Artigo – O recado simbólico do presidente dos EUA para a classe trabalhadora
Por Oswaldo Bezerra
Na nova decoração da Casa Branca, feita por Biden, chamou a atenção um busto colocado sobre uma mesa repleta de retratos de família, bem perto da mesa principal do Salão Oval, onde o presidente dos EUA assinou seus primeiros decretos executivos.
A companhia de bronze que acompanhará o presidente é o sindicalista César Chávez, falecido há 30 anos. O sindicalista é reconhecido por seu trabalho em prol dos trabalhadores dos Estados Unidos.
Não foi o único gesto de Biden com este setor. A ativista latino-americana Dolores Huerta, cofundadora da United Farm Workers (União dos Trabalhadores do Campo) e parceira sindical de Chávez, também foi convidada para a inauguração.
Quem foi Cesário Chávez? Ele nasceu em 31 de março de 1927 em Yuma, Arizona (EUA), em uma família de origem mexicana. Durante a Grande Depressão, sua família foi despejada e teve que se mudar para a Califórnia, onde realizaram trabalhos sazonais de migrantes em condições de exploração laboral e discriminação. Cesar, como era conhecido, abandonou a escola para sustentar a família.
Ter ascendência mexicana e falar espanhol ainda é problema nos EUA. Durante sua infância e adolescência, foi punido na escola por não se expressar em inglês e seu acesso a determinados locais públicos foi proibido por não ser branco. Aos 17, alistou-se na Marinha dos Estados Unidos, onde passou dois anos. Mais tarde, casou-se com Helen Fabela, com quem teve oito filhos.
A situação precária dos trabalhadores rurais, que recebiam salários miseráveis, sem benefícios trabalhistas e que viviam em casas em condições desumanas, combinava-se com a proibição de constituição de sindicatos no setor.
Chávez passou a ter como foco a defesa dos direitos dos trabalhadores nas Organizações de Serviço Comunitário (OSC), onde esteve de 1952 a 1962. A partir daí emergiu como um líder comunitário que organizou várias greves, boicotes, piquetes, manifestações e atos religiosos.
No início da década de 1960, ele formou um poderoso sindicato chamado National Farm Workers Association, que na década de 1970 se tornou o United Farm Workers Union.
Por causa da violência dos seus opositores, esteve na vanguarda da ‘Greve da Uva’ em Delano (Califórnia), que foi apoiada por um boicote a esta fruta. Após cinco anos de protestos, com repercussão nacional, foi firmado um acordo coletivo de trabalho com os camponeses.
Chávez também é lembrado por ter popularizado o grito de “Sim, nós podemos”, criado por Dolores Huerta, que mais tarde seria usado pelo ex-presidente Barack Obama em sua campanha.
Em 1991, ele recebeu a Águia Asteca, concedida aos descendentes de mexicanos que vivem fora do país. Em 23 de abril de 1993, aos 66 anos, ele morreu durante o sono. Cerca de 50.000 camponeses participaram de seu funeral em Delano.
Em 8 de agosto de 1994, ele se tornou o segundo mexicano-americano a receber a Medalha Presidencial da Liberdade, que foi recebida por sua viúva do ex-presidente Bill Clinton. Em 2000, a Califórnia declarou 31 de março como o “Dia de Serviço e Aprendizagem em Honra a César Chávez”.
Várias ruas e parques nos Estados Unidos foram renomeados em sua homenagem. A neta do sindicalista, Julie Chávez Rodríguez, foi indicada por Biden como diretora do Escritório de Relações Intergovernamentais.
Durante sua campanha, o candidato democrata concentrou sua atenção nos sindicatos de estados como Geórgia, Arizona e Nevada, que o apoiaram nas eleições. Da mesma forma, ele optou por incluir trabalhadores de Michigan, Wisconsin e Pensilvânia, onde Trump havia vencido quatro anos antes.
Com essa estratégia, antes da eleição, Biden acusou Trump de priorizar o mercado de ações em detrimento dos direitos sindicais e minar o movimento trabalhista. Por isso, ele anunciou um ‘Plano para fortalecer a organização dos trabalhadores, a negociação coletiva e os sindicatos’, que contempla “uma classe média mais forte” e o “fortalecimento dos sindicatos públicos e privados.
RG 15 / O Impacto
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A gente só vê a tal valorização do trabalhador, greves, sindicatos, etc, no capitalismo, porque no regime comunista toda manifestação trabalhista, de qualquer espécie, é proibida, considerada “”contra revolucionária””, e dá-lhe pau em quem tentar reclamar ! Salários miseráveis e prateleiras vazias, hein venezuelanos !