MILTON CORRÊA
PRODUÇÃO DA FARINHA NA AMAZÔNIA SERÁ TEMA DE ARTIGO CIENTÍFICO
As informações serão coletadas em expedições realizadas a casas de farinha no interior dos Estados
Fonte: Portal Amazônia
Izabel Santosizabel.santos@portalamazonia.com
Após vários anos reunindo informações sobre a farinha como gastrólogo, o paulista Ricardo Frugoli resolveu pesquisar o processo de produção do produto. O objetivo é registrar “os saberes e os fazeres da farinha de mandioca” na Amazônia. A curiosidade não se restringe a informações técnicas e vai até a farinha como “patrimônio da culinária”. Frugoli, que é especialista em cozinha brasileira, pretende realizar expedições a casas de farinha. No Amazonas, ele vai a Uarini, Tefé e São Gabriel da Cachoeira.
“Os derivados da mandioca são produzidos com cultura. As pessoas que fazem a farinha e o tucupi, por exemplo, estão fazendo isso há anos, trabalham com isso a vida inteira, são saberes acumulados”, explica Frugoli. São esses conhecimentos que norteiam a produção da farinha que o pesquisador quer registrar e publicar em artigo científico.
Ricardo tem 47 anos, mora na cidade de São de Paulo e dá aula em várias universidades no Brasil, inclusive na Amazônia, há cerca de 20 anos. É gastrólogo, mestre e doutorando em Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi. Além disso, pós-graduado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em Cozinha Brasileira.
Ele avalia que a farinha é emblemática e ingrediente principal de um dos pratos que mais impressiona os estrangeiros: a farofa. “Os povos da Amazônia sempre produziram farinha e nós tiramos muitos produtos da mandioca”, diz. Está nos planos de Ricardo expandir a pesquisa para outros Estados.
“A base da nossa alimentação é o milho e a mandioca, então nada mais justo que fazer esse mapeamento em todo o Brasil. Através da experiência profissional e de vida, percebi que o caminho da mandioca começa na Bacia Amazônica e desce para o litoral até São Paulo e o Paraná. Já no centro do Brasil, para o interior, os indígenas consumiam milho e seus derivados”, avalia.
A passagem de Ricardo pelo Amazonas está dividida em duas partes: a primeira, que começou em 25 de julho e vai até 4 de agosto, se chama Expedição Uarini-Tefé. A segunda, começa no próximo dia 5 de setembro, e se chama Expedição São Gabriel da Cachoeira.
“As expedições são feitas por conta própria, eu mesmo estou custeando as viagens e tudo o mais vendendo bens e penhorando joias. Mas estamos aceitando parcerias e patrocínio, inclusive estamos negociando com algumas entidades”, revela. Toda a viagem é registrada em fotos e vídeos que são publicados nas redes sociais e depois serão usados por Ricardo em sala de aula. Além disso, os registros vão servir como memória sobre o preparo da farinha de mandioca.
Ricardo explica que é importante que, no futuro, possamos ter uma ideia das modificações sofridas pelo processo de produção. “Antes os produtores usavam tipiti para espremer a massa da mandioca, hoje quase todo mundo usa a prensa. Ainda hoje usam o ventilador para limpar a farinha, mas no futuro esse equipamento pode ser substituído por outro”, diz.
Método
A parte principal do levantamento diz respeito aos conhecimentos usados para produzir a farinha. “Vamos as casas de farinha e entrevistamos todas as pessoas envolvidas no processo, desde a pessoa que faze a farinha até aquela que descasca a mandioca. Todos os envolvidos no processo”, revela Ricardo.
Para chegar até esses locais, o pesquisador vai no mercado principal da cidade, e conversa com os feirantes mais antigos que por sua vez apontam os fornecedores. Em Manaus ele fez isso na Feira da Manaus Moderna.
O passo seguinte será submeter as informações ao crivo da ciência. “A gente vai falando tudo o que a gente acha, mas quando fazemos a coleta de dados, através de uma metodologia, provamos que alguns se repetem e isso vira ciência”, explica. Ricardo também vai levar amostras de farinha para o laboratório.
