Obra da Prefeitura se transforma em cratera gigante no bairro da Floresta
Os moradores dos bairros periféricos de Santarém, no oeste do Pará, estão largados à própria sorte. Além da falta de água constante, ruas esburacadas e esgotos a céu aberto são ameaças constantes à saúde da população.
“Já não sabemos o que fazer. À noite não podemos nem sair de nossas residências devido à escuridão. Nossa vizinha já deixou de ser atendida pelo Samu, pois a rua está completamente esburacada”, conta Ivete Sousa, moradora da rua Cristo Rei, bairro Diamantino.
As demandas da população não têm surtido efeito nem mesmo com manifestação organizada pelos moradores, que têm nos bloqueios das ruas, sua única forma de serem percebidos pelo Governo Municipal.
Foi o que aconteceu com os moradores do bairro da Floresta, que há sessenta dias realizaram um manifesto bloqueando a Avenida Moaçara, para cobrar da Prefeitura, a construção de uma ponte, bem como a melhoria da infraestrutura das ruas do bairro.
“Desde aquela manifestação eles prometeram realizar as obras no prazo de quinze dias. Passou um mês para eles aparecerem. Começaram um trabalho de remoção do material da ponte antiga, e abriram ainda mais o buraco dizendo que era para colocar as manilhas, para fazer um bueiro, sendo que nós reivindicamos uma ponte de concreto. Acontece que eles iniciaram a obra e logo em seguida abandonaram. Posteriormente eles despejaram umas manilhas, e passaram mais de quinze dias sem retomar à obra. Então, nós moradores estamos dando a obra, como abandonada pela Prefeitura, porque o Secretário de Infraestrutura não veio dar uma satisfação para os moradores. O que nós estamos querendo dizer, é que caso eles não retomem a obra de imediato, concluindo de vez, nós vamos realizar um novo manifesto, uma mobilização maior do que a anterior, interditando diversas ruas aqui do bairro da Floresta, para que a Prefeito venha concluir não só a ponte, como a infraestrutura da Rua Pau-Brasil. Nós moradores estamos revoltados com essa situação”, denuncia Romildo Gama, morador do bairro da Floresta.
Gama acrescenta que mesmo com a precária condição da antiga ponte, os moradores conseguiam pelo menos passar a pé. “Pouca coisa avançou, inclusive piorou, pois ficamos definitivamente sem acesso pela ponte. Aumentou a nossa dificuldade de mobilidade”, acrescenta.
MORADORES INTERDITARAM AVENIDA MOAÇARA: No dia 26 de julho deste ano, por volta de 4h, populares construíram barreiras para evitar o tráfego de veículos na Avenida Moaçara, próximo ao prédio da Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa). Na época, eles reivindicavam que a Prefeitura realizasse trabalhos para melhoria da infraestrutura do bairro da Floresta. O movimento também solicitava a construção de uma ponte e conclusão da construção da galeria de águas pluviais e iluminação pública. “Estamos fazendo esse movimento, porque nós estamos cansados de tantas promessas. Estamos reivindicando nossos direitos. Primeiramente sobre o acesso para entrar em nossas residências, principalmente os proprietários de veículos que não conseguem acesso, porque a ponte da Rua Pau-Brasil está tão quebrada que dificulta até a passagem a pé. Semana passada teve casos de várias pessoas que precisaram ser socorridas pelo Samu, mas a ambulância não conseguiu chegar próximo ao local devido à falta de acessos. Então, a gente quer uma solução. Nosso bairro está abandonado”, denunciou na época Geovan, morador do bairro. De acordo com as lideranças, os moradores estavam cansados de somente ouvir promessas, e alegavam que somente iriam desobstruir a via, com a presença do Prefeito, bem como tivesse início imediato dos trabalhos de recuperação de infraestrutura no bairro.
A Avenida Moaçara é uma das mais importantes vias da cidade, possibilitando o deslocamento da Avenida Cuiabá, no bairro da Floresta, até a Travessa Dom Frederico Costa, no bairro da Prainha. O trânsito foi liberado somente após o Chefe de Gabinete do Prefeito ter se comprometido em realizar os serviços demandados pelos moradores.
OUTRA CRATERA GIGANTE NO AEROPORTO VELHO: “A Prefeitura abandonou nossa rua, apesar de ser uma das mais importantes vias desta parte do bairro, pois é rota para chegar até o bairro da Floresta. Já perdi a conta de quanto eu já gastei comprando carradas de areia para não deixar a cratera chegar à minha residência”.
O relato acima é do comerciante Jonas, morador da Travessa Couto Magalhães, no bairro do Aeroporto Velho. Frequentemente, Jonas é visto trabalhando na via, espalhando aterro que compra para evitar que o enorme buraco, que toma conta da travessa, atinja sua residência.
Populares revoltam-se com o descaso, principalmente porque, além de ser uma via de alternativa importante para a mobilidade das pessoas que têm como destino os bairros da grande área da Nova República, ela está localizada bem ao lado da suntuosa obra do Residencial Moaçara, do Programa Minha Casa Minha Vida.
“O que é mais engraçado, é que tem uma obra sendo executada bem aqui do lado. A rua também é caminho para os veículos da construtora. O que custava eles trazerem umas máquinas aqui para arrumar a rua?”, questiona uma moradora.
De acordo com os moradores, o perigo é constante também para os pedestres, principalmente para os idosos e crianças que precisam da via para se deslocar nas tarefas do dia a dia, como ir à escola ou à unidade de saúde do bairro. Eles vêem os veículos avançarem em sua direção, pois o espaço para passagem está cada vez mais estreito. As lideranças do bairro do Aeroporto Velho querem que a Prefeitura faça com urgência, uma obra para resolver a situação da rua. Antes que os problemas possam ganhar proporções maiores.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto