Doença da “urina preta”: queda nas vendas de pescado é registrada em Santarém

O comércio de pescado em Santarém registra redução do volume de vendas. Diante das notícias sobre a Doença de Haff, popularmente conhecida como ‘Doença da Urina Preta’, os consumidores estão evitando o consumo, especialmente das espécies tambaqui, pacu e pirapitinga.

A população ficou mais “cabreira”, diante da informação de que autoridades em saúde do município investigam um caso suspeito, que resultou na morte de um mototaxista, que apresentou sintomas da doença após consumir peixe.

Até a publicação desta matéria, não havia confirmação de que realmente a doença tenha feita a primeira vítima em Santarém.

Em entrevista a repórter da TV Impacto, Lorenna Morena, o Diretor da Z-20, João Mário, disse que a entidade está alerta e ao mesmo tempo preocupada.

“Tem geleiras que capturam peixes no Amazonas e vêm comercializar aqui em Santarém”, diz.

Para ele, as medidas sobre a situação devem ser tomadas mediante profunda investigação. Contudo, a vinda do pescado do estado vizinho para cá precisaria ser contida o quanto antes.

“A população fica preocupada, então, ela deixa de ir à feira e consumir essas espécies. Infelizmente a gente percebeu que já deu um pequeno impacto nas vendas”, informou João Mário.

No Pará, o município de Juruti, na divisa com o estado do Amazonas, foi o primeiro a estabelecer a proibição do consumo e venda das três espécies. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), além do caso de Santarém, está sendo investigado um caso suspeito em Belém.

O assunto também repercutiu na Câmara de Santarém, quando o vereador Jandeilson Pereira, representante dos pescadores, lamentou a divulgação de informações erradas sobre a “Síndrome de Haff” ou “Doença da Urina Preta”.

Segundo ele, a divulgação de informações erradas tem afetado a economia. Ele acrescentou que não há provas de que a doença tem como origem o consumo do peixe contaminado.

Para o parlamentar, o resultado da divulgação de falsas informações é a quebra do setor pesqueiro, fundamental para a economia da região. “O mercado estava vazio, sem clientes, como esses pescadores e vendedores vão se manter?”, questionou, preocupado.

E recomendou “é preciso acreditar na ciência, esperar o resultado, os estudos ainda estão sendo feitos, estão fazendo uma tempestade muito grande”. Jandeilson concluiu declarando que a categoria dos pescadores não vai aceitar uma proibição ou restrição de algumas espécies sem a comprovação de que a doença é causada pelo consumo de peixe contaminado.

PREFEITURA DE SANTARÉM DEFINE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

O prefeito Nélio Aguiar reuniu na manhã de quinta-feira(9) com os coordenadores de todos os setores da Saúde do município de Santarém para traçar estratégias de prevenção, orientação e atendimento à Doença de Haff, popularmente conhecida como ‘Doença da Urina Preta’. A reunião ocorreu no Centro de Informação e Educação Ambiental (Ciam).

As ações foram definidas com a presença dos representantes do Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h, coordenadores das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Núcleo de Vigilância em Saúde, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e Atenção Básica.

ESTRATÉGIAS DEFINIDAS

Na saúde: Os órgãos acordaram que o HMS será referência para o atendimento dos casos. Além disso, hospitais públicos e privados estão sendo alertados sobre os sintomas da doença e sobre os procedimentos que devem ser adotados para casos suspeitos ou confirmados da doença.

Toda a equipe de Saúde já está sendo treinada para diagnosticar os sintomas e, caso comprovado, já entrar com o tratamento de hidratação venosa que dilui a toxina e agiliza a função renal para eliminação através da urina.

No setor pesqueiro: A vigilância sanitária e a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap) irão se reunir com o setor pesqueiro e com a colônia de pescadores Z-20 para informá-los a respeito da doença e quais as medidas de precaução que devem ser executadas para evitar a contaminação dos peixes. Eles serão orientados sobre a correta forma de acondicionamento do pescado, já que a produção da toxina ocorre pela má execução desse processo.

De acordo com a equipe de Saúde, as espécies de peixe mais vulneráveis a toxina são tambaqui, pacu e pirapitinga.

Para a população: Uma nota técnica será elaborada com orientações e recomendações sobre procedimentos que devem ser tomados. Ela deve ser publicada durante a semana.

O prefeito Nélio Aguiar salientou que Santarém está em estado de alerta e não de pânico. “Já estamos agindo nas frentes, a população não precisa se aterrorizar, mas precisa se informar sobre os sintomas. Quem consumiu os peixes das espécies vulneráveis, se sentir dores no corpo, dores musculares, na nuca, no ombro após 2 horas ou até 24 horas após ter ingerido deve procurar a UBS do bairro ou o HMS para verificar se está com a toxina no corpo. Nossa equipe de Saúde já está sendo treinada e o setor pesqueiro orientado.”

SAÚDE APURA SUSPEITA DA DOENÇA EM PACIENTE QUE VEIO A ÓBITO

Uma junta médica realiza investigação sobre a morte do mototaxista legalizado Genivaldo Cardoso de Azevedo, ocorrida na madrugada de terça-feira(7), no Hospital Municipal de Santarém. A suspeita é que ele possa ter sido vítima da “Doença da Urina Preta”.

Por meio de nota, a  direção do Hospital Municipal de Santarém Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS) informou que recebeu em, 6 de setembro um homem com sintomas parecido com a doença de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”. Por tanto, um caso suspeito.

“O homem de 55 anos chegou com quadro clínico delicado, recebeu todo atendimento da equipe médica da estabilização do HMS, mas não resistiu e infelizmente morreu no início da manhã de hoje. Por se tratar de um caso suspeito da doença de Haff, os órgãos competentes foram acionados para seguir os protocolos técnicos”, diz a nota.

Segundo informou a família, Genivaldo consumiu peixe no domingo (5), e no mesmo dia passou mal, chegou a ser levado a uma unidade hospitalar, e após receber medicação voltou para sua residência. Na segunda, os sintomas se agravaram e a família o levou para HMS, onde ficou internado.

SOBRE A DOENÇA

A doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes como o tambaqui, pacu e pirapitinga. Quando o peixe não foi guardado e acondicionado de maneira adequada, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor. Ao ingerir o produto, mesmo cozido, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras no sangue, ocasionando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins.

OS SINTOMAS

Ocorre extrema rigidez muscular de forma repentina, dores musculares, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo e urina cor de café, pois o rim tenta limpar as impurezas, o que causa uma lesão na musculatura. A doença causa muitas dores musculares, lembrando a dengue, porém sem febre. Os sintomas costumam aparecer entre 2 e 24 horas após o consumo.

RG 15 / O Impacto

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