A triste realidade da violência obstétrica em Santarém
É preciso dar um basta urgente nesta situação indignante, que flagela o dom da vida. Não é possível que em pleno século XXI, as mulheres ainda tenham de enfrentar situações humilhantes e degradantes diante de um parto.
Com exclusividade, a equipe da TV Impacto, entrevistou uma vítima, que não será identificada, pois tem medo de sofrer represálias.
Em janeiro deste ano, Maria (nome fictício) deu entrada Hospital Municipal de Santarém (HMS), para a chegada do tão esperado filho. O sonho de ser mãe estava prestes a se realizar. Chegou à unidade hospitalar com sinais de sangramento, e orientada para ir em jejum, pois o parto seria cesariana, devido à gravidez ser de risco e por conta da idade. Então, assim ela fez, porém, ao ser recebida, o médico disse que iriam induzir o parto para que ela tivesse normal, Maria se espantou, pois não havia se preparado para um parto normal, sabia dos riscos durante toda sua gravidez. Ela foi orientada em seu pré-natal que não teria passagem. Os ultrassons, incluindo o morfológico, mostraram detalhadamente a situação.
Preocupada, ela se posicionou ao médico dizendo que estava em jejum para cesárea, e o profissional nada fez. Posteriormente iniciaram os medicamentos, para estimular o parto natural.
Maria passou a segunda-feira inteira sentindo fortes dores e ouvindo ao seu redor piadinhas como: “Está com manha! Está com frescura!”. Foram momento de muita penúria. A paciente frequentemente tomava banho, e voltava a fazer força. A grávida relata que realizava todos os procedimentos indicados pelos profissionais da saúde. Ela lembrou que passou a noite e a madrugada de terça-feira, enfrentando essa situação, e ficou preocupada, ao perceber que o dia clareava.
Somente às 16h de terça-feira, quando ela apresentou sinais de desmaio, implorou que chamassem seu esposo, e pediu a ele, que a retirasse de lá, pois ali, ela sentia que morreria.
Maria conta que a enfermeira fez mais um daqueles inúmeros toques para saber a dilatação. Momento que a bolsa se rompeu e ao ver que já existia mecônio, rapidamente a enfermeira trouxe um papel para ser assinado pelo pai da criança.
Segundo ela, o documento era para autorizar a cesariana, e passava toda a responsabilidade caso a mãe viesse a óbito. Assim o pai assinou diante de tanto tormento e ânsia de ter seu filho no colo e sua esposa de volta em casa.
Ainda de acordo com Maria, na sala de cirurgia, no processo de retirada do bebê, ouviu dizer que a “criança estava morta, sendo que o médico disse que aquele bebê não poderia morrer, sabedor ele, de tamanha irresponsabilidade”.
A angústia de Maria aumentou, quando viu seu filho passar por ela no colo da enfermeira, “muito roxinho”; ela sentiu que algo de errado estava acontecendo quando não entregaram seu filho. Disseram que ele havia nascido com uma cor amarelada e precisava pegar uma corzinha. Após isso, passou quarta, quinta e sexta-feira, e o bebê foi transferido para o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) em estado grave, onde foi bem acolhido e fizeram todos os exames necessários, que identificaram que o bebê tinha anoxia, patologia decorrente da ausência ou diminuição de oxigênio no cérebro durante o nascimento.
Em julho, o recém-nascido completa 5 meses de vida. Atualmente, encontra-se na UTI, precisando de aparelhos para respirar. A mãe fala carinhosamente sobre o tratamento no HRBA. “Lá ele recebe o melhor tratamento, porém, já o desenganaram. Meu filho irá para o céu a qualquer momento, os médicos disseram que poderá viver mais uma semana, ou um mês. Foi vítima de uma crueldade, falta de amor ao próximo, respeito e humanidade”, diz Maria, em prantos.
