Artigo – Pensando fora da caixa: como os 5 melhores governadores do Brasil chegaram lá

Por Oswaldo Bezerra

Às vezes se olhando de fora a perspectiva para solucionar problemas é melhor. Às vezes os exemplos além fronteira nos ajudam a resolver nossos problemas. Vamos aqui aprender os exemplos dos 5 maiores governadores do Brasil. Serão considerados os melhores aqueles que tiveram maior aprovação de seu mandato. Também levaremos em consideração aqueles que durante seu mandato conseguiram realizar obras de impacto.

Hoje o Rio de Janeiro não é mais a cidade maravilhosa. Quase todos seus ex-prefeitos e ex-governadores estão presos. Contudo, lá já foi capaz de eleger excelentes estadistas que ajudaram o estado a sair do caos.

O Rio de Janeiro está mal politicamente. Contudo, ainda tem boas memórias. Nisso o cidadão fluminense é bem claro ao mostrar um fato emblemático: Leonel Brizola foi o melhor governador da história do estado. Este reconhecimento foi comprovado em uma pesquisa divulgada pelo DataFolha de 2017.

Ele foi escolhido governador por duas vezes pelos fluminenses (no quadriênio 1983-1987 e no quadriênio 1991 e 1994). Brizola obteve resultando ainda melhor no público de 45 a 59 anos (23%). Essa ampliação é resultado da análise de uma fatia da população que pôde acompanhar, efetivamente, a eficiência do governo liderado pelo PDT. Qual foi o legado que o fez o melhor de todos?

Brizola chegou à Câmara dos Deputados pelos votos não só dos gaúchos (1955), mas também dos cariocas, em 1963, pelo extinto estado da Guanabara. Apesar da vitória, foi cassado pelos militares com o Ato Institucional Nº 1 (AI-1), em 1964. Foi exilado por 15 anos, por lutar contra o golpe e a ditadura das Forças Armadas e considerado o herdeiro do Trabalhismo de Getúlio Vargas e João Goulart.

Em um governo com vocação trabalhista, seu grande legado foi uma revolução na realidade de milhões de brasileiros ao priorizar a educação. Ele achava que o Brasil só avançaria com uma inundação de consciências esclarecidas.

Não foi fácil chegar ao poder. Brizola sofreu uma fraude eleitora promovida pela Rede Globo. Graças a um jornalista investigativo a fraude foi revelada e Brizola pôde ser eleito. Depois de eleito mostrou de cara a sua marca.

Ele criou os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) desenvolvidos ao lado de Darcy Ribeiro, abriu caminho para um futuro melhor para a nação, mas o desvio dos governos posteriores desmontou o revolucionário projeto de escola em tempo integral. O principal inimigo deste projeto foi a Rede Globo. “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”, dizia o mineiro Darcy, em 1982. Hoje, a frase se confirmou.

Falar em educação, sem falar no Ceará, hoje o estado de melhor educação pública do país, não é possível. Em 1990, foi eleito um governador do Ceará foi um grande responsável por isso. Ciro Gomes foi o primeiro governador a ser eleito pelo PSDB e tornou-se o segundo mais jovem governador do país na época. Foi um incentivador da criação de micro e pequenas empresas no estado, e deu prosseguimento a redução da máquina administrativa, iniciado na gestão de Tasso.

Ele também combateu a sonegação de impostos e aumentou a arrecadação estadual. Investiu fortemente em saúde e educação. Sua gestão o transformou no mais popular dos governadores do Brasil, com 74% de aprovação de acordo com o Datafolha, em pesquisa de julho de 1992.

Seu mais importante marco foi a reestruturação das Secretarias de Governo, colocando nas mãos de jovens técnicos em substituição aos políticos. Com essa estratégia o governador buscou aliados em setores organizados da sociedade, e adotou formas participativas de gestão.

Ciro, ao deixar o Governo do Estado do Ceará, recusou a pensão de governador vitalícia a que tinha direito. Já havia recusado também a pensão vitalícia de ex-prefeito de Fortaleza, combinando a negação de duas aposentadorias vitalícias.

Com as secas de 1991, 1992, e 1993, o Canal do Trabalhador foi considerada a principal realização de Ciro frente ao Governo do Ceará. Como governador, Ciro elevou a renda per capita do estado do Ceará em 11,6. Fortaleceu o Ceará como destino turístico.

O Pacto de Cooperação constituiu a parceria entre a sociedade civil e o Estado com o objetivo de repensar a economia do Ceará. Por exemplo, o projeto do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar fizeram parte dessa estratégia com o setor privado, universidades e centros de pesquisa, todos reunidos em um grande fórum com o então governador.

