Violência doméstica: A cada 2 minutos, uma mulher é agredida no Brasil

Em pleno Dia Nacional do Combate à Violência Contra a Mulher, a situação preocupa. Alvo de discriminação de gênero enraizada na sociedade, uma mulher é agredida no Brasil a cada dois minutos. Em meio à pandemia do novo coronavírus, de acordo com o Monitor da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher no Período de Isolamento Social, do Instituto de Segurança Pública (ISP), já são quase 120 mil casos de lesão corporal decorrente de agressão doméstica em 2020.

As denúncias, por outro lado, despencaram. De acordo com levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o período entre março e maio deste ano teve uma queda de 27% nas denúncias de violência doméstica, em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as taxas de feminicídio apresentaram um aumento de 2,2%, entre março e maio. As medidas protetivas também subiram. Dados fornecidos pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), no período entre janeiro e julho deste ano, registram 14.356 medidas concedidas na capital. O número é superior à soma de todo o ano de 2019, que teve 9.172 medidas.

“A mulher foi a mais afetada pelo isolamento social. Muitas mulheres passaram a conviver com o agressor, dentro de casa e sem grandes possibilidades de escape”, explica a advogada criminalista Hanna Gomes.

Ela explica que é difícil evitar as agressões quando o inimigo é alguém próximo. “Muitas vezes, essas agressões vêm de uma pessoa pela qual se nutre algum tipo de afeto”, diz. Os principais agressores possuem algum vínculo com a vítima, sendo um ex-companheiro, companheiro ou pai.

A recepcionista Marilene Medeiros, 44 anos, conta que viveu cinco anos em um relacionamento repleto de agressões. “No começo, era um mar de rosas. Com o passar do tempo, começaram os abusos, primeiro, psicológicos, e depois, físicos. Foram cinco anos de horror. Perdi o emprego, me afastei de amigos e familiares, além de ter destruído minha autoestima. Sofri até tentativa de homicídio”, relata.

Quando Marilene tentou romper o ciclo de horror, ela conta que recebeu críticas e foi julgada. “Por isso, ao ouvir certos relatos, me sinto ofendida. Principalmente ao ver alguém julgando sem saber como é estar na pele de uma vítima dessa violência”, lamenta a vítima. Marilene também conta que denunciou o agressor várias vezes e nada foi feito.

O psiquiatra Luan Diego explica que o estrago alcança diferentes níveis. “Na mulher, afeta a autoestima, a percepção de segurança, seu humor e motivação. Ela passa a ver o mundo como algo hostil e perigoso. Além de se sentir reprimida em relação ao apoio, com medo de ser julgada”, explica.

Fonte: Correio Braziliense

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