“Vamos avaliar a gramatura, acidez, valor nutricional e outras coisas, mas a minha preocupação é com os fazeres e os saberes, o que se faz, como se faz e quem faz. Vamos registrar isso para que daqui a 40 anos nós possamos ver o que mudou”. Os primeiros resultados da pesquisa serão apresentados em agosto durante uma aula especial para alunos do Senac Amazonas.
Farinhas do Brasil
A primeira experiência de Ricardo em expedições gastronômicas aconteceu em 2014. Acompanhado de cinco chefs de cozinha de São Paulo, ele fez a Rota da Mandioca, no Pará. O interesse pelo tubérculo já o fez visitar os Estados do Mato Grosso, Pará, Roraima e agora, Amazonas.
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PESQUISA DA CNI MOSTRA QUE AS PERSPECTIVAS DOS BRASILEIROS EM RELAÇÃO À INFLAÇÃO E AO DESEMPREGO ESTÃO MENOS PESSIMISTAS. LEVANTAMENTO FOI FEITO COM 2.002 PESSOAS EM 142 MUNICÍPIOS
A confiança dos brasileiros ficou estável neste mês. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) ficou em 101,2 pontos em julho, 0,2% maior que o de junho e 3,4% acima do registrado em julho do ano passado, informa a pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 29 de julho, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Apesar da melhora, a confiança segue 7,2% abaixo da média histórica do índice”, diz a pesquisa.
O levantamento mostra ainda que as perspectivas em relação à inflação e ao desemprego para os próximos seis meses também se estabilizaram na comparação mensal, mas melhoraram em relação a julho de 2015. O indicador de expectativas sobre a inflação caiu 0,2% em relação a junho e cresceu 15,3% em relação a julho do ano passado.
O indicador de expectativa de desemprego aumentou 0,9% na comparação com junho e está 8,1% acima do de julho de 2015. Isso mostra que atualmente há um maior número de pessoas esperando a queda da inflação e do desemprego do que o registrado em julho do ano passado. Os indicadores de expectativas sobre a renda pessoal, compras de maior valor, endividamento e situação financeira tiveram pequenas variações em julho frente ao mês anterior.
O INEC é um indicador importante porque antecipa tendências de consumo. Quando o consumidor está confiante e mais otimista com a inflação, o emprego e a renda pessoal, fica mais propenso a comprar bens de maior valor. O aumento do consumo estimula a atividade econômica.
Esta edição do INEC, feita em parceria com o Ibope, ouviu 2.002 pessoas em 142 municípios, entre 14 e 18 de julho.
Apenas 25% dos micro e pequenos empresários pretendem contratar até o fim do ano, mostra levantamento do SPC Brasil e da CNDL
20% das micro e pequenas empresas demitiram algum funcionário no último mês e mais da metade está avessa a novas contratações. Para CNDL, recuperação do mercado de trabalho ainda será lenta
Uma sondagem realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que somente um em cada quatro (25,0%) micro e pequenos empresários que atuam no comércio e no segmento de serviços pretende fazer alguma contratação até o fim deste ano.
Com o mercado de trabalho enfraquecido, mais da metade (59,3%) desses empresários não têm a intenção de contratar novos funcionários, seja porque não se veem atualmente em condições financeiras para aumentar a folha de pagamento da empresa (35,8%) ou por estarem com mão de obra ociosa (12,1%), uma vez que a atividade da empresa diminui nos últimos meses.
O levantamento revela ainda que 20,5% das micro e pequenas fizeram pelo menos uma demissão no último mês de junho, sendo que para 9,1% o desligamento aconteceu por conta da queda do faturamento do negócio.
Outros 6,0% demitiram algum funcionário, mas contrataram outro para substituí-lo. Entre os que demitiram, a maioria (60,4%) desligou apenas um empregado.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a perspectiva é de que o quadro recessivo da economia se estabilize nos próximos meses, melhorando paulatinamente o ambiente no mercado de trabalho para novas contratações e menos demissões. “A piora no mercado de trabalho é resultado da recessão.
Com a expectativa de resolução da crise política e a retomada da agenda econômica, a confiança dos empresários e dos consumidores devem voltar a apesentar melhoras e o ciclo de queda nas vendas no varejo irá se atenuar, iniciando um período lento, mas de gradual melhora”, analisa Pinheiro.