Fórum da sociedade com o governo lembra socialismo. Um dos maiores socialistas do país teve o seu nome lançado na galeria dos melhores governadores estaduais do Brasil em Pernambuco. Foi Eduardo Campos. Foi governador de Pernambuco eleito em 2006 e 2010. Alcançou uma votação já no primeiro turno de 80% dos votos válidos. Tamanho era o reconhecimento do seu governo no estado.

O pernambucano colocou as contas públicas na internet com o Portal da Transparência do Estado, considerado pela ONG Transparência Brasil o segundo melhor do país, entre os vinte e seis estados da federação e o Distrito Federal. O estado de Pernambuco cresceu acima da média nacional (3,5% em 2009) e os investimentos foram de mais de R$ 2,4 bilhões em 2009, contra média histórica de R$ 600 milhões/ano. A administração foi premiada pelo Movimento Brasil Competitivo.

Na segurança pública, houve grande redução dos índices de violência com a implantação de programas específicos. O número de homicídios no estado sofreu uma queda de quase 40%. Além disso, 88 municípios pernambucanos chegaram a uma taxa de Crimes Violentos com número menor que a média nacional. A redução também ocorreu com crimes como roubos e furtos. Entre 2007 e 2013, houve uma diminuição de 30,3% neste tipo de delito no estado. Eduardo Campos ganhou o prêmio de reconhecimento muito especial, o maior prêmio de gestão pública do mundo. O Prêmio foi conquistado graças ao programa Pacto pela Vida.

Educação, comunicação entre sociedade civil pode poder público, gestão econômica de sucesso tudo isso leva ao sucesso de um governo estadual. Não poderia faltar também nesta galeria o “tocador de obras”. É de Sergipe o exemplo, João Alves Filho chegou ao índice de aprovação de 74% concluindo obras. Isso possibilitou que ele governasse o estado por 3 vezes.

O melhor governador sergipano já tinha esta vocação na formação. Ele era engenheiro Civil. Ele gerou estímulo à agricultura e combate à seca e à miséria, implantou projetos que possibilitassem um desenvolvimento rural integrado das áreas atingidas pela seca. Com o financiamento do Banco Mundial, pôs em andamento o projeto Chapéu de Couro, que beneficiou a região do agreste semiárido com a perfuração de poços artesianos e a construção de cisternas, estradas vicinais, redes de energia elétrica, escolas e postos de saúde.

Você quer saber se o seu governo entrará para a história como o melhor do estado, atinja 74% de aprovação. Foi com este índice que Ciro Gomes, Eduardo Campos, Leonel Brizola e João Alves entraram para o seleto grupo. Há também um governador que entra nesta galeria com 74% de aprovação no sul do país. El foi o pemedebista Roberto Requião.

O governador Roberto Requião realizou uma das melhores administrações públicas do país. É o que revelou a pesquisa do instituto Databrain e divulgada pela revista Istoé. Segundo o levantamento, 74% dos eleitores aprovavam a gestão do catarinense.

O que fez Requião para ter esta honra? Ele azeitou a máquina administrativa. Com a máquina enxuta ele pôde melhorar as rodovias, ampliou os sistemas de saúde e educação.

No sistema de estradas foi investindo R$ 800 milhões para a pavimentação. Além disso, mais 4 mil quilômetros de estradas foram criadas.

O impacto na educação foi imenso. Foram contratados 26 mil novos professores, além de 20 mil funcionários para as escolas. A distribuição de material didático, uma medida inédita no Estado, também contribuiu para a boa avaliação. Segundo o governo, foram entregues 450 mil livros.

O impacto do governo Requião na geração de emprego foi enorme. Até hoje milhares de paraenses migraram para Santa Catarina em busca de trabalho. Tiveram que trocar a terra da chuva pelo frio de Santa Catarina em busca de empregos tão carentes no estado do Pará.

O estado do Pará é um dos que mais perde mão de obra qualificada para outros estados. O motivo é justamente a falta de emprego qualificado no Pará. Já ocorreram migrações intensas para o Rio de Janeiro, São Paulo e nos anos 2000 o destino preferido é Santa Catarina. Na verdade, a migração é tanto de mão de obra qualificada como não qualificada.

De janeiro a novembro de 2020, Santa Catarina foi o estado que mais criou postos formais de trabalho no Brasil, segundo dados do Ministério da Economia. Nestes 11 meses foram gerados 67.134 novos postos de trabalho. Essa a razão do paraense abandonar o tacacá para viver em terras alheias.

A a taxa de desemprego no Pará é de 10,6%. Isso porque a nova metodologia inclui como empregados os desempregados que fazem bico para sobreviver. O Pará é o estado com a maior taxa de informalidade do Brasil. Um governador do Pará que seja gerador de empregos com certeza terá seu nome garantido na história.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – Pensando fora da caixa: como os 5 melhores governadores do Brasil chegaram lá

  • 20 de abril de 2021 em 09:23
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    Muito bom esse artigo, agora se não me falhe a memória, o sr. Roberto Requião foi governador do estado de Paraná.

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