Superintendente do Ibama no Pará é alvo de inquérito

O  Ministério Público Federal (MPF) instaurou Inquérito Civil Público visando apurar denúncias contra o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no estado do Pará, Washington Luis Rodrigues.

Os denunciantes citam possíveis condutas irregulares, especialmente, em práticas corriqueiras de impedir e dificultar a realização de operações de fiscalizações para o combate aos crimes ambientais.

Segundo a Procuradoria, se confirmada, tal prática é postura incondizente com os princípios norteadores da administração pública.

GESTÃO RICARDO SALLES

Washington Luis Rodrigues chegou ao cargo de superintendente do Ibama/PA por indicação do ex-Ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, que após ser alvo de dois inquéritos pediu exoneração da pasta. As investigações contra Salles começaram em janeiro de 2020, quando o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (FWS) embargou e notificou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) sobre 3 contêineres de madeira exportada do Brasil no Porto de Savannah (Geórgia), vindos de Ananindeua, no Pará, sem documentação do órgão de fiscalização brasileiro.

A FWS recebeu, logo depois, certidões enviadas pelo superintendente do Ibama no Pará legalizando as cargas. O ministério de Salles ainda pediu, em sequência, o afrouxamento das licenças de exportação após pedido de empresas madeireiras que estavam com suas cargas retidas, possibilitando a exportação de mais de 8 mil cargas de madeira ilegalmente.

A denúncia da FWS permitiu que a Polícia Federal começasse investigações que descobriram uma fazenda “laranja”, usada para exportação de madeira desmatada ilegalmente, e R$ 14 milhões em movimentações suspeitas ligadas à empresa de advocacia de Ricardo Salles. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acatou a denúncia e pediu um mandado de busca e apreensão na casa de Salles.

Posteriormente, a ministra Cármen Lúcia também autorizou a instauração de um inquérito para investigar o ex-ministro Ricardo Salles sob pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

A apuração da PGR vem da Operação Handroanthus da Polícia Federal, que apreendeu 226 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa do Pará com o Amazonas, no fim de 2020.  Sob pressão de madeireiros, Ricardo Salles foi à sede da PF e exigiu que em uma semana os peritos apresentassem os laudos que justificassem a operação, conforme denunciou o superintendente da PF no Amazonas Alexandre Saraiva. O inquérito aberto pelo STF também investiga Eduardo Bim, presidente afastado do Ibama, pelos mesmos motivos: advocacia administrativa, impedir a fiscalização ambiental dos órgãos competentes e atrapalhar investigação de infração penal.

PASSAR A BOIADA

Salles ainda é conhecido pela fala na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, quando disse que “nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de COVID” haveria a necessidade de um esforço para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento, para dar de baciada a simplificação”, em palavras do próprio ministro.

O ex-ministro não é da área ambiental, é advogado, fundador do Movimento Endireita Brasil. A carreira política de Sales começou em 2006. Conforme indicado por relatório do Instituto Socioambiental (ISA), o legado que Salles deixa é o de maior desmatamento da Amazônia em 12 anos, com quase 50% das áreas de proteção afetadas.

RG 15 / O Impacto

 

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