A fome dói…

Por José Ronaldo Dias Campos*

Nos meus passeios quase diários pelo fórum, que fica em frente ao meu escritório, na manhã de quinta-feira, 2 de fevereiro do corrente ano, por volta das 11 horas, chamou-me atenção a presença de quatro crianças de tenra idade, cabisbaixas, sentadas ao lado de uma jovem senhora, que depois descobri ser sua mãe, à porta do juízo, no andar térreo do prédio, aguardando audiência.

Impulsionado pela curiosidade, ou por força espiritual desconhecida, atração inexplicável, puxei conversa com a aludida senhora que, sem pestanejar, disse-me que uma das filhas estava com dor no estômago por não ter, ainda, tomado café da manhã, apesar do adiantado da hora.

Ato contínuo, levei as infantes e a sua genitora até a cantina para que a proprietária servisse um lanche reforçado às mesmas e debitasse na minha conta, que depois transferiria o pagamento via pix, como realmente aconteceu.

O que me fez registrar esse fato, enfim, não foi dar publicidade a ação praticada, pois quem me conhece sabe bem do meu propósito, da minha índole, mas mostrar que a insensibilidade humana está em todo lugar, até na casa da justiça, que não percebeu que a fome rondava a sua clientela, prostrava-se à sua porta.

Não sei se foram atendidas, nem até que horas ficaram no fórum, pois me retirei do recinto enquanto lanchavam, mas tenho certeza que a fome momentânea, que causava dor àquelas pequenas criaturas desafortunadas, foi saciada.

Que Deus as proteja.

O Impacto

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