Hoje Maria chora a ausência do filho, com todas as suas roupas ali arrumadas no seu espaço. O cheirinho bebê domina o ambiente, com berço novo, fraldas e roupas nunca usadas, devido a um descaso, ele ainda não teve tempo e a oportunidade de usar. A casa silenciosa e vazia, e ao mesmo tempo, ensurdecedora e cheia de dor.
A mãezinha relata: “só queria meu filho aqui comigo, não queria denunciar ninguém, mas agora que sei que meu filho está prestes a partir não deixarei isso impune, pois foi negligência médica o que aconteceu comigo; entrei com uma ação no Ministério Público para que seja feito alguma coisa e que não aconteça mais isso com nenhuma mãe”.
Quantos bebês tentaram nascer? Quantas mães passaram por isso? É inacreditável que em pleno século XXI, tenhamos que conviver com negligências como essa. Vivemos na era da tecnologia, no avanço dos eletrônicos, mas da baixa capacidade de enxergar o próximo, onde você é visto pelo sobrenome, e pelo seu bolso. Em média uma cesariana custa 1.000 reais, isso vale a vida de seu filho. Se não tem, então, que tal uns comprimidinhos para que ele venha normal?! É chocante dizer quanto vale uma vida, ter de lidar com piadas no momento que deveria ser a melhor lembrança da sua vida, o momento de trazer a vida, de dar à luz.
Temos de mudar essa história, que haja mais punição para casos como esse. Termino aqui, deixando o relato dessa mãe, que dentre milhares que passou por isso, não se calou! Não se cale. Grite, busque seus direitos.
Por Lorenna Katrina
RG 15 / O Impacto
Acredito sim, que tudo isso seja verdade só eu sei o quanto sofri e fui humilhada naquele hospital, o nome da médica todos os dias ecoa em minha cabeça aos gritos comigo esfregando um livro na minha cara dizendo que não importava o que disseram no pré natal, que ela tava pouco se lixando se meu parto era de risco, e ainda disse mais ela disse “aqui no protocolo é parto normal, então se vira, aqui ou você tem ou vai ter que ter, se vira” exatamente assim, aos gritos em tom de ameaça e deboche … esse foi apenas um dos episódios de terror que eu passei naquele lugar até exames fraldados eu tive, foram dias de terror perdendo liquido sangue e a dignidade de trazer meu filho ao mundo com segurança… deveria ser uma maternidade mais é uma casa de terror… Foi uma experiência horrível, frustrante e traumatizante…
Tudo isso relatado é verdade. Minha irmã passou dias horríveis internada no Hospital Municipal de Santarém, como paciente de TFD do Regional, aguardando um leito para ela e para seu Bebê. Meu sobrinho nasceu vivo de parto natural prematuro e morreu pois nunca transferiram eles para o Hospital Regional do Baixo Amazonas. Sendo que há relatos de que os médicos da Unimed mandam suas pacientes pra lá. Fomos maltratadas naquele lugar. Lá não há humanização e falta tudo. Um local horrível e com 90% dos funcionários desmotivados e arrogantes. Técnicas que ESPREMEM o soro na veia do paciente. MÉDICAS OBSTETRAS só ficam em seus iphones tentando decidir o que será o almoço, Médicos Pediatras que entubam RN na maior má vontade. Enfermeiras arrogantes e grosseiras e umas bem preguiçosas que nem passam no leito. Falta gestão, amor ao próximo e muitas outras coisas naquele lugar. Há sim, profissionais comprometidos e éticos, mas são poucos. As mulheres continuam parindo no corredor, no chão e aguardam naquelas cadeiras horríveis, banheiros podres de estrutura, pois as senhoras da limpeza até que se esforçam, a pessoa sai do centro cirúrgico já correndo o risco de pegar uma infecção hospitalar.
Alguém precisa fazer alguma coisa. Pois talvez só depois que alguém completamente desesperado cometa um crime maior do que os que há lá dentro, façam alguma coisa.