Artigo – Distúrbios nos EUA: não foi só pelo racismo

Por Oswaldo Bezerra

Os protestos continuam na cidade de Minneapolis, no estado americano de Minnesota, pelo quarto dia consecutivo pela morte do homem afro-americano George Floyd, que morreu na segunda-feira após uma brutal prisão policial. A Guarda Nacional foi ativada em Minnesota pela primeira vez em 12 anos para ajudar a lidar com os distúrbios.

O policial que se ajoelhou no pescoço de Floyd por mais de sete minutos, apesar da mensagem “não consigo respirar” e implorando por sua vida, foi preso. O que testemunhamos nas ruas de Minneapolis foi apenas o começo. Os EUA estão profundamente divididos e grande parte da população está perdendo a fé nas instituições básicas que governam sua sociedade.

Um governo que prega a desobediência civil e tenta quebar as bases da sociedade só pode colher tempestades. Ninguém pode assistir ao vídeo da morte de George Floyd sem ter uma reação emocional. No Brasil, país onde a polícia é a mais letal do mundo, tanto como vítima e algoz, quase sempre as mortes de inocentes tem uma certeza, a vítima é de afro-descendente.

Não é só aqui no Brasi, a brutalidade policial tem sido um problema enorme afetando os negros. Nos Estados Unidos ocorre há muitos anos e chegou ao ponto em que a maioria do país não tem mais fé na polícia. É claro que os manifestantes não estão ajudando sua causa queimando as comunidades que supostamente estão defendendo. E depois de causar tanto caos na noite da última quarta-feira, os manifestantes já continuam o manifesto por dias seguidos.

Centenas de manifestantes marcharam pelas ruas de Minneapolis. O tráfego foi interrompido quando uma multidão de pessoas fechou quarteirões inteiros. Os manifestantes gritaram “não consigo respirar” e “sem justiça, sem paz; processar a polícia.

Não se enganem, esta é apenas uma prévia do que chegará às principais cidades em toda a América do Norte. Os tumultos não são sobre a brutalidade policial. Os tumultos são também por questões econômicas e por ódio gerado “fake news” elaboradas por Steve Bannon, o mesmo que coordena as fake news no Brasil.

Ontem foi divulgado que mais 2,1 milhões de norte-americanos perderam o emprego. Esta foi a décima semana consecutiva em que o número de novos desempregados superou a 2 milhões. Lembrando que antes desta crise, o maior número já registrado em uma única semana foi de 695.000 em 1982.

Portanto, mesmo depois de tantas semanas catastróficas seguidas, ainda estamos em um nível aproximadamente três vezes maior que o recorde anterior. Os norte-americanos que perderam os empregos já somam 40,8 milhões só nas últimas 10 semanas. Esse é o maior aumento do desemprego em toda história dos EUA. Mais de um quarto de todos os empregos nos Estados Unidos já foram eliminados.

O impacto dessas perdas de emprego foi atenuado pelos bônus de desemprego no valor de 600 dólares por semana. É extremamente generoso o que o governo federal estava distribuindo. Esses benefícios vão acabar no final de julho.

No momento, muitos são capazes de pagar suas contas com o auxílio emergencial e pelo benefício padrão de desemprego, que varia de estado para estado. Mas esse benefício já acaba no final de julho. Caso o Congresso não aprove outro projeto de lei para estender os benefícios, o país dos gringos assistirá uma enorme instabilidade nacional. O presidente Trump, que manteve a falsa abundância econômica com distribuição de dinheiro para recompra de ações, junto com os líderes republicanos no Senado não planejam estendê-los.

Difícil prever, mas a possibilidade de, em breve, assistirmos à revolta de dezenas de milhões de norte-americanos desempregados, com muita raiva por não conseguirem mais pagar suas contas, é certa. A cada dia que passa, mais notícias econômicas ruins continuam surgindo. Por exemplo, foi divulgado hoje que os pedidos de bens duráveis ​​caíram 19,4% em relação ao ano passado. As vendas pendentes de imóveis caíram 34,6% em abril, comparados com o ano anterior.

Os EUA já testemunham que muitos estados mesmo depois de terem sua economia reaberta para negócios não conseguiram acabar com a quebra econômica. Durante as primeiras semanas da pandemia, houve apenas uma marola de grandes falências, mas hoje se tornaram uma pororoca. As falências estão caminhando para insolvências.

Só em maio, cerca de 27 empresas que declararam pelo menos US$ 50 milhões em dívidas buscaram proteção judicial dos credores. Eles variam de conhecidos pilares da economia norte-americana como J.C. Penney Co. e J. Crew Group Inc. até transportadoras aéreas Latam Airlines Group SA e Avianca Holdings, seus negócios dizimados à medida que os viajantes permaneciam no local.

A Coresight Research, empresa que rastreia aberturas e fechamentos de lojas de varejo, elevou suas projeções de fechamento deste ano de 8.000, no início do ano, para 15.000 no início de março  e hoje projeta 25.000.

Já havia muita raiva por toda a América do Norte durante os “bons anos”, com o mercado de ações sendo elevados a custa do dinheiro doado pelo FED, que levou os EUA a menor taxa de desmprego de sua história. O ódio foi alimentado por um governo, que não sai do palanque, e manteve Steve Banon no comando das “fake news” e na polarização mantendo o ódio para fins eleitoreiro. No Brasil, o mesmo criminoso internacional mantém seus tentáculos.

Imagine quando o cenário sem empregos disponíveis, e com as pessoas sem conseguir nem o básico para suas famílias. Os EUA testemunharão a frustração em uma escala diferente, nunca vista antes. Observe cuidadosamente o que está acontecendo nas ruas de Minneapolis hoje, porque é assim que o futuro será nas principais cidades norte-americanas, e como nosso governo tenta se espelhar no governo Trump, poderá acontecer no Brasil também.

RG 15 / O Impacto

3 comentários em “Artigo – Distúrbios nos EUA: não foi só pelo racismo

  • 31 de maio de 2020 em 00:51
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    O Autor não tivesse o esquerda vírus até ia bem, mas ai diverte a gente como por exemplo …Ódio por um governo que não sai do palanque e manteve Steve Banon no comando das fake news….. pobre Oswaldo, em tudo estás errado!

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  • 31 de maio de 2020 em 00:40
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    O pessoal de esquerda dos EUA está no meio dos distúrbios junto com a imprensa, propagando os protestos. Hienas são sempre hienas.

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  • 30 de maio de 2020 em 18:44
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    Solução pros USA ? Todos pra Cuba ! Lá a polícia é legal demais, não bate em gente de cor, não mata, o povo não tem medo da polícia, vc pode protestar à vontade em qq lugar e qq hora, ofender o governo, liberdade total, pode ir e voltar do exterior, todos com emprego e muita grana no bolso, um paraíso! Tudo isso, ainda, com sobra de alimentos, supermercados abarrotados, todos de carrões do ano, bem ao contrário da opressão e miséria, onde impera um tal de capitalismo e neoliberalismo !

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