Milton Corrêa Ed. 1251
34% DOS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS CONSIDERAM DIFÍCIL CONTRATAR CRÉDITO, APONTA INDICADOR CNDL/SPC BRASIL
Burocracia e juros elevados são principais entraves, avaliam empresários. Apenas 15% dos micro e pequenos empresários pretendem tomar crédito pelos próximos 90 dias. Entre quem vai investir, maioria recorre a capital próprio. O cenário de recuperação lenta da economia tem forçado os micro e pequenos empresários do varejo a se manterem cautelosos na hora de contratar crédito para seus negócios. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que mais de um terço (34%) dos empresários de menor porte considera difícil contratar algum tipo de crédito nos dias de hoje. Os que avaliam o processo de forma fácil somam apenas 18% da amostra, ao passo que 14% não têm opinião formada sobre o assunto.
O excesso de burocracia e de garantias exigidas pelas instituições financeiras desponta como o principal entrave, citado por 66% dos empresários consultados, acompanhado da percepção de juros elevados (49%). Na avaliação dos empresários ouvidos, o tipo de crédito mais difícil para se obter são os fornecidos pelo BNDES (23%) e também por instituições financeiras (17%). Entre a parcela minoritária que considera simples o processo de contratar crédito, as principais razões são o bom relacionamento que eles mantêm com o banco (63%) e o fato de estarem com o pagamento das contas sempre em dia (44%). Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a recente aprovação do Cadastro Positivo pelo Congresso Nacional deverá melhorar o ambiente de negócios no Brasil ao reduzir a assimetria de informações entre quem busca e fornece crédito e também por premiar os que costumam honrar com seus compromissos financeiros. “Com o Cadastro Positivo, as instituições financeiras poderão realizar uma análise de crédito mais assertiva e completa, o que deve reduzir as taxas de juros e ampliar o acesso ao crédito, principalmente para as empresas de menor porte que hoje estão a margem desse mercado”, analisa o presidente.
68% DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NÃO DEVEM BUSCAR CRÉDITO. MAIORIA ALEGA QUE CONSEGUE TOCAR NEGÓCIO COM RECURSOS PRÓPRIOS
O levantamento também mostra que a intenção dos micro e pequenos empresários em procurar crédito pelos próximos 90 dias segue em patamar baixo, apesar de uma melhora na comparação com o ano passado. Em abril deste ano, o Indicador de Demanda por Crédito atingiu 25,8 pontos, situando-se acima dos 20,5 pontos observados no mesmo mês de 2018. Pela metodologia do indicador, quanto mais próximo de 100, maior é a propensão dos empresários a procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios. Em termos percentuais, apenas 15% dos micro e pequenos empresários do varejo manifestaram a intenção de contratar algum tipo de crédito pelos próximos três meses, contra 68% que garantiram não estar interessados em buscar recursos de terceiros. Outros 17% não souberam responder. Quando indagados sobre a negativa, 41% alegam ser possível manter suas empresas com recursos próprios. O mesmo percentual de 41% não vê necessidade em contratar crédito. Já as altas taxas de juros também são fator de impedimento, mencionadas por 28% dos que não pretendem tomar crédito. Há ainda 10% que estão inseguros com a situação econômica do país e 8% que têm receio de não conseguir pagar as parcelas futuramente. “Parte relevante dos pequenos empresários não buscam crédito por não veem necessidade, mas há espaço para que a demanda cresça nesse segmento porque muitos também apontam fatores como insegurança, crise e juros altos como impeditivo. A combinação de burocracia e juros altos são um obstáculo à contratação de crédito e consequentemente para o investimento, o que acaba por impactar o crescimento do país. O crédito é um dos grandes motores da economia, pois gera consumo, emprego e renda”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.