Lava Jato da Educação assusta e empresas podem ser penalizadas na Bolsa

Na última semana, as ações das educacionais desabaram na Bolsa com a declaração do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. O ministro afirmou que uma investigação feita pelo MEC dará início à Lava Jato da Educação. A iniciativa irá apurar indícios de corrupção, desvios e outros tipos de atos lesivos à administração pública no âmbito do MEC e de suas autarquias nas gestões anteriores.

Com o anúncio, a Ser Educacional caiu 10,3% na Bolsa, a Kroton 8,3%, a Estácio 6,5% e a Anima 6%. A notícia inicial sobre as investigações impactou todo o setor educacional de uma maneira geral, mas conforme os desdobramentos forem acontecendo é esperado que as ações das empresas que serão citadas na Lava Jato da Educação se desvalorizem ainda mais.

Durante anos, as educacionais foram beneficiadas pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e em alguns casos, os usuários do programa respondiam por quase metade da base de alunos.

Mariana Ferraz, analista de Renda Variável da Eleven Research, explica que os alunos que ingressavam por meio do Fies pagavam mensalidades mais altas que aqueles que não eram beneficiados pelo programa. “Era uma forma de captação de alunos. ”

Quem ingressa na graduação por meio do Fies pagava depois de formado. O problema, acrescenta a analista, é que o aluno percebia o valor total da dívida quando já tinha encerrado o curso.

“No final, a dívida era muito maior. O rombo do Fies vem daí. As universidades não faziam uma cobrança efetiva dos inadimplentes e o governo já tinha pago todo o valor. ”

Para Carlos Daltozo, analista-chefe de renda variável na Eleven Financial, a forma como o programa de financiamento estudantil foi estruturado deixava brechas para possíveis fraudes.  “O que sabemos até agora é que o passado será investigado. É possível que tenha empresa que se beneficiou em excesso do Fies. ”

Com a mudança de legislação e o endurecimento das regras do Fies, as universidades mudaram de estratégia. Muitas passaram a oferecer financiamento próprio e até outros tipos de crédito em parceria com bancos e outras instituições financeiras.

Para os analistas, a decisão é um risco de longo prazo porque mesmo que as provisões estimadas pelas companhias sejam altas, a preocupação com o crescimento potencial da evasão advinda das disputas por preço pode afetar as companhias que assumirem papel de “cobrador” de dívida de seus alunos. “Isso pode arranhar a imagem das universidades.”

Fonte: Exame.com

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