Artigo – Com toda essa fumaça, o pulmão do mundo está queimando?

Quando trabalhava para o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), vi certa vez um angelim-pedra, majestoso, com 50 metros de altura e 2 m de diâmetro e algumas centenas de anos ir o chão, pela indústria madeireira. Foi de cortar o coração. De cortar o coração também é descobrir que mitos, construídos no nosso imaginário simbólico, sobre a Amazônia, não são de todo uma verdade.

Ensinaram-nos errado, e hoje com tanta fumaça vindo da Amazônia, repetem que o pulmão do mundo está queimando. De uma vez por todas, a Amazônia não é o pulmão do mundo. Como os seres humanos, o planeta também tem dois.

Crescemos com o conceito de que florestas eram os pulmões do planeta porque tínhamos mais conhecimento da terra nos continentes, do que nos oceanos. Cientistas hoje alocam 50% do suprimento de oxigênio para plantas e árvores, e os 50% restantes para o oceano.

As florestas não são os pulmões do planeta, mas são um ‘cooler’ da atmosfera, um circulador que equilibra temperaturas, faz chover e contribui para um clima mais ameno. O imenso azul é ainda mais importante que as florestas. Combatem a mudança climática através da absorção e liberação de carbono.

Os oceanos não fornecem oxigênio apenas, também capturam carbono e, regulam o efeito estufa e a mudança climática. As plantas marinhas geradoras de oxigênio são microscópicas, os fitoplânctons. Juntamente com animais marinhos vertebrados, essas miniaturas desempenham um papel importante para a mudança climática.

Eles capturam carbono atmosférico, armazenam em seus corpos, e quando eles morrem liberam benignamente nas profundezas do oceano. Estima-se que pelo menos 25% das emissões antrópicas são absorvidas pelo oceano todos os anos, 2 bilhões de toneladas de carbono por ano que os oceanos absorvem.

As plantas também capturam carbono, mas quando morrem elas o liberam à terra; já os fitoplânctons e animais vertebrados morrem e o carbono que eles sequestraram vai para o fundo do mar. Os oceanos têm um papel maior do que florestas e selvas porque são 70% da superfície planetária e, esses ciclos que ocorrem em uma dimensão mais ampla. As florestas crescem a uma altura de 40 metros, em média, mas a profundidade do oceano chega a 11.000 metros.

RG 15  / O Impacto

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