Municípios relatam resistência à vacinação infantil contra a covid

Por Thays Cunha

Dados compilados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), através da 35ª edição da pesquisa sobre a situação da Covid-19 nos municípios, mostram que quase 60% dos municípios brasileiros relataram estar enfrentando resistência da população quanto a vacinação de crianças com idade entre 5 e 11 anos.

Segundo o levantamento da CNM, que ouviu 2.193 pessoas (representando 39,4% dos municípios) entre os dias 14 e 17 de fevereiro, ainda em relação à vacinação do público infantil, “2,3% dos gestores ouvidos afirmaram que houve reações adversas graves em crianças que tomaram a vacina contra o coronavírus. Já 94,4% não registraram reações graves e 3,3% prefeituras não responderam a essa questão. A vacinação para este grupo teve início em 98,9% das cidades ouvidas pela pesquisa e em 19 municípios a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos ainda não teve início”. Já sobre a disponibilidade do imunizante para as crianças de 5 a 11 anos, para 11,2% dos municípios faltou a vacina destinada a esta faixa etária.

FAKE NEWS

Como na maioria dos municípios não está faltando a vacina, essa baixa procura em relação ao público infantil se deve principalmente as fake news, que espalham medo e desinformação. A difusão de notícias inverídicas acaba por provocar a resistência das famílias em imunizar suas crianças, mesmo com todas as evidências científicas apontando eficácia e segurança do método.

Desse modo, o processo de vacinação infantil contra a covid-19 segue lento, o que é preocupante levando em conta o retorno presencial das atividades escolares, que deixa crianças e adolescentes mais vulneráveis para contrair ou transmitir o vírus. Porém, é interessante destacar que tais dúvidas parecem ser levantadas somente em relação às vacinas contra o corona.

De acordo com uma nota técnica elaborada pelo Grupo de Modelagem da Dinâmica de Transmissão do SARS-CoV-2 no Brasil, que reúne pesquisadores de diversas instituições e recebe apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), “Acelerar o ritmo da vacinação infantil para 1 milhão de doses aplicadas por dia poderia aumentar o impacto da proteção coletiva e salvar mais vidas até abril”.

NOTA TÉCNICA

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) divulgou no dia 18 de fevereiro uma nota técnica na qual se manifesta em relação à vacinação infantil contra a Covid-19 enquanto requisito para usufruir direitos humanos e fundamentais. A nota técnica responde à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida no dia 11 do mesmo mês.

Assim, o Ministério em questão relata que não é contrário a qualquer campanha de vacinação, tema que não é de sua competência, e deixa claro a necessidade de se avaliar com cautela as respostas a serem dadas em meio à presente pandemia, bem como as suas consequências, principalmente quando há o risco de direitos humanos serem violados.

Para o órgão, assim como o Estado e a sociedade, também compete à família a garantia dos direitos do público infantojuvenil.

“A peça leva em consideração a decisão proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 6.586/DF e 6.587/DF e do ARE 1.267.879/SP, nos quais apontam: (A) a vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes […]”

RG 15 / O Impacto

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