muito e nós não conseguimos o tão sonhado Estado do Tapajós. De repente o Olavo surge como Secretário do governo Jatene. Para mim e para outras pessoas que eu tenho conversado, isso foi um ‘cala a boca’. ‘Vamos acalmar o Olavo e ele vai parar de falar no Estado do Tapajós, vamos dar um carguinho para ele’. Outro coisa para qual o Olavo se calou, foi em relação aos próprios números que ele levantou e muito bem, porque eu era Deputado na época e ele apresentou no Centro Recreativo, numa sessão itinerante da Assembleia Legislativa, os números da arrecadação da nossa região, dizendo que o que voltava para nossa região era pouco, que tinha de voltar pelo menos o que era arrecadado aqui, porque a desigualdade precisa ser combatida no Estado, investir mais em regiões que estão menos desenvolvidas, investir mais no Marajó, investir mais no Oeste do Pará, para a gente melhorar o IDH e outros índices de qualidade de vida nessas regiões. E aí, o que aconteceu? Depois que ele assumiu uma Secretaria, se calou. Por isso que eu falei que ele olhou pelos seus interesses pessoais e acabou baixando as bandeiras que empunhou, que eram bandeiras da classe empresarial e do povo de Santarém. Os interesses de Santarém acabaram ficando de lado. Eu acho que a gente tem de ser firme, as lideranças daqui da região não podem mendigar, ir atrás de migalhas. Temos de ter coragem, ter audácia e sentar na mesa do banquete e dizer: ‘opa! temos de levar para Santarém; Santarém precisa disso, daquilo’. Eu não vou calar! Vou cobrar do Helder, como aliado e parceiro, tudinho. Eu já estou elaborando uma pauta de reivindicação. Acho que é esse o nosso papel”, informou.

Prefeito, tempos atrás houve uma audiência na Câmara dos Vereadores, onde o assunto tratado era a implantação dos Portos em Santarém, inclusive em um vídeo o Olavo das Neves cita que o poder público municipal de Santarém não agia para que os portos fossem implantados. O Olavo cumpriu o que prometeu? Voltamos a perguntar.

“Vamos aproveitar esse momento e prestar um esclarecimento à população santarena. A prefeitura de Santarém não licencia portos, nós não temos competência para isso; a Semma Municipal não tem a competência de licenciar grandes empreendimentos no nosso Município, como portos, que são licenciados pela Semas Estadual, ou seja, é o governo do Estado que licencia. O município de Santarém já fez a sua parte, que foi no momento que o empresário comprou a área e a legalizou junto à Prefeitura. Foi isso que Santarém fez, porque ele precisa para aprovar o projeto na Semas, para ter a licença de instalação, para fazer todo o EIA Rima. Então, se tem alguém que segurou esse projeto, se tem alguém que engavetou esse projeto, foi o Governo do Estado e o Olavo sabe muito bem disso. Não adianta ir para Facebook e para redes sociais querer dizer o contrário, que não é verdade. A verdade é que quem licencia é a Semas e o negócio não andou mais porque está lá engavetado junto ao governo do Estado”, disse o Prefeito.

“Nesses dois primeiros anos de governo eu fui massacrado, fui perseguido e colocado de castigo” pelo governo Jatene”

O prefeito de Santarém faz uma avaliação sobre o resultado das eleições que aconteceram no último domingo.

“A maior vitória desse processo foi da democracia brasileira, que nós temos de defender, defender nossa Constituição, defender a liberdade, e que as pessoas possam respeitar o resultado. Graças a Deus, aconteceu sem nenhuma baderna durante a votação. Isso que é bonito na democracia. Divergências de ideias existem e são naturais. No palanque geralmente os ânimos ficam mais exaltados, cada um defende a sua bandeira e suas propostas. O Juiz de tudo isso é própria população, que deu um recado através das urnas, votou com o sentimento, em nível nacional, um sentimento pela mudança; um sentimento anti-PT, que passou os últimos anos no poder e houve um desgaste porque acabou traindo a própria bandeira da ética, contra a corrupção. Quem conseguiu captar toda essa rejeição anti-PT sabiamente foi o Bolsonaro, que acabou sendo eleito Presidente do Brasil. Em nível Estadual, o sentimento da população de Santarém, da região Oeste e da população do estado do Pará foi mudança. A população estava cansada de 20 anos de governo do PSDB, que não conseguiu resolver problemas gravíssimos do nosso Estado, sendo que o principal é a questão da Segurança Pública, onde o Pará é o campeão em homicídios e a população já não aceita mais isso. O próprio declínio da educação é do Ideb, que é a avaliação da qualidade do ensino. Para você ter uma ideia, o Ideb do município de Santarém é maior que o Ideb do Estado, então, caiu a qualidade da educação no Pará. São vários problemas e a população, é claro, cobra muito e votou justamente no Helder Barbalho na esperança e sentimento de mudança dentro do estado do Pará. A gente tem se empenhado e lutado bastante. Não tem sido fácil, não só pra mim, mas para a maioria dos prefeitos do Brasil. Damos Graças a Deus de conseguir pagar a folha, pagar pelo menos os encargos sociais, pois os recursos para investimentos estão difíceis. Estamos buscando parceria junto ao Governo Federal e espero continuar contando com esse apoio, através dos próprios deputados que foram eleitos na região como o Júnior Ferrari, José Priante e outros que eu tenho amizade e articulação política. Espero contar com a parceria do Presidente eleito Jair Bolsonaro, recentemente estive na casa dele dialogando, levando os problemas de Santarém e da nossa região. A gente vive de pires na mão em Brasília, correndo, mendigando atrás de recursos, e com a proposta do Bolsonaro de enviar recurso diretamente para as prefeituras, é muito interessante, pois fortalece e dá mais autonomia para os municípios. Estou muito feliz e contente com o resultado da eleição, muito confiante de que as coisas vão poder melhorar, que eu vou ter condições de fazer muito mais do que eu venho fazendo por Santarém, pois nossa vontade é grande de fazer, mas eu preciso ter condições para isso. Nesses dois primeiros anos de governo eu fui massacrado, fui perseguido e colocado de castigo pelo governo Jatene. As portas agora irão se abrir, nos vamos virar essa página escura e um novo horizonte virá pela frente, com Helder, com parcerias e melhores condições de atender as necessidades da população”, finalizou o prefeito Nélio Aguiar.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Nélio Aguiar: “Olavo das Neves se calou por interesses”

  • 1 de novembro de 2018 em 22:26
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    Já que foi eleito, e teve o apoio do prefeito Nélio e da população, espero e torço para que o futuro governador conclua as obras do nosso “Colosso do Tapajós” que o pai dele deixou pela metade a 31 anos atrás